O Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) informou que um novo apagão atingiu todo o estado do Amapá na noite de ontem (17/11). As causas do blecaute ainda não foram divulgadas.
É o segundo caso no mês. Há duas semanas, no dia 3, um incêndio na subestação Macapá, da concessionária Linhas de Macapá Transmissora de Energia (LMTE), deixou 14 dos 16 municípios do Amapá no escuro por quase quatro dias. O serviço não voltou 100% desde esse dia e o abastecimento ocorria por rodízio.
A notícia do novo apagão é destaque nos jornais desta quarta-feira. A reportagem do Estado de S. Paulo procurou o Ministério de Minas e Energia (MME), mas a pasta não se pronunciou. O mesmo ocorreu com a Companhia de Eletricidade do Amapá (CEA). Em nota, a LMTE informou que o apagão não teve origem em sua linha de transmissão e não há nenhum problema no transformador instalado na subestação da concessionária, que continua disponível e operando desde 7 de novembro.
Em suas redes sociais, o senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP) informou que não há energia em toda Macapá, capital do estado, e nos municípios de Santana e Mazagão. Os serviços de telefonia móvel também estão prejudicados nessas localidades. Não é possível fazer ou receber chamadas telefônicas.
O Valor Econômico informa que após a primeira análise do novo blecaute no Amapá apontar para a instabilidade de carga da usina Coaracy Nunes, técnicos do setor começam a relacionar o corte no fornecimento a uma falha na subestação de energia Santa Rita, da distribuidora local — a Companhia de Eletricidade do Amapá (CEA).
Amapá, a ponta do iceberg
O Valor Econômico traz hoje (18/11) um artigo assinado por Roberto D’Araújo, diretor do Instituto de Desenvolvimento Energético do Setor Elétrico, com uma análise sobre as condições de distribuição de energia no Amapá. Para ele, com certeza houve defeitos de projeto (de distribuição de energia), tais como aterramento insuficiente, disjuntores incorretamente ajustados e buchas de má qualidade. Também houve falha de manutenção e ausência de equipamentos de redundância, como transformadores e equipes extras.
No entanto, segundo D’Araujo, “o que o iceberg submerso não mostra é a fragmentação generalizada que tomou conta do setor elétrico brasileiro desde a reforma mercantil de 1995. Essa segmentação ocorre nos circuitos físicos e na responsabilidade dos órgãos que atuam no setor. Além da Aneel, que mostrou não ter um corpo técnico para fiscalizar um sistema com mais de 140 mil km de extensão, o país tem o Operador Nacional do Sistema, a Empresa de Pesquisa Energética e a Câmara de Comercialização de Energia. Todos cuidam do mesmo sistema físico sob diferentes óticas e, consequentemente, deveriam ter uma coordenação exemplar”.
Ainda segundo o articulista, “esse caso é apenas uma demonstração da fragmentação de responsabilidades geradas pela estrutura adotada no Brasil. No trajeto de 1995 até agora já ocorreram inúmeros conflitos de critérios entre essas instituições. Portanto, não é surpresa que um órgão reconheça antecipadamente um problema como o do Amapá e nenhuma medida concreta seja tomada”.
Para D’Araújo, “o cenário futuro é dramático, pois a ameaça de perder a Eletrobras, cuja subsidiária Eletronorte é a salvação do Amapá, pode nos deixar sem saída para outras surpresas previsíveis. Só resta esperar que a tragédia do Amapá nos ajude a perceber o fragmentado iceberg submerso que nos ameaça”.
Aprovada resolução do CNPE que autoriza uso de insumo importado para o biodiesel
O presidente Jair Bolsonaro aprovou resolução do Conselho Nacional de Política Energética (CNPE) que autoriza o uso de matéria-prima importada para a produção de biodiesel. Segundo informou o Palácio do Planalto, a resolução será publicada no Diário Oficial da União e vai estabelecer como interesse da Política Energética Nacional a utilização de matéria-prima importada para a produção do biodiesel.
“A medida é uma resposta do governo federal a um problema enfrentado durante o período de pandemia da covid-19 e alta nas exportações de soja. O resultado dessa combinação foi de queda na disponibilidade do óleo de soja (principal insumo para produção de biodiesel) no mercado interno, causando desequilíbrio entre oferta e demanda”, diz a nota divulgada ontem (17/11) pela assessoria de comunicação da Secretaria Geral da Presidência da República. (IstoÉ online)
Conta de luz de consumidores da CEEE vai ficar até 10,54% mais cara no dia 22
O Jornal do Comércio, do Rio Grande do Sul, informa que a conta de luz de clientes da Companhia Estadual de Distribuição de Energia Elétrica (CEEE-D) vai subir este mês. A Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) aprovou ontem (17/11), o reajuste tarifário anual, que passa a valer no próximo dia 22.
A distribuidora atende 1,762 milhão de unidades consumidoras localizadas em 72 municípios, incluindo Porto Alegre. Para consumidores residenciais da categoria B1 o aumento será de 6,64%. Para a classe de consumo de baixa tensão, a correção será de 6,79% e, para alta tensão (indústrias), a elevação chegará a 10,54%.
De acordo com a reportagem, o reajuste foi impactado, em especial, pelos custos com distribuição, transmissão e aquisição de energia, com destaque para a compra de energia da Usina de Itaipu, precificada em dólar.
PANORAMA DA MÍDIA
“Com alta nos casos de covid no Brasil, especialistas já discutem retomada de medidas de isolamento” – está é a manchete da edição de hoje (18/11) do jornal O Globo. Estados de todas as regiões do país, como Rio de Janeiro, São Paulo, Mato Grosso, Acre e Paraná, observam as médias móveis de ocorrências e mortes até triplicarem nos últimos dias. Especialistas em saúde pública alertam que municípios em condições mais críticas devem reforçar medidas de isolamento social – uma iniciativa que, reconhecem, poderá ser recebida com resistência pela população, após meses de quarentena e à beira das festas de fim de ano.
*****
O Valor Econômico traz como principal destaque da edição de hoje a inclusão racial nas empresas. Empresas multinacionais, em sua maioria, e algumas brasileiras, integram um movimento que vem ganhando musculatura. Estudo inédito no país mapeou ações afirmativas de 23 companhias participantes da Iniciativa Empresarial pela Igualdade Racial, que lança hoje o Índice de Inclusão Racial Empresarial (IIRE), desenvolvido com o DataZumbi, instituto de pesquisas da Universidade Zumbi dos Palmares. Nessas 23 empresas, 29% dos profissionais são negros, sendo 6,6% em cargos de diretoria e conselho.
*****
Os jornais O Estado de S. Paulo e Folha de S. Paulo destacam que o presidente Jair Bolsonaro disse ontem (17/11) que vai revelar “nos próximos dias” a lista dos países que compram madeira ilegal da Amazônia. Em discurso na cúpula do Brics, bloco formado por Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul, Bolsonaro afirmou que o país sofre com “injustificáveis ataques” em relação à região Amazônica e algumas nações que criticam importam madeira brasileira ilegalmente da Amazônia.
Países como França, Bélgica, Inglaterra, Portugal, Dinamarca e Itália foram citados, na semana passada, por Bolsonaro como supostos “receptadores” de madeira ilegal do Brasil, com base em rastreamento da Polícia Federal. A maior parte da madeira que deixa o Brasil é utilizada no exterior pela indústria moveleira, além de construção de casas e assoalhos.