O ministro da Economia, Paulo Guedes, disse ontem (04/04) que o Congresso tem que resistir ao que ele chamou de ativismo regulatório durante a pandemia de covid-19 e evitar medidas de moratória ou isenções de boletos que podem acabar quebrando empresas.
Guedes afirmou que a isenção da conta de luz, por exemplo, pode prejudicar companhias e comprometer o fornecimento de energia elétrica. “Vamos manter os pagamentos em dia para não destruirmos, descapitalizarmos e descontinuarmos os serviços que estamos usando”, disse, em videoconferência com representantes do varejo. (Folha de S. Paulo)
Em dupla crise, petroleiras tentam lidar com risco do coronavírus e preços baixos
Em reportagem publicada na edição deste domingo (05/04), a Folha de S. Paulo mostra quais são os desafios e as medidas de prevenção ao contágio pelo covid-19, tomadas pela Petrobras em relação aos funcionários que trabalham em plataformas de produção de petróleo, em alto-mar.
Entre essas medidas estão a redução de contingentes em plataformas e refinarias e a ampliação dos turnos de período embarcado nas plataformas para 28 dias, dos quais os sete primeiros devem ser em observação sob acompanhamento médico. Até agora, não há confirmação de casos de contaminação entre as equipes embarcadas.
Outro desafio às petroleiras, abordado pela reportagem, é o excesso de oferta do óleo, anterior ao início da pandemia, mas que foi agravado por um choque de demanda. Com previsões de queda de até 20% no consumo, as cotações despencaram aos menores níveis desde o início dos anos 2000, iniciando uma onda de cortes de investimento pelo mundo.
Levantamento feito pelo Instituto Brasileiro do Petróleo, Gás e Biocombustíveis (IBP) aponta que sete grandes empresas, incluindo a Petrobras, cortaram em 20% o total de investimentos previstos antes da crise. A brasileira reduziu sua projeção para 2020 em 30%, para US$ 8,5 bilhões (R$ 45 bilhões).
Pequenas petroleiras que também investiram em leilões ou em áreas vendidas pela Petrobras pedem ao governo redução nas alíquotas de royalties para sobreviver. O setor tem produção pequena, de cerca de 10 mil barris por dia, mas emprega 12 mil pessoas.
Acordo não evita baixo preço do petróleo
Reunião entre a Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep) e países associados, como a Rússia – inicialmente programada para amanhã (06/04), mas adiada para quinta-feira – discutirá um possível corte da produção.
O Valor Econômico analisa que, num momento em que a demanda global pela commodity definha, em função da crise econômica provocada pela pandemia de covid-19, qualquer iniciativa para reduzir a sobreoferta é de “grande importância” para tentar reduzir o excesso de óleo no mercado.
Segundo o vice-presidente mundial da consultoria IHS Markit, Carlos Pascual, um dos maiores especialistas em geopolítica do petróleo da atualidade, afirma, no entanto, que mesmo que os maiores produtores do planeta deem uma trégua na guerra de preços, o lado da demanda deve dificultar a recuperação dos preços por um longo tempo.
PANORAMA DA MÍDIA
Levantamento feito pelo jornal O Globo com base em estudos de pesquisadores da LABORe e do Laboratório do Futuro da Coppe/UFRJ indica que o risco do contágio pelo covid-19 extrapola o setor de saúde, impactando indústria, comércio e serviços.
De acordo com o levantamento, cerca de 18 milhões de trabalhadores brasileiros são mais suscetíveis a contrair a doença por conta das características de sua ocupação, que exige mais aproximação física.
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Segundo levantamento feito pelo jornal O Estado de S. Paulo em diferentes setores mostra o que está ocorrendo na atividade econômica, como reflexo dos efeitos da pandemia de covid-19.
Shoppings e restaurantes fechados, aeroportos vazios, grandes cidades sem engarrafamentos e cinemas fechados mostram que, com o avanço do coronavírus, a economia brasileira realmente parou, num movimento nunca antes visto.
Conforme a reportagem, o impacto real ainda deve demorar a ser medido – os dados oficiais de atividade econômica costumam levar algum tempo para serem compilados –, mas os indicadores que começam a sair já dão uma ideia do que ocorreu com a economia em março.
O faturamento do varejo, por exemplo, teve queda de 22,6% no mês passado, segundo o Índice Cielo do Varejo Ampliado (ICVA). Outro exemplo: no Brasil, nos últimos dias de março, 90% dos voos foram cancelados, seguindo um movimento global.
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Pesquisa feita pelo Instituto Datafolha mostra que a renúncia do presidente Jair Bolsonaro em meio à sua atuação no combate à covid-19 é rejeitada por 59% dos brasileiros. Já 37% desejam que ele renuncie, conforme vem sendo pedido por políticos de oposição, e 4% não sabem dizer.
A pesquisa entrevistou 1.511 pessoas entre os dias 1º e 3 de abril. A margem de erro é de três pontos. Esse é o principal destaque da edição deste domingo da Folha de S. Paulo.