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Governo tenta blindar MP do apagão junto ao Judiciário – Edição da Manhã

O risco de surgir uma guerra judicial em torno das ações do governo para evitar o desgaste político com um racionamento levou o ministro de Minas e Energia, Bento Albuquerque, a percorrer gabinetes de ministros de tribunais superiores e desembargadores nas últimas semanas.

De acordo com reportagem publicada hoje (24/06) pelo Valor Econômico, as visitas institucionais são apontadas por especialistas e advogados do setor como uma tentativa do governo de buscar proteção. As ações judiciais devem mirar na medida provisória (MP), ainda em elaboração, e nas decisões subsequentes para ajudar o sistema elétrico a atravessar a atual crise hídrica.

A primeira minuta da MP, que já circula no setor, cria uma câmara decisória (a Care) formada por ministros que vão centralizar os comandos que devem afastar o risco de apagão. A medida prevê a retirada de poderes de órgãos técnicos para passá-los para as mãos do colegiado de ministros. Porém, a Política Nacional de Recursos Hídricos (Lei 9.433/97) determina que “a gestão dos recursos hídricos deve ser descentralizada e contar com a participação do Poder Público, dos usuários e das comunidades”.

Além de ministros do STF, a agenda de Albuquerque também registrou uma visita ao presidente do Superior Tribunal de Justiça (STJ), Humberto Martins. O ministro ainda tratou do assunto com a AGU e a Procuradoria-Geral da União (PGR). A busca por guarida no Poder Judiciário alcançou juízes de primeira e segunda instâncias, especialmente presidentes de Tribunais Regionais Federais (TRFs), identificada na agenda de compromissos oficiais do ministro. Os encontros foram realizados num prazo aproximado de um mês.

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Ainda de acordo com a reportagem, outra frente de discussão judicial que poderá ser inaugurada está relacionada à eventual tentativa do governo de impor uma redução compulsória do consumo de energia sem decretar o racionamento.

MP da Eletrobras pode destravar gasodutos para Brasília e São Luís

O mercado de gás natural espera que a aprovação da medida provisória (MP) que abre caminho para a privatização da Eletrobras destrave dois antigos projetos de grandes gasodutos para levar o combustível ao interior do país, um deles rumo ao Centro-Oeste e outro ampliando a malha Nordeste, informa a Folha de S. Paulo.

Os projetos foram elaborados pela Termogás. O mais adiantado ligaria o Gasoduto Bolívia-Brasil, na altura de São Carlos (SP), a Brasília (DF). Com cerca de 900 quilômetros, o projeto atenderia o oeste de São Paulo, o Triângulo Mineiro e Goiás, antes de chegar à capital federal.

Outro gasoduto que o mercado de gás espera viabilizar seria o Gasoduto do Meio Norte, projeto que ampliaria a malha de gasodutos do Nordeste, saindo de Caucaia (CE) rumo a São Luís (MA), passando por Teresina. Dependeria de uma térmica no Piauí e outra na capital maranhense para se justificar. Embora tenha autorização para instalação desde 2009, ainda não houve tentativa real de colocar o projeto de pé. O traçado tem 950 quilômetros de extensão passando por uma região com bom potencial para descobertas de reservas de gás natural em terra.

Usinas solares instaladas pela EMGD começarão a operar em 2021

O Diário do Comércio (MG) informa que começam a funcionar em novembro as cinco primeiras usinas de geração de energia fotovoltaica instaladas pela Empresa Mineira de Geração Distribuída (EMGD) – duas em Araçuaí, duas em Mirabela e outra em Coração de Jesus.

A EMGD prevê a contratação, até agosto, para construir mais três usinas em Taiobeiras e uma em Minas Novas, que serão concluídas em meados de 2022.

PANORAMA DA MÍDIA

Dois assuntos são destaque na mídia nesta quinta-feira (24/06): a saída de Ricardo Salles do Ministério do Meio Ambiente e denúncias feitas à Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Covid envolvendo possível compra da vacina indiana Covaxin.

Ricardo Salles deixou ontem (23/06) o cargo de ministro do Meio Ambiente após semanas de rumores de que seria demitido por causa de suposto favorecimento a madeireiros. Seu substituto é Joaquim Álvaro Pereira Leite. Até ontem secretário da Amazônia e Serviços Ambientais, o novo ministro é egresso da Sociedade Rural Brasileira, uma das mais conservadoras entidades do agronegócio brasileiro. (Valor Econômico)

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Ricardo Salles é Investigado pela Polícia Federal (PF) sob suspeita de enriquecimento a partir de negócios com empresas envolvidas em extração ilegal de madeira. A PF identificou movimentação financeira atípica de cerca de R$ 14,1 milhões de reais envolvendo o escritório de advocacia que o ex-ministro mantém com a mãe. O celular do ex-ministro somente será enviado aos Estados Unidos caso ele se recuse a fornecer a senha do dispositivo. (O Estado de S. Paulo)

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Desde o início de sua gestão, o agora ex-ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, teve suas ações contestadas por entidades ambientais e pesquisadores da área. Prometendo um “ambientalismo de resultados” e foco na poluição urbana, Salles teve sua gestão marcada pela paralisação do bilionário Fundo Amazônia, por queimadas e desmate recordes, o maior desastre ambiental do litoral brasileiro, com derramamento de óleo pela costa, ataques a ONGs ambientais e pela minimização da devastação ambiental no Brasil. Também ficou marcado pela frase sobre “passar a boiada” e mudar as regras ambientais durante a pandemia de Covid-19. (Folha de S. Paulo)

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Aliado do governo, o deputado Luis Miranda (DEM-DF) afirmou ter levado ao presidente Jair Bolsonaro, em 20 de março, denúncia sobre suposto esquema de corrupção na compra da vacina indiana Covaxin. (O Estado de S. Paulo). 

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A CPI da Covid avança na investigação sobre o processo de importação da vacina indiana Covaxin. A comissão aprovou ontem (23/06) convite para o servidor concursado Luis Ricardo Miranda, que trabalha na área de importação do Ministério da Saúde, e seu irmão, o deputado Luis Miranda (DEM-DF), prestarem depoimento nesta-sexta-feira. Luis Ricardo, considerado uma testemunha chave no caso, porque disse ao Ministério Público Federal (MPF) que sofreu pressão atípica para garantir a importação do imunizante indiano. (O Globo)