A Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) anunciou ontem à tarde (26/04) que a bandeira tarifária de maio será amarela, o que irá gerar um custo extra de R$ 1 a cada 100 quilowatts-hora, tornando a conta de luz mais cara para o consumidor como forma de sinalizar que a geração de energia será menor. Maio é o mês do início da estação seca nas principais bacias hidrográficas do Sistema Interligado Nacional (SIN).
Em seu canal de internet, a Aneel explica que, “embora a previsão hidrológica para o mês indique tendência de vazões próximas à média histórica, o patamar da produção hidrelétrica já reflete a diminuição das chuvas, o que eleva o risco hidrológico (GSF) e motiva o acionamento da bandeira amarela”. De janeiro a abril, a bandeira tarifária foi verde, sem custos adicionais para o consumidor.
Após o anúncio da nova bandeira feito pela Aneel, a agência de notícias Reuters entrevistou especialistas do setor. Para eles, o cenário ainda deverá piorar, com a possibilidade de meses seguidos de bandeira vermelha, com custo mais elevado a partir de junho.
“Começaram as ‘bandeiradas’. Daqui para frente, em junho, julho, agosto, setembro, temos muito mais chances de ter bandeira vermelha”, disse o presidente da comercializadora Comerc Energia, Cristopher Vlavianos. A expectativa da Comerc é de mais de 60% de chances de bandeira tarifária vermelha 2 entre junho e agosto.
Já a Esfera Energia, que também atua no mercado livre, projeta um cenário ainda mais desfavorável para os consumidores, com a bandeira mais cara acionada até outubro e um alívio apenas parcial em novembro, com bandeira vermelha no primeiro nível.
Em 2018, a bandeira tarifária foi verde até abril, como em 2019, tendo mudado para amarelo em maio. Entre junho e outubro, o mecanismo ficou no patamar vermelho segundo nível, para voltar em novembro à cor amarela.
Para o sócio da comercializadora Ecom Energia, Paulo Toledo, o cenário deverá se repetir neste ano. “A princípio, está se sinalizando algo similar. Até pela tendência do período seco, que está entrando agora, devemos ter bandeiras que vão gerar custo adicional para o consumidor, a não ser que tenhamos uma reversão (no clima), o que neste momento não aparece nas previsões.”
A matéria da agência Reuters foi reproduzida ontem à noite por diversos canais de internet, como os portais da revista Veja e da Folha de S. Paulo, e hoje, pelo Diário do Comércio, de Minas Gerais.
Eólica deve ter expansão maior no mercado livre
A fonte eólica encontrou mais espaço para expansão no mercado livre de energia, no ano passado, do que no regulado. De acordo com a Associação Brasileira de Energia Eólica (Abeeólica), cerca de 3,3 GW de novos projetos foram contratados em 2018, sendo que destes, mais de 2 GW foram para o mercado livre. A associação enxerga o mesmo resultado para 2019.
“Em 2019 estamos indo pelo mesmo caminho”, diz a presidente executiva da associação, Elbia Gannoum. Para ela, essa movimentação para o ambiente livre está alinhada com a modernização do setor elétrico, discussão que foi retomada pelo Ministério de Minas e Energia (MME) em abril e cuja maior motivação é justamente a abertura do mercado. A reportagem é do site Brasil Energia.
Petrobras quer vender oito refinarias
A Petrobras informou ontem (26/04) que pretende vender oito refinarias que totalizam capacidade de refino de 1,1 milhão de barris por dia. Esse volume corresponde a cerca da metade da capacidade da estatal. Além disso, a empresa pretende se desfazer da rede de postos no Uruguai e estuda fazer uma venda adicional de participação na BR Distribuidora. Hoje, a Petrobras detém 71% do capital da subsidiária, dona da maior rede de postos no país.
A decisão foi tomada pelo seu conselho de administração. O anúncio foi feito um dia depois de a empresa aprovar em assembleia mudança de regras que permite agilizar a venda de subsidiárias, que agora não precisam mais do aval dos acionistas.
Estão nos planos da empresa a venda de refinarias como a Abreu e Lima (Rnest), em Pernambuco; Landulpho Alves (Riam), na Bahia; Gabriel Passos (Regap), em Minas Gerais; Presidente Getúlio Vargas (Repar), no Paraná; Alberto Pasqualini (Refap), no Rio Grande do Sul; e Isaac Sabbá (Reman), em Manaus; além da Unidade de Industrialização do Xisto (Six), no Paraná; e Lubrificantes e Derivados de Petróleo do Nordeste (Lubnor), no Ceará. As informações foram publicadas ontem à noite pelo portal de notícias do jornal O Globo e hoje, em sua edição impressa.
PANORAMA DA MÍDIA
Dos 49 deputados, integrantes da Comissão Especial que analisará a reforma da Previdência na Câmara, 32 dizem ser favoráveis às mudanças nas regras de aposentadoria no país. O número garantiria a aprovação da proposta no colegiado, já que são necessários 25 votos. Porém, 16 desses parlamentares condicionam a aprovação a mudanças no texto, segundo levantamento feito pelo jornal O Estado de S. Paulo e que é o destaque da edição de hoje (27/04).
De acordo com o levantamento, as resistências incluem pontos que o próprio governo já admitiu que pode flexibilizar, como alterações na aposentadoria rural e no Benefício de Prestação Continuada (BPC, o auxílio a idosos miseráveis). Há, também, deputados que se opõem à retirada da Constituição das regras de acesso aos benefícios e à introdução do regime de capitalização, no qual a aposentadoria é o resultado do que cada trabalhador poupou individualmente ao longo da vida.
A Folha de S. Paulo traz, como destaque, a entrevista exclusiva concedida ontem pelo ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva a dois jornais que conseguiram na Justiça o direito de entrevistá-lo: a própria Folha e o El País. Foram duas horas e dez minutos de conversa, em que Lula falou da vida na prisão, da morte do neto, do governo de Jair Bolsonaro (PSL), das acusações de corrupção que sofre e da possibilidade de nunca mais sair da prisão. Lula recebeu os dois veículos em uma sala preparada pela Polícia Federal na sede do órgão em Curitiba, onde ele está preso desde abril do ano passado.
O governo recua e não vai mais analisar propagandas. Esta é a manchete de hoje do jornal O Globo. Um dia após o jornal revelar a interferência do presidente Jair Bolsonaro na área de marketing do Banco do Brasil (BB), ao ordenar a retirada de um comercial do ar, o Palácio do Planalto recuou e, ontem à noite, reconheceu que a medida desrespeita a Lei das Estatais, que protege a independência de empresas como o BB.
O chefe da Secretaria de Governo, a quem está subordinada a área de comunicação da Presidência, ministro Carlos Alberto dos Santos Cruz, disse ao Globo que o veto ao vídeo do BB está suspenso, assim como também era inválida a determinação do setor para que toda a publicidade estatal fosse submetida à análise prévia do Planalto.