O governo quer aproveitar a pandemia do novo coronavírus para rever subsídios embutidos na conta de luz dos consumidores, informa o jornal O Estado de S. Paulo. A reportagem ressalta que a crise econômica evidenciou custos que já deveriam ter sido reavaliados no passado. Somente neste ano, a previsão é que esses benefícios atinjam R$ 22 bilhões.
O principal alvo são os descontos para consumidores que compram energia de fontes renováveis, que saltaram de R$ 586 milhões em 2013 para R$ 3,241 bilhões em 2020. Também estão em análise os subsídios dados aos consumidores rurais e ao carvão mineral. Já o programa Tarifa Social, destinado à população de baixa renda, ganhou R$ 900 milhões extras do Tesouro e não será cortado.
Socorro a elétricas é bem recebido pelo setor
Os primeiros detalhes da linha especial de crédito em estudo pelo governo para injetar recursos no caixa das distribuidoras de energia foram bem recebidos pelas empresas do setor. De acordo com reportagem do Valor Econômico, executivos de grandes companhias do mercado avaliaram que a solução é a melhor possível, considerando o tempo relativamente curto de implementação e o potencial de mitigação da disseminação da crise para toda a cadeia.
O empréstimo coordenado pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) deve girar em torno de R$ 17 bilhões, a ser pago pelos consumidores de energia, via tarifa, entre 54 e 60 meses.
Segundo um executivo do setor ouvido pela reportagem, devido à queda do consumo e ao aumento da inadimplência, causados pela crise provocada pela pandemia do novo coronavírus, as distribuidoras estão recebendo em média 65% do que arrecadavam antes da crise. Considerando que elas ficam com 20% do valor arrecado e repassam o restante para remuneração de geradoras e transmissoras e o pagamento de encargos e tributos, a conta não fecha.
O jornal ressalta que o primeiro passo do socorro às distribuidoras foi dado com a Medida Provisória 950, editada na semana passada e que prevê a linha de crédito. O setor aguarda, para esta semana ou a próxima um decreto regulamentando a medida. A expectativa é que os recursos do empréstimo entrem no caixa das empresas em até três semanas, preservando o Ebitda das elétricas.
Acusações elevam temperatura nos bastidores da fusão Eneva/AES Tietê
O jornal O Estado de S. Paulo traz hoje (17/04) uma reportagem sobre as negociações para a compra da AES Tietê pela Eneva. Segundo a reportagem, a indefinição sobre a convocação da assembleia de acionistas pela administração da AES Tietê para deliberar sobre a transação, as duas empresas intensificaram a troca de acusações sobre os rumos do negócio.
A proposta atual da Eneva, que prevê o pagamento de R$ 6,6 bilhões aos acionistas da AES Tietê, é válida até 30 de abril. Para que continue em vigor, a administração da geradora americana teria de convocar a assembleia de acionistas até essa data. Esta semana, em comunicado ao mercado, a Eneva informou aos acionistas da Tietê que poderia prorrogar sua oferta por mais tempo, caso necessário.
Ainda de acordo com a reportagem, um dos pontos de atrito entre as duas empresas seria a solicitação, por parte da AES Tietê, de mais informações para analisar a proposta. Eneva e AES Tietê não se manifestaram.
Mercado livre de energia vê cenário do setor como uma incógnita
As incertezas do mercado livre de energia, a respeito dos desdobramentos da crise provocada pela pandemia de covid-19 sobre o setor, é o tema de reportagem do Diário do Comércio, de Minas Gerais. Assim como outros setores da economia, o segmento tem visto alguns números diminuírem. Além disso, empresas do setor já trabalham com pedidos de renegociação de contratados.
Segundo o vice-presidente da Associação Brasileira dos Comercializadores de Energia (Abraceel), Frederico Rodrigues, um dos primeiros movimentos que esse mercado sentiu foi o de diminuição do consumo, fruto das reduções e paralisações de determinadas áreas como forma de enfrentamento à pandemia. Ele ressalta que o impacto varia de região para região e em diferentes proporções, mas tem trazido consequências.
O presidente da CMU Comercializadora de Energia, Walter Fróes, por exemplo, informa que estão sendo feitas negociações, como o financiamento de pagamentos com pequenas correções previstas para mais adiante.
Outra questão abordada pela reportagem é a possibilidade de novas adesões ao mercado livre, em contraponto ao cenário de incertezas. Frederico Rodrigues ressalta que o preço de liquidação de diferença está em seu valor mínimo no momento.
“Quem quer fazer um contrato agora, dependendo do prazo, vai encontrar valores mais baixos. Com excesso de oferta, naturalmente o preço vai cair”, ressalta.
PANORAMA DA MÍDIA
A demissão do ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, pelo presidente Jair Bolsonaro, e o anúncio do oncologista Nelson Teich como novo titular da pasta é o destaque da edição desta sexta-feira (17/04) nos principais jornais do país.
O Estado de S. Paulo ressalta que a mudança ocorreu após semanas de desavenças entre o presidente e seu auxiliar em torno da diretriz a ser tomada no combate à pandemia do novo coronavírus. Enquanto Mandetta sempre defendeu o isolamento social como forma de controlar o crescimento brusco do número de casos, o presidente Bolsonaro acredita que o isolamento vertical (apenas para idosos e pessoas com problemas de saúde) é o caminho a seguir.
A reportagem do Estado informa, ainda, que o novo ministro é apoiado pela Associação Médica Brasileira. Teich se reuniu com Bolsonaro antes de ser confirmado no cargo e disse que “existe um alinhamento completo” entre ele e o presidente.
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O Valor Econômico destaca que Nelson Teich nega mudança brusca no isolamento social e quer teste em massa. “O que é fundamental é conseguir enxergar o que temos até ontem e definir como fazer o isolamento”, afirmou Teich em pronunciamento no Palácio do Planalto. O novo ministro enfatizou que assume a pasta em meio à crise, procurou defender a economia e alertou para o problema do desemprego decorrente da pandemia de covid-19.
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Em editorial, o jornal O Globo afirma que “não há lembrança da demissão de um ministro considerado eficiente, com mais de 75% de aprovação popular, e durante a fase de agravamento de uma crise cataclísmica no seu setor”.
Segue o editorial: “As circunstâncias colocam pesadas responsabilidades sobre o presidente e o novo ministro. Enquanto há a troca de ministros, a epidemia da covid-19 já deixa no mundo 2,1 milhões de infectados e quase 145 mil mortos. No Brasil, 30.425 contaminados e 1.924 mortos. A crise está em rápida evolução e não admite paralisia na máquina de saúde do setor público, o que passa por uma articulação bem azeitada no âmbito do SUS, em que compartilham esforços União, estados e municípios, espaço que Luiz Henrique Mandetta demonstrou dominar.”
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Além de reportagens e análises sobre a demissão do ministro Mandetta e a nomeação de Nelson Teich, a Folha de S. Paulo abre espaço para informações sobre a morte do escritor Luiz Alfredo Garcia-Roza, aos 84 anos, que foi o criador do detetive Espinosa, bastante conhecido pelos leitores de romances policiais.
Internado desde o ano passado, depois de sofrer um acidente vascular-cerebral, o psicanalista e escritor era um dos mais celebrados autores policiais do país. Ele morreu ontem (16/04), no hospital Samaritano, no Rio de Janeiro.