Em entrevista ao jornal O Globo, o Ministro de Minas e Energia, Bento Albuquerque, afirmou que o presidente Jair Bolsonaro foi informado do risco de crise hídrica em outubro do ano passado, quando Albuquerque fez uma apresentação em Power Point juntamente com o diretor-geral da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), André Pepitone, e com Rodrigo Limp, ex-secretário de Energia do ministério e atual presidente da Eletrobras.
Segundo o ministro, partiu do presidente a sugestão de criar uma campanha para incentivar a redução do consumo. A previsão é gastar R$ 120 milhões em comerciais na televisão, rádio e internet. Para Albuquerque, a crise hídrica não vai ter um ponto final em 2021. O nível dos reservatórios baixará ainda mais até dezembro, quando começa o período úmido, que segue até abril.
-“Evidentemente, nós não estamos preocupados só com 2021. Mas também com 2022, 2023, 2024. Porque os nossos reservatórios estão em níveis baixos e ficarão ainda mais baixos até o fim do ano. As coisas não vão se resolver em dezembro, muito menos em abril de 2022”, afirmou.
Dados do Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) apontam que grande parte das represas do Sudeste e do Centro-Oeste chegará ao fim do ano com menos de 10% de água. Dificilmente haverá chuva suficiente para fazer subir o nível de um ano para o outro, até porque o solo está seco — o que faz com que seja necessário mais água para encher uma barragem.
Companhias elétricas temem custos com as medidas anti-apágão
Reportagem do Valor Econômico indica que as últimas medidas tomadas pelo governo para fazer frente à crise hídrica/elétrica devem abrir novas discussões sobre o equilíbrio econômico-financeiro das concessionárias de distribuição de energia. Segundo as empresas, é provável que seu fluxo de caixa seja pressionado pelo descasamento entre o valor que está sendo pago pela energia e o que será arrecadado com as bandeiras tarifárias.
Embora o governo já tenha anunciado a criação de nova bandeira, batizada de “Escassez Hídrica”, o valor fixado em R$ 14,20 a cada 100 kWh consumidos ficou aquém do desejado pelo Ministério de Minas e Energia (MME). Ainda de acordo com a reportagem, em outra frente, as distribuidoras podem enfrentar redução de mercado em decorrência do programa lançado pelo governo para incentivar consumidores do mercado cativo a economizar energia.
Marcos Madureira, presidente da Associação Brasileira de Distribuidores de Energia Elétrica (Abradee), avalia positivamente as medidas, diante da preocupação generalizada do governo e sociedade com o suprimento de energia elétrica. No entanto, ele ressalta que a “neutralidade” econômica e financeira das distribuidoras precisa ser preservada. “Para nós é fundamental que possa existir uma neutralidade no fluxo de caixa. É uma preocupação nossa, porque somos o ‘caixa’ do setor elétrico, temos que cobrir os custos de 100% da fatura de energia, mas ficamos, em média, com 19% do valor”, afirma o representante das distribuidoras.
Santander anuncia redução de taxa para financiamento de GD rural
O portal Info Solar informa que o Banco Santander anunciou alterações nas condições de financiamento para projetos fotovoltaicos em propriedades rurais. As taxas mínimas foram reduzidas de 0,79% ao mês para 0,74% ao mês e o prazo de parcelamento passou de 76 para 96 meses, com 120 dias de carência para pagamento da primeira parcela. De acordo com a instituição, essas condições atendem empresas de todos os portes, além de pessoas físicas que planejam instalar o sistema em casa.
A reportagem ressalta que, na semana passada, o Banco de Desenvolvimento de Minas Gerais (BDMG) lançou linhas de crédito especiais para projetos de autoconsumo ou geração de energias renováveis. Anteriormente, a cooperativa de crédito rural Sicredi firmou um acordo para captação de US$ 120 milhões com a International Finance Corporation (IFC), membro do Grupo Banco Mundial, para financiar projetos fotovoltaicos dos associados da instituição em todo o Brasil.
Em maio, o Banco do Brasil anunciou uma linha de crédito para a aquisição de sistemas para geração de energia solar fotovoltaica em residências. O Banco Votorantim (BV) atua por meio da plataforma “Meu Financiamento Solar”, oferecendo crédito para projetos e instalação para pessoa física e jurídica.
Redução do consumo de energia é necessária para manter produção de alumínio
Os riscos iminentes de apagão ou de racionamento de energia fizeram os fabricantes de alumínio se articular, conforme reportagem do Valor Econômico. A Associação Brasileira do Alumínio (Abal) informou que analisa as medidas propostas pelo Ministério de Minas e Energia, o programa de Redução Voluntária de Demanda de Energia Elétrica (RVD).
“Entendemos que medidas são necessárias para assegurar a manutenção da segurança energética no país. Seguimos em diálogo com as autoridades a fim de colaborar no aprimoramento das regras e no detalhamento das propostas do RVD, de forma a garantir a sua efetiva implementação”, informou a entidade.
Segundo a associação, as interrupções de energia por mais de três horas podem comprometer o correto funcionamento de um forno, por exemplo, ocasionando manutenção e, consequentemente, a paralisação da produção.
PANORAMA DA MÍDIA
O mercado reduziu as expectativas para a economia brasileira tanto neste ano quanto para 2022. Após um resultado fraco no segundo trimestre desse ano, as projeções foram recalibradas e a previsão é que no próximo ano o Produto Interno Bruto (PIB) avance 1,93%, de acordo com o Boletim Focus, divulgado nesta segunda-feira (06/09) pelo Banco Central.
Já as projeções para a inflação pioraram, para 2021 e 2022. Para este ano, o mercado projeta que o IPCA vai fechar em 7,76%. Em 2022, o indicador esperado é de 3,98%. Ambos os casos estão acima da meta estabelecida pelo Banco Central. (O Globo)