O Valor Econômico informa que está praticamente fechado no governo o programa de incentivos para a economia voluntária de energia por consumidores do mercado regulado (clientes das distribuidoras), como residências e pequeno comércio. Ganhará desconto, nas contas de luz, quem diminuir o consumo em pelo menos 10% na comparação com igual período do ano passado.
O bônus na tarifa deve valer até uma redução de 20%, ou seja, deixaria de ter efetividade para economia acima desse patamar. O valor exato do desconto ainda passa por refinamento. Até sexta-feira (27/08), o governo trabalhava com a perspectiva de um bônus de R$ 1 por cada kilowatt-hora (kWh) do volume de energia acima da meta de 10%. No entanto, durante o fim de semana autoridades do setor elétrico e integrantes da equipe econômica passaram a avaliar que esse percentual seria oneroso demais ao sistema. Por isso, o valor final deverá ter um ajuste para baixo.
Adesão a plano de redução de energia é incerta
Reportagem do Valor Econômico ressalta que o programa para incentivar indústrias a reduzirem o consumo de energia elétrica, aposta do governo para afastar o risco de apagões, esbarra na retomada da economia. Companhias dos setores de cerâmica, vidro, papel e máquinas e equipamentos dizem não ter condições de aderir à iniciativa, seja por já operarem no limite, seja pelos turnos de trabalho, que mudaram desde o início da pandemia.
O atraso na conceituação do programa e indefinições sobre a implantação completam o cenário mais desfavorável ao objetivo do governo. Por outro lado, empresas eletrointensivas, como ArcelorMittal, Vale e Solvay, podem participar, mas esperam a regulamentação do programa, que deve sair hoje. Detalhes técnicos são considerados cruciais para a decisão.
Furnas pode decidir racionamento, diz Keelman, ex-presidente da Aneel e ANA
Em entrevista ao jornal O Globo, o engenheiro, hidrólogo e professor Jerson Kelman, um dos responsáveis pela investigação das causas da crise de energia em 2001, afirma que o governo precisa rever a restrição do lago de Furnas (MG), sob o risco de ser necessário decretar novo racionamento de eletricidade. Kelman foi presidente da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) e da Agência Nacional de Águas (ANA).
Atualmente, a represa não pode ter um nível de água abaixo de 15%. Isso reduz a geração de energia na hidrelétrica e também a água que desce na cascata de usinas da Bacia do Rio Paraná, de Furnas a Itaipu. Cada metro cúbico de água liberado do reservatório de Furnas produz 1,6 quilowatt-hora de eletricidade na cascata de usinas.
Negócios com derivativos já equivalem a 1,3 TWh
No dia de 18 de janeiro de 2021 foi realizado o primeiro pregão de negociação de derivativos de energia no Brasil, meses depois de o Balcão Brasileiro de Comercialização de Energia (BBCE) receber autorização da Comissão de Valores Mobiliários (CVM) para atuar como administrador de balcão organizado. Desde então, já foram 1,3 TWh negociados na plataforma, conforme mostra reportagem publicada na edição de hoje (30/08) do Valor Econômico.
“É um mercado incipiente, mas com muito potencial de crescimento”, resume o presidente do BBCE, Carlos Ratto. A reportagem explica que os derivativos de energia estão primordialmente relacionados à busca por hedge (proteção) contra a volatilidade dos preços do insumo. Não à toa, o modelo se assemelha bastante a uma operação de hedge cambial. O preço de liquidação das diferenças (PLD), referência para a precificação da energia e um indicador bastante volátil, é também o principal referencial para a maioria dos contratos de derivativos.
Os derivativos de energia podem beneficiar geradores e consumidoras do mercado livre que buscam proteção em seus contratos de compra e venda – nos derivativos oferecidos pela BBCE (contratos a termo) a liquidação é feita pela diferença entre o preço negociado e o valor de referência da energia na data de vencimento. “No vencimento, é comparado o preço negociado com o preço de referência naquela data e o consumidor paga ou recebe a diferença”, explica Roberto Simões, diretor de atacado e tesouraria do BMG.
CGT Eletrosul e Defensoria discutem acordo para Candiota e São Jerônimo
O presidente da CGT Eletrosul, Antonio Krieger, recebeu representantes da Defensoria Pública do Estado do Rio Grande do Sul para tratar de questões relacionadas ao processo de alienação de imóveis de propriedade da companhia, nos municípios de Candiota e de São Jerônimo. Durante a reunião, na sede da empresa em Florianópolis (SC), foi iniciada a discussão sobre a possibilidade de um acordo extrajudicial para a resolução do impasse.
A Defensoria Pública iniciou em julho um movimento para assegurar moradia a cerca de 1,5 mil pessoas que residem em dois bairros localizados nas imediações da Usina de Candiota alienação dos imóveis residenciais, na região sul do estado. As famílias vivem há décadas nos dois locais (Vilas Operária e Residencial), algumas delas, inclusive, há mais de 60 anos. A CGT Eletrosul, que é subsidiária da Eletrobras, afirmou que a alienação de imóveis residenciais propriedade da empresa, localizados em Candiota, trata-se de uma medida “necessária para a segurança jurídica tanto da companhia como dos atuais ocupantes”. (Jornal do Comércio)
PANORAMA DA MÍDIA
Consolidação de petroquímicas atrai estrangeiros – essa é a manchete da edição de hoje (30/08) do Valor Econômico. A reportagem ressalta que a indústria petroquímica brasileira passa por novo ciclo de consolidação e, diferentemente de boa parte de outros setores, deve atrair capital estrangeiro. O movimento de “desnacionalização” reflete problemas estruturais que minaram a competitividade do setor e as dificuldades de crescimento de grupos tradicionais após o estímulo às campeãs nacionais.
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Os jornais O Estado de S. Paulo e O Globo trazem informações sobre o manifesto da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), que pede pacificação entre os três Poderes. O manifesto teve origem na Federação Brasileira de Bancos (Febraban) e já havia reunido até ontem (20/08), mais de 200 assinaturas. Com o cuidado de não assumir um caráter antigoverno, o documento tem por objetivo demonstrar claramente o incômodo nos setores produtivo e financeiro com a crise institucional fomentada pelo presidente Jair Bolsonaro. Os signatários são diversas associações, empresários, economistas e outros nomes da sociedade civil.
A Associação Brasileira do Agronegócio está entre as entidades que assinam o texto, cuja publicação está prevista para amanhã. O documento faz um apelo conjunto ao Executivo, Legislativo e Judiciário, pedindo que “cada um atue com responsabilidade nos limites de sua competência, obedecidos os preceitos estabelecidos na nossa Carta Magna”.
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A Folha de S. Paulo informa que o julgamento do Supremo Tribunal Federal (STF) que discute a demarcação de terras indígenas tem potencial para unir o Congresso e o Palácio do Planalto contra a corte. O tribunal quer dar a palavra final sobre o debate em torno do marco temporal para reconhecimento de áreas tradicionais, mas o tema também está em discussão no Legislativo.
A reportagem ressalta que o agronegócio pressiona para que o tribunal determine que os indígenas só podem ter direito sobre terras que já estavam ocupadas até 5 de outubro de 1988, data da promulgação da Constituição. Uma ala do STF, porém, votará no sentido oposto, como já fez o ministro Edson Fachin quando a análise do caso foi iniciada no plenário virtual. O julgamento será retomado na próxima quarta-feira (1º/09).