De acordo com análise da jornalista Maris Cristina Fernandes, do Valor Econômico, há uma aliança em curso para derrubar ou, no mínimo, adiar a votação da medida provisória (MP) da Eletrobras prevista para a tarde desta quarta-feira (16/06). O movimento foi favorecido pela pressão do setor produtivo contra o aumento de tarifas por vir, a insegurança decorrente da nova ordem no setor elétrico às vésperas de um racionamento de energia e o azedume do Senado com as declarações do relator da medida na Câmara, deputado Elmar Nascimento (DEM-BA), de que restituiria todos os “jabutis” (emendas parlamentares) que os senadores viessem a suprimir.
De acordo com a análise, a reação é articulada por uma aliança improvável de senadores de esquerda e independentes, capitaneada pelos líderes da minoria, Jean Paul Prates (PT-RN), e da bancada feminina, Simone Tebet (MDB-MS), com a adesão de senadores liberais do Podemos como Oriovisto Guimarães (PR) e Jorge Kajuru (GO) , além de emedebistas como o senador Veneziano Rego (PB) ou senadores da base do governo, como Carlos Portinho (PL-RJ).
“O texto passou na Câmara porque a opinião pública e o setor produtivo estavam desatentos. Agora a reação cresceu e o Senado tem a oportunidade de mostrar que não vai mais pactuar com os lobbies de interesses privados”, diz Prates. A articulação começou pela redação de um substitutivo, que seria apresentado em plenário para tomar o lugar da MP na expectativa de convencer o governo de que o texto em tramitação não guarda nenhuma relação com seus propósitos originais.
Planalto e aliados no Congresso querem aprovar MP da Eletrobras antes de editar MP do racionamento de energia
A Folha de S. Paulo informa que o presidente Jair Bolsonaro avalia adiar a assinatura de uma medida provisória (MP) que dá poderes para um comitê interministerial interferir na gestão de hidrelétricas e cria as bases para um eventual racionamento de energia. Para aliados próximos a Bolsonaro a iniciativa pode gerar desgaste político e até comprometer a privatização da Eletrobras.
Com a pior seca dos últimos 91 anos e os reservatórios nos níveis mais baixos das últimas décadas, o Ministério de Minas e Energia (MME) prepara uma MP para pavimentar o caminho de medidas emergenciais que podem ser necessárias para um cenário de agravamento da crise hidrológica ainda no segundo semestre deste ano. Entre as ações está um possível programa de racionalização compulsória do consumo de energia elétrica.
Energia mais cara coloca pressão sobre Copom por mais aumentos de juros
A crise de abastecimento de energia e seus impactos sobre a inflação estão entre os fatores que devem levar o Banco Central a sinalizar nesta quarta-feira (16/06) um aumento mais forte da taxa básica de juros neste ano, informa a Folha de S. Paulo.
Somente a mudança de patamar da bandeira tarifária para vermelha 1 em maio já representou um aumento de 6,5% na conta de luz. A alteração para vermelha 2 em junho e a correção dessa taxa extra em cerca de 20% a partir de julho, para contemplar o uso maior de termelétricas, deve representar alta de mais 5% para os consumidores, segundo cálculos da Fundação Getulio Vargas.
Preço da energia preocupa a construção civil, que já sofre alta dos insumos
O aumento de mais de 20% na bandeira tarifária vermelha da conta de luz, informado ontem (15/06) pelo diretor-geral da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), André Pepitone, preocupa o setor da construção civil, segundo indica reportagem da Folha de S. Paulo.
O principal impacto deve vir por meio dos materiais utilizados nas obras. Alguns deles, como o alumínio, demandam alto consumo de eletricidade durante a fabricação e esse custo deverá chegar aos canteiros de obras. O vice-presidente de tecnologia e sustentabilidade do Secovi-SP (sindicato da habitação), Carlos Borges, enfatiza que o Índice Nacional da Construção Civil chegou a 15,25% no acumulado dos últimos 12 meses, e alguns materiais subiram muito acima disso.
Preço de veículos deve subir, com alta de energia
A alta nos custos da energia gerada pelo acionamento de usinas térmicas é mais uma má notícia para as montadoras, que enfrentam problemas com a falta de peças e os seguidos reajustes nos preços dos insumos, ressalta a Folha de S. Paulo.
“Nosso setor já vem sofrendo há mais de um ano o impacto dos aumentos de custos de insumos como aço, alumínio, plásticos, fretes, além do câmbio e dos juros. Vemos o possível aumento do custo de energia com preocupação”, diz Luiz Carlos Moraes, presidente da Anfavea (associação das montadoras).
As fabricantes ainda irão calcular o impacto do aumento da energia nos custos de produção, mas são aguardados repasses para os preços dos veículos.
Traders esperam petróleo a US$ 100 o barril
O Valor Econômico informa que os principais traders de commodities do mundo estão prevendo um retorno do preço do petróleo a US$ 100 o barril, uma vez que os investimentos em novos suprimentos desaceleram antes da demanda atingir um pico e antes que as alternativas ecológicas possam preencher esse espaço.
Executivos da Vitol, Glencore e Trafigura, além do Goldman Sachs, disseram ontem (15/06) que o petróleo a US$ 100 é uma possibilidade real, com os preços já atingindo o maior nível em dois anos nesta semana, quando o petróleo do tipo Brent superou a marca de US$ 73 o barril.
PANORAMA DA MÍDIA
Conforme análise do Valor Econômico, dois eventos dominam a pauta desta quarta-feira (16/06): as decisões dos bancos centrais dos Estados Unidos e do Brasil. Especialmente estas reuniões trazem muita cautela e elevam as expectativas dos investidores, já que podem trazer ou ao menos sinalizar novidades em termos de política monetária.
Ainda hoje (16/06), o Federal Reserve (Fed, banco central americano) divulgará suas novas projeções trimestrais para o produto interno bruto (PIB), desemprego e a taxa de juros – e isso define a agenda da instituição. Revisões para cima são esperadas para este ano em relação ao PIB e a inflação.
Depois do BC americano, a partir das 18h30, sai a decisão do Comitê de Política Monetária (Copom), que deve elevar a taxa Selic em 0,75 ponto percentual, para 4,25% ao ano. Os agentes aguardam com expectativa o comunicado para ver se haverá mudança na expressão “ajuste parcial de juros” usada pelo comitê – o que sinaliza mais tempo de política monetária estimulativa. Mas apostas de última hora colocaram no jogo a possibilidade de uma surpresa altista.
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A cotação do dólar ficou abaixo de R$ 5 hoje (16/06), pela primeira vez desde 10 de junho do ano passado. Na mínima, o dólar à vista caiu 0,90%, para R$ 4,9976, e às 12h57 era cotado a R$ 5,0011, com queda de 0,83%. (O Estado de S. Paulo)
A entrada de capital estrangeiro no mercado local e as vendas de exportadores puxam a queda. O fluxo cambial positivo para o Brasil é resultado da perspectiva de manutenção de juros pelo Federal Reserve (Fed, o banco central americano) nesta tarde, enquanto, por aqui, as apostas majoritárias são de que o Comitê de Política Monetária (Copom)do Banco Central vai aumentar a taxa Selic em pelo menos 0,75 ponto, para 4,25% ao ano, embora parte do mercado aposte em 1 ponto.