Reportagem do Valor Econômico indica que, embora a nova rodada de compromissos climáticos dos países, as NDCs (sigla em inglês para Contribuições Nacionalmente Determinadas), seja um ponto central deste ano, trata-se de uma discussão indireta para o resultado da COP30, em Belém, em novembro.
De acordo com a reportagem, o debate perigoso que vem tomando forma nos últimos meses é sobre energia. Há uma falsa dicotomia entre segurança energética e transição energética. As NDCs são fundamentais para conter a crise climática.
Antes do Acordo de Paris as projeções falavam em uma curva de aquecimento superior a 4°C neste século. Se os países cumprirem suas promessas (a rodada anterior de NDCs), a temperatura deve subir 2,6°C até 2100. Mas apenas 18 países submeteram seus novos compromissos e faltam 175. O deadline era fevereiro, quase ninguém cumpriu, ficou para setembro.
A reportagem ressalta que NDCs e COP30 são um falso debate. O que realmente está agitando o tabuleiro é a noção diferente que países têm sobre segurança energética. Para o Reino Unido, na administração do trabalhista Keir Starmer, por exemplo, segurança energética tem tudo a ver com aumentar a participação das energias renováveis na matriz e depender menos da geopolítica dos combustíveis fósseis.
Para o governo de Donald Trump, segurança energética é perfurar o máximo possível de petróleo. “Este é um dos debates mais delicados que temos agora: a intenção de muitos atores de separar segurança energética de transição energética”, diz uma fonte. “Estes dois elos têm que ser debatidos juntos”. Não ter conseguido unir a agenda de clima com a de energia é um dos motivos de certo fracasso dos Verdes no governo alemão. A queima de combustíveis fósseis é o que causa a crise climática. É isso que a COP30 tem que abordar.
Energia limpa supera 40% da geração global com crescimento recorde em 2024
A energia limpa respondeu por 40,9 % da geração global de eletricidade em 2024. É a primeira vez que o patamar de 40% é superado desde os anos 1940, quando o sistema elétrico do planeta era 50 vezes menor, e a parte renovável se resumia na prática à geração hidrelétrica. O Brasil contribuiu para a marca ao tornar-se o quinto maior gerador de energia solar no mundo, passando a Alemanha, referência no setor, de acordo com reportagem da Folha de S. Paulo.
Os dados fazem parte do relatório anual da Ember, think tank de energia, e mostram o copo meio cheio do setor: pela primeira vez as fontes eólica (8,1%) e solar (6,9%) juntas superaram a hidrelétrica (14,3%), acossada por secas em diversas regiões do globo. As duas fontes renováveis foram os motores de um novo recorde de geração de energia limpa em 2024, 49% maior do que o anterior, de 2022 (858 terawatt-horas contra 577 TWh).
Ainda de acordo com a reportagem, o copo meio vazio é a constatação de que os combustíveis fósseis ainda lideram o ranking com folga, carvão (34,4%) e gás (22%) à frente. O crescimento anual desse tipo de geração, entre os principais responsáveis pelo aquecimento global, foi de 1,4%, com 223 milhões de toneladas de CO2 emitidas.
Instalações de novas eólicas ficam aquém do esperado, apesar de atingir recorde, diz órgão internacional
Um recorde de 117 GW (gigawatts) de capacidade de energia eólica foi instalado no mundo em 2024, um pouco mais do que em 2023, mas muito menos do que o necessário para atingir as metas de descarbonização da energia, informou um relatório do GWEC (Conselho Global de Energia Eólica, em sigla em inglês) divulgado ontem (23/4).
Várias organizações, incluindo o GWEC, têm alertado que a taxa de progresso atual em direção às fontes renováveis de energia não é suficiente para conter o aquecimento global. (Folha de S. Paulo – com informações da agência de notícias Reuters)
Belo Monte busca alternativa para aumentar geração e mitigar conflitos ambientais
A Agência Eixos informa que a Norte Energia, controladora de Belo Monte, avalia a possibilidade de construir barragens adicionais na bacia do Rio Xingu. O objetivo é aumentar a capacidade de armazenamento de água, principalmente para os períodos secos.
As barragens seriam simples, sem máquinas, funcionando como reservatórios de água, explica a reportagem. Durante o período chuvoso, seriam enchidas e, na seca, transfeririam água para alimentar as turbinas da usina.
“Estamos fazendo um rastreamento da região a montante da usina para ver se é possível encontrar uma área em que possam ser contornadas as questões ambientais envolvidas e fazer uma espécie de uma caixa d’água”, explicou o presidente da Norte Energia, Paulo Roberto Ribeiro Pinto, a jornalistas em Altamira, no Pará.
O projeto está sendo analisado cuidadosamente devido a preocupações com os impactos em ecossistemas locais e nas comunidades ribeirinhas.
PANORAMA DA MÍDIA
Valor Econômico: A incerteza nos mercados internacionais, com a forte volatilidade dos títulos do Tesouro americano, colocou em compasso de espera as emissões de dívida em dólar de empresas brasileiras. Depois de um início de ano aquecido, com um volume emitido de mais de US$ 12 bilhões, a avaliação dominante é a de que as captações de bônus no exterior deverão ser retomadas com mais força apenas no segundo semestre, depois das férias de verão no Hemisfério Norte. O tumulto causado pelas tarifas impostas pelo governo de Donald Trump levou a uma forte instabilidade nos mercados, dificultando emissões externas neste momento.
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O Globo: A Polícia Federal (PF) e a Controladoria-Geral da União (CGU) deflagraram na quarta-feira (23/4) uma megaoperação para combater descontos não autorizados em aposentadorias e pensões pagas pelo INSS. O chefe do órgão, Alessandro Stefanutto, foi afastado do cargo por decisão judicial e depois demitido pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que soube da ação no início da manhã.
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O Estado de S. Paulo: A apuração (da fraude no INSS) teve o seu início em 2023, com realização de auditorias em 29 entidades que tinham Acordos de Cooperação Técnica (ACTs) com o INSS. A CGU identificou que as entidades não tinham estrutura operacional para prestar os serviços que ofereciam aos beneficiários e que 70% não tinham entregado a documentação necessária à entidade.
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Folha de S. Paulo: Segundo a CGU, o esquema envolve até fraudes em assinaturas de beneficiários. Entre 2019 e 2024, a soma dos valores descontados de benefícios do INSS chega a R$ 6,3 bilhões, mas ainda será apurado qual a porcentagem foi feita de forma ilegal, segundo as investigações. Somente no primeiro trimestre de 2024, 5,4 milhões de aposentados e pensionistas pediram exclusão de mensalidade.