Depois da indicação do nome de Caio Mário Paes de Andrade pelo presidente Jair Bolsonaro para comandar a Petrobras, executivos da estatal já dão como certa trocas em diretorias e no Conselho da estatal, informa o jornal O Globo.
E avaliam que o governo vai buscar “nomes 100% alinhados”. O maior temor, porém, é que um Conselho de Administração, sob nova composição tente emplacar uma alteração no estatuto da empresa. E, especificamente, no artigo do estatuto que trata da exigência de que a estatal só altere sua política de preços se for compensada pela União, em caso de impacto no lucro da empresa.
Conforme explica a reportagem, é esse artigo do estatuto que trava qualquer tentativa de controle artificial dos preços de combustíveis. Uma fonte (do jornal) descreveu que, se isso acontecer, “tudo é possível”.
Corte de 30% no fornecimento de gás da Bolívia contribuiu para queda de Coelho da Petrobras
Reportagem do site do jornal O Globo destaca que o corte no fornecimento de gás natural ao Brasil pela Bolívia teria contribuído para a demissão de José Mauro Coelho Ferreira da presidência da Petrobras. O país vizinho reduziu a entrega do insumo em 30%, o que equivale a cerca de cinco milhões de metros cúbicos por dia, gerando desafios para a estatal brasileira.
A empresa boliviana Yacimientos Petrolíferos Fiscales Bolivianos (YPFB) passou a vender o produto para a Argentina com melhor preço em relação ao pago pela Petrobras. Contudo, a demissão de José Mauro já estava no radar do governo desde a substituição do almirante Bento Albuquerque do Ministério de Minas e Energia por Adolfo Sachsida, auxiliar do ministro da Economia, Paulo Guedes.
Antes de ser demitido, Coelho alertou para risco de faltar diesel no auge da colheita de soja, com impacto no PIB
O jornal O Globo informa que pouco antes de ser demitido da presidência da Petrobras, José Mauro Ferreira Coelho apresentou ao Ministério de Minas e Energia um documento em que alerta sobre o risco de faltar diesel no país no auge da colheita de soja se não houver uma sinalização clara de que os preços internos seguirão as cotações internacionais.
Sob o título de “Combustíveis: desafios e soluções”, a apresentação data de maio de 2022 e alerta que no terceiro trimestre há um aumento sazonal na demanda por diesel no Brasil e nos EUA, e o mercado internacional vive hoje a menor oferta do produto em 14 anos.
Demissão pegou presidente da Petrobras de surpresa
A colunista Malu Gaspar, do jornal O Globo, informa que embora não ignorasse que a intenção do presidente Jair Bolsonaro era demiti-lo, José Mauro Coelho foi pego de surpresa com a dispensa pelo ministro de Minas e Energia, Adolfo Sachsida. A interlocutores, Coelho disse que não teve nenhum sinal de que seria demitido ontem (23/05).
Ao longo do dia, ele fez reuniões de trabalho, planejou atividades para as próximas semanas e pouco antes de ser demitido, ainda fazia postagens em defesa da Petrobras em um grupo de WhatsApp chamado Reate, que reúne 251 profissionais ligados à indústria do petróleo. Isso aconteceu às 19h25m. Duas horas depois, às 21h35m, o ministério divulgou no site o comunicado da demissão de Coelho.
Entenda o que acontece com a Petrobras após nova troca de presidente
O Valor Econômico traz, em seu portal de notícias, uma análise de cenário da Petrobras, em consequência da demissão de José Mauro Coelho. De acordo com essa análise, uma série de outras mudanças podem ser implementadas pelo governo na empresa. A lista inclui troca de diretores e mudanças na política de preços da estatal.
Nesse ponto, o conselho, segundo fontes ouvidas pelo Valor, continuará a defender a política de preços da companhia, que busca manter a paridade com as cotações no mercado internacional. Mas nos bastidores há articulações para mudar a política.
Espaçamento nos reajustes de preços ganha força com troca na Petrobras
A indicação de Caio Mario Paes de Andrade para comandar a Petrobras deve dar força à ideia que vinha sendo discutida nos bastidores da área econômica nas últimas semanas, comentou fonte do Valor Econômico: desacelerar o ritmo de reajuste de preços de combustíveis.
A grande preocupação no governo no momento é com a inflação. A alta de preços é vista como a maior ameaça ao projeto de reeleição de Jair Bolsonaro. Assim, paralelamente à alta dos juros, são adotadas medidas adicionais para conter preços. Nesse desenho, frear os reajustes nos combustíveis é considerado uma peça essencial para conter a generalização dos aumentos na ponta consumidora.
Copel instala 350 mil medidores digitais e avança com rede elétrica inteligente
A Companhia Paranaense de Energia (Copel) alcançou a marca de 350 mil medidores inteligentes instalados em 73 municípios das regiões oeste, sudoeste e centro-sul do Paraná. Até outubro deste ano, a distribuidora pretende implantar mais 462 mil equipamentos, com investimento que soma R$ 252 milhões em atualização tecnológica, sem custo para o consumidor, e avançar com a rede elétrica inteligente (REI)
A REI consiste na troca dos medidores atuais por modelos digitais que se comunicam diretamente com o Centro Integrado de Operação da Distribuição da Copel. O novo sistema emite sinais sobre o consumo de energia a cada 15 minutos, com informações adicionais sobre a qualidade da energia que está chegando até a unidade consumidora. Em caso de interrupções, o medidor inteligente avisa automaticamente o centro de controle da Copel, permitindo que a manutenção aconteça mais rapidamente e sem que o consumidor precise avisar sobre a ocorrência do problema. (Canal Energia)
Mundo está no meio da primeira crise de energia global, avalia AIE
O diretor-executivo da Agência Internacional de Energia (AIE), Fatih Birol, alertou nesta terça-feira (24/05) que o mundo ainda viverá com a alta de preços de combustíveis e volatilidade no mercado por algum tempo e, numa referência indireta ao Brasil, avaliou que só se deve colocar teto no preço do petróleo se as pessoas de menor renda forem o foco da medida.
Em entrevista a três jornalistas brasileiros presentes ao Fórum Econômico Mundial, em Davos, na Suíça, ao ser indagado sobre a discussão envolvendo política de preço do petróleo no Brasil, Birol afirmou: “Eu acho que os mercados funcionam melhor sem intervenção. Pode haver uma razão, de tempos em tempos, para os governos oferecerem alguma condução estratégica aos mercados, mas os governos precisam decidir quando intervir e quando não pesar a mão”.
Birol afirmou ainda que há muitos países considerando a possibilidade de segurar o preço do combustível. “Depende do país, mas a maioria de olho na população mais pobre. Para mim, é importante que medidas assim para proteger a população não deveriam ser universais, mas focadas nos mais pobres.” (Valor Econômico)
PANORAMA DA MÍDIA
China e Rússia deram um recado militar ostensivo aos EUA ao longo desta terça (24/05), enquanto o presidente Joe Biden se reunia no Japão com aliados contrários a Pequim na região do Indo-Pacfíco. Ao menos dois Tu-95 russos e dois H-6K chineses, ambos bombardeiros com capacidade de emprego nuclear, foram escoltados por dois caças Su-30SM russos em um voo de 13 horas sobre o mar do Japão, passando pela Zona de Identificação de Defesa Aérea de outro aliado americano, a Coreia do Sul, que foi visitada por Biden no fim de semana. (Folha de S. Paulo)