O presidente Jair Bolsonaro pediu ontem (26/08) para a população apagar um ponto de luz em casa para economizar energia. Ele disse que hidrelétricas podem parar de funcionar por causa da crise hídrica. O apelo do presidente foi feito em transmissão nas redes sociais.
“Fazer um apelo para você que está em casa. Tenho certeza de que você pode apagar um ponto de luz na sua casa agora. Peço esse favor a você, apague um ponto de luz agora”, disse o presidente. “Ajuda, assim, a economizar energia e água das hidrelétricas. E em grande parte dessas represas já estamos na casa de 10%, 15% de armazenamento. Estamos no limite do limite. Algumas vão deixar de funcionar se essa crise hidrológica continuar existindo”, afirmou. (Folha de S. Paulo)
Furnas registra o menor nível de agosto em 20 anos
A Represa de Furnas atingiu o menor volume útil para um mês de agosto dos últimos 20 anos – 18,02%, informa o jornal Estado de Minas. O reservatório é responsável por abastecer a hidrelétrica de mesmo nome, que fica em São José da Barra, no Sul de Minas, e integra o subsistema Sudeste/Centro-Oeste, responsável por 70% de toda a energia do país.
O volume baixo já era esperado pela Operador Nacional do Sistema (ONS), que prevê um cenário ainda pior para os próximos meses. O sistema, hoje com volume útil de 22,53%, pode chegar a 10,3% em novembro, ou até menos.
Crise hídrica: valor da bandeira tarifária que incide sobre a conta de luz pode mais que dobrar
O ministro da Economia, Paulo Guedes, admitiu ontem (26/08) que o valor da bandeira tarifária vai aumentar. Especialistas ouvidos pelo jornal O Globo estimam que o valor cobrado a cada 100 hwz consumidos, aumentando o valor final da conta de luz, pode mais do que dobrar.
Clarice Ferraz, diretora do Instituto Ilumina, diz, com base em dados da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), que o preço do maior patamar da bandeira vermelha deveria passar dos atuais R$ 9,49 para R$ 25. “Como esse valor é muito elevado, está se falando em um aumento que faça a bandeira alcançar entre R$15 e R$20”, afirma.
Para Eduardo Faria, responsável pelas áreas de regulação da Mercurio Trading, o valor a ser definido para o patamar 2 da bandeira vermelha deve durar, ao menos, até dezembro. “O valor vai depender dos custos adicionais com a maior geração térmica e encargos, além dos custos das distribuidoras que já foram cobertos com a bandeira vermelha vigente.”
Na opinião de especialistas ouvidos pela reportagem, as medidas já adotadas pelo governo para ajudar na redução do consumo de energia podem trazer reflexos apenas a médio e longo prazos. “A redução do consumo pode ajudar a reduzir o impacto sobre a conta das bandeiras tarifárias a médio prazo, pois reduziria a necessidade do uso das usinas térmicas e das importações de energia. Por enquanto, não traz alívio tarifário, pois estamos trabalhando com gestão de déficit de energia”, explica Clarice Ferraz.
Risco de interferência nos preços dificulta privatização de refinarias
O Valor Econômico traz, na edição desta sexta-feira (27/08), uma análise a respeito das oportunidades e desafios para a venda de refinarias da Petrobras. Ao fracassar na tentativa de vender a Rnest (PE), a Petrobras sofreu o segundo revés de seu programa de desinvestimentos do refino, explica a reportagem.
A falta de interessados pelo ativo se soma ao insucesso na alienação da Repar (PR), pela qual a estatal recebeu propostas aquém do esperado. Segundo especialistas, o crescimento do risco de uma interferência nos preços dos combustíveis, à medida que as eleições de 2022 se aproximam, é um dos motivos – mas não o único – que ajudam a explicar a dificuldade da companhia de se desfazer de duas das suas principais refinarias à venda.
Fatores como a compressão das margens no mercado global, incertezas ligadas à transição energética e as instabilidades provocadas pela revisão do marco regulatório do mercado de combustíveis no Brasil também pesam na equação. No caso específico da Rnest, a necessidade de investimentos adicionais para concluir a refinaria também pode ter influenciado.
PANORAMA DA MÍDIA
Um atentado coordenado, com duas explosões, deixou dezenas de mortos próximo a um dos portões do aeroporto internacional de Cabul, capital do Afeganistão, no início da noite de ontem (27/08), pelo horário local – manhã no Brasil. A notícia é o principal destaque de hoje na mídia.
O atentado aconteceu horas depois de diversos países ocidentais emitirem alertas para que civis deixassem o local. Segundo o Pentágono, as explosões teriam sido causadas por homens-bomba pertencentes ao braço afegão do Estado Islâmico, que reivindicou o ataque. Conhecido pela sigla em inglês Isis-K, o grupo terrorista é um inimigo comum dos Estados Unidos e do Talibã. (O Globo)
O atentado provocou a maior quantidade de baixa dos Estados Unidos no Afeganistão desde a queda de um helicóptero em 2011, quando 38 morreram – 31 militares norte-americanos. Ontem (26/08), pelo menos 60 afegão e 13 militares americanos morreram. (O Estado de S. Paulo)
Os ataques não farão os EUA reverem os planos de retirar suas tropas do Afeganistão, disse o presidente Joe Biden. O democrata lamentou as mortes e prometeu vingança contra os autores da ação, mas reafirmou que considera ter tomado a decisão correta sobre encerrar a operação no país, dizendo que isso evitará a perda de mais vidas americanas. “Não vamos perdoar, não vamos esquecer. Vamos caçar vocês e fazê-los pagar”, afirmou Biden, em pronunciamento na Casa Branca. (Folha de S. Paulo)
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Gestores e economistas expressaram, ontem (26/08), a sua preocupação com as incertezas fiscais e políticas do país e o impacto da crise hídrica, uma combinação que reduz a previsibilidade na economia e afeta as perspectivas de crescimento, especialmente para 2022. Eles participaram de seminário organizado pelo Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getúlio Vargas (Ibre-FGV) e pelo Valor Econômico.