O jornal O Globo traz, na edição desta quinta-feira (26/08), uma reportagem sobre a crise hídrica no país e suas consequências, tanto para o setor elétrico quanto para a economia. Foram ouvidos especialistas a esse respeito, que analisaram a situação dos reservatórios de hidrelétricas e a eficácia das medidas adotadas pelo governo federal para minimizar o impacto da escassez de água no fornecimento de energia elétrica.
O ministro de Minas e Energia, Bento Albuquerque, afastou mais uma vez a hipótese de racionamento. O presidente do Conselho de Administração da BRF, Pedro Parente, que coordenou a gestão da crise que levou a um racionamento em 2001, quando foi ministro do então presidente Fernando Henrique Cardoso, avaliou, em um evento, que provavelmente será necessária a redução do consumo de energia no país.
Crise se agrava no setor elétrico
A crise no setor de energia e seus desdobramentos é o tema da coluna de hoje (26/08) da jornalista Miriam Leitão (O Globo). Ela ressalta que a crise se agravou nos últimos dois meses, mas os especialistas já haviam alertado que isso iria acontecer e criticam a falta de uma campanha de comunicação que mostre a gravidade desta crise elétrica.
Ontem, o governo convocou a imprensa para anunciar que haverá três programas para redução de consumo. Um para as grandes empresas, um para os consumidores residenciais e outro para os órgãos federais.
Ela ressalta, ainda, que faltam informações sobre o funcionamento e os custos dessas medidas. Para Míriam Leitão, o ministro das Minas e Energia, Bento Albuquerque, continua errando na comunicação, ao afirmar que não trabalha com a hipótese de racionamento.
Na análise da jornalista, o racionamento já começa a acontecer para os órgãos federais e as empresas dizem que levará tempo até que haja confiança para uma adesão expressiva. Os órgãos federais que descumprirem as metas não serão punidos. E o consumidor residencial não sabe quem pagará pelo seu bônus.
Demora em adotar ações para atender à demanda por energia vai sair caro
O jornal O Estado de S. Paulo traz, em sua edição de hoje (26/08), uma análise de Edvaldo Santana, ex-diretor da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel). Ele ressalta que estudos do Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS), do fim de julho, deixavam evidente que, mesmo com o uso de toda a reserva de potência (de 12 mil MW) para suprir o consumo, em outubro o sistema teria uma “sobra” de 3 mil MW.
Segundo Santana, apesar do otimismo e da coerência de utilizar a totalidade da reserva de potência, o resultado não passava de ilusionismo. Na prática, como toda potência já vem sendo utilizada, inclusive a reserva, em outubro faltarão 9 mil MW, em lugar da “sobra”.
“Isso deixa o sistema extremamente vulnerável para atender às maiores demandas, entre 17 horas e 20 horas. É essencial reduzir o consumo em proporções gigantescas. Não será fácil e custará caro”, diz Edvaldo Santana.
Crise hídrica é risco para a Bolsa e gestores buscam oportunidades fora do Brasil
Um dos maiores riscos para os investimentos em ações com exposição ao mercado brasileiro – e que não está totalmente incorporado aos preços dos ativos – é a crise hídrica, analisa o Valor Econômico.
“Vamos entrar no período chuvoso com índices muito baixos (dos reservatórios) e vamos ter a La Niña com perspectiva baixa de chuvas. Já vemos o governo tentando restringir o consumo de energia e isso, na prática, fez a gente ficar mais pessimista com o PIB do Brasil. Há grandes chances de termos PIB de zero ou menos que zero com crise hídrica. Por isso, saímos totalmente de nomes ligados ao PIB doméstico”, disse Paolo Di Sora, gestor e sócio da RPS Capital em painel da 11ª edição da Expert XP.
Menos enfático no pessimismo com o país, Carlos Eduardo Rocha, sócio e gestor da Occam Brasil, explica que a razão para seus fundos estarem com mais de 50% de sua exposição de risco no exterior está na melhor relação risco-retorno do mercado internacional. Para Rocha, ainda que a crise hídrica não resulte em racionamentos e outros efeitos mais danosos à economia, o cenário lá fora é mais atrativo.
Jorge Larangeira, sócio-fundador da Giant Steps, gestora de fundos de investimento quantitativos, explica que, embora a forma de escolher os ativos se diferencie de seus colegas, seus fundos apostam, hoje, na alta das taxas de juros e também das Bolsas, mas especialmente as estrangeiras.
Usina nuclear Angra 3 deve receber aporte de R$ 6 bilhões até 2023
Os investimentos nas obras da usina nuclear de Angra 3 desde dezembro de 2020 até 2023 deverão somar R$ 6 bilhões, informou, em apresentação feita ontem (25/08), a Eletronuclear, subsidiária da estatal Eletrobras. Os aportes para a usina, que deverá funcionar em 2026, mostram o compromisso da companhia em finalizar o empreendimento, disse a diretora financeira da Eletrobras, Elvira Presta. (Folha de S. Paulo)
PANORAMA DA MÍDIA
Inflação afeta todas as faixas de renda e chega a dois dígitos em quatro capitais, destaca o jornal O Estado de S. Paulo. São elas: Curitiba, com 11,43% na prévia de agosto; Fortaleza, com 11,37%, Goiânia, com 10,67% e Porto Alegre, 10,37%. A alta de preços foi puxada por energia elétrica e combustíveis.
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Os ataques cibernéticos a empresas como Lojas Renner, Cosan, Fleury, JBS, Braskem, entre muitas outras, nos últimos meses, mostram que o cibercrime encontrou a brecha mais oportuna para agir durante a pandemia, conforme explica reportagem do Valor Econômico. O Brasil foi alvo de mais de 3,2 bilhões de tentativas de ataque no 1º trimestre, o dobro do verificado no mesmo período de 2020, segundo a empresa de segurança Fortinet. As tentativas de ataque bem-sucedidas no mundo já representaram perdas globais estimadas entre US$ 1 trilhão em 2020 e U$ 6 trilhões em 2021, conforme a União Internacional das Telecomunicações (UIT).
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O ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, anunciou ontem (25/08) que a terceira dose da vacina contra o coronavírus começará a ser aplicada em idosos e em imunossuprimidos a partir do dia 15 de setembro. Todos os imunossuprimidos (pessoas transplantadas, por exemplo) que já tomaram a segunda dose da vacina há 21 dias poderão receber o reforço a partir da segunda quinzena de setembro. (Folha de S. Paulo)
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O presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (DEM-MG), decidiu arquivar ontem (25/08) o pedido de impeachment apresentado pelo presidente Jair Bolsonaro contra o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes. Pacheco seguiu parecer da Advocacia-Geral da Casa, que entendeu não haver motivos para iniciar o processo por ausência de “justa causa”. (O Globo)