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Geração a carvão vive incertezas com transição energética – Edição da Manhã

O Valor Econômico traz hoje (14/02) uma série de reportagens com foco no carvão, como fonte de energia. A reportagem de abertura da série destaca que a transição para fontes de energia mais limpas, de modo a reduzir as emissões de carbono e limitar os impactos das mudanças climáticas, coloca cada vez mais sob pressão as usinas termelétricas a base de carvão, altamente poluentes.

Aapesar do compromisso assumido por 21 países desde o Acordo de Paris, em 2015, para eliminar o uso dessa fonte de energia de forma gradativa até 2030, há movimentos que vão na contramão. No Brasil, que não faz parte desse grupo de países, o presidente Jair Bolsonaro sancionou, em janeiro, a Lei nº 14.299, que estabelece condições para prorrogar até 2040 os contratos de termelétricas a carvão em Santa Catarina ao criar programa de transição energética para a região.

A decisão foi criticada por especialistas do setor. Santa Catarina e Rio Grande do Sul concentram 99,97% das reservas de carvão mineral nacional. As jazidas da região são suficientes para gerar 18.600 megawatts (MW) por 100 anos. Mesmo com esse potencial, há pressão sobre os empreendimentos operados pelas duas maiores empresas de geração do país: a Eletrobras e a Engie Brasil Energia (EBE), braço nacional do grupo francês.

A lei 14.299, sancionada por Bolsonaro em 5 de janeiro, cria o Programa de Transição Energética Justa (TEJ), cujo objetivo é preparar a região carbonífera de Santa Catarina para o “provável” encerramento, até 2040, da atividade de geração termelétrica a carvão mineral nacional.

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Estados buscam alternativas econômicas ao combustível

Em uma segunda reportagem sobre o uso do carvão como fonte de energia, o Valor Econômico explica que, no ano passado, o Ministério de Minas e Energia (MME) lançou o “programa para uso sustentável do carvão mineral nacional”, que tem como um dos focos a continuidade da atividade de mineração de carvão na região Sul. O objetivo é auxiliar na manutenção da atividade econômica da indústria carbonífera.

De acordo com a reportagem, a estimativa é que o programa possa trazer investimentos da ordem de R$ 20 bilhões em dez anos, e criar 5 mil empregos diretos na substituição de usinas termelétricas, além de outros 600 na operação das minas. As mudanças na matriz elétrica têm impactos imediatos principalmente para comunidades que habitam no entorno das usinas e das minas de carvão.

O secretário de desenvolvimento econômico sustentável de Santa Catarina, Luciano Buligon, ouvido pela reportagem, afirmou que a interrupção abrupta da geração na usina Jorge Lacerda “seria como se uma guerra acontecesse” na região, com impactos em 600 mil pessoas e 15 municípios. Defensores da fonte argumentam que o setor pode sobreviver se adotar tecnologias para mitigar ou impedir as emissões.

A discussão não é se o carvão vai acabar, mas quando

Em análise sobre o tema, o Valor Econômico destaca que foi o carvão o pivô do resultado sem graça da COP26, a conferência da ONU sobre mudança climática que aconteceu em Glasgow, em novembro de 2021. Nos últimos minutos da rodada, Índia e China pressionaram por uma mudança chave no texto final, que em vez de “acelerar a eliminação” do uso do carvão, saiu com “acelerar a diminuição”. É a diferença entre decretar o fim e sinalizar com a agonia.

A China queima mais carvão do que todo o resto do mundo junto. Pequim sabe que terá de reduzir o uso da fonte – por uma política de interesse doméstico, em primeiro lugar, de reduzir a poluição nas cidades. Em setembro, na ONU, o presidente Xi Jinping anunciou que o país deixará de financiar a construção de usinas de carvão no exterior. Mais de 70% das usinas a carvão construídas hoje no mundo dependem de dinheiro chinês.

A análise do Valor ressalta, ainda, que a indústria do carvão é resiliente em seu longo martírio. Em 2021 o setor se recuperou, ameaçando as metas de emissão líquida zero, alerta relatório da Agência Internacional de Energia de dezembro. Depois de cair em 2019 e 2020, a geração global de energia do carvão deve saltar 9% em 2021. O aumento do preço do gás torna o carvão mais competitivo.

Medidas para conter o preço da gasolina podem ter efeito contrário, dizem economistas

A pouco mais de sete meses das eleições, a escalada do preço do petróleo se tornou problema central para o presidente Jair Bolsonaro. Reportagem do jornal O Estado de S. Paulo destaca que a ameaça de que a commodity faça a inflação disparar, após um 2021 em que os consumidores já viram seu poder de compra diminuir, fez o governo e o Congresso colocarem propostas na mesa consideradas, por grande parte dos analistas, populistas e contraproducentes.

Apesar de contrários às medidas, economistas concordam que o preço do petróleo ameaça a inflação e a atividade em um ano em que a economia enfrenta desafios. Do lado da inflação, a desvalorização do dólar (que começou o ano valendo R$ 5,57 e fechou a semana em R$ 5,24) ameniza a alta do petróleo. Mas a expectativa é de que, com a proximidade das eleições, esse efeito seja anulado – e a inflação suba ainda mais.

PANORAMA DA MÍDIA

A Folha de S. Paulo informa que o apetite da ala política do governo por medidas de apelo popular em ano eleitoral será um desafio para a equipe do ministro Paulo Guedes (Economia), que começa 2022 sob a pressão de uma bomba fiscal que pode passar dos R$ 230 bilhões.

O primeiro grande teste é a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) dos Combustíveis, que teve uma de suas versões batizada de kamikaze pelo time econômico, devido ao impacto potencial de mais de R$ 100 bilhões em troca de uma redução incerta de centavos no preço nas bombas e na conta de luz.

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Tensão na Ucrânia pressiona cotação do petróleo e inflação – é a manchete da edição de hoje (14/02) do jornal O Estado de S. Paulo. A reportagem destaca que depois de subir 54% em 2021 – o que resultou em uma alta de 47,5% no preço da gasolina no Brasil, tornando-se uma das principais fontes de pressão inflacionária –, o petróleo já avançou mais 18,2% neste começo de ano. Na última sexta-feira (11/02), o barril atingiu US$ 95 e, diante da ameaça da Rússia de invadir a Ucrânia, alguns economistas já falam da possibilidade de a cotação ultrapassar US$ 120.

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Neste ano eleitoral, a lenta recuperação do mercado de trabalho, com inflação e juros altos, deve dominar os debates. Tiago Tristão, economista da Absolute Investimentos, estima que ao fim de 2022 serão 13,4 milhões de pessoas desempregadas, 1 milhão a mais que no fim do ano passado, mesmo com a expectativa da geração líquida de 400 mil vagas neste ano. Ou seja, a geração de vagas não vai acompanhar o aumento da procura por trabalho. (O Globo) 

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Um movimento organizado pelas principais varejistas brasileiras deve levar a uma série de ações contra a operação de “marketplaces” (shopping virtuais) estrangeiros que vendem produtos da Ásia no Brasil. O foco são negócios que poderiam estar abrindo brecha para a venda de itens falsificados ou sem a devida cobrança de impostos. As reuniões sobre o tema vêm sendo lideradas pelo Instituto para o Desenvolvimento do Varejo (IDV), que representa 75 varejistas locais, como Americanas, Casas Bahia, Magazine Luiza, Renner e Riachuelo. Alertas, os “marketplaces” visados já têm linhas de defesa para reagir à investida. (Valor Econômico)

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