A falta de chuvas levou o Brasil a comprar mais energia de vizinhos como Argentina e Uruguai, em contraste com menos importações do Paraguai, cuja usina binacional de Itaipu também sofre com a escassez hidrológica. Especialistas ouvidos pela reportagem do Valor Econômico creem, contudo, que esse ritmo tende a diminuir com a perspectiva de mais chuvas, aumento do nível dos reservatórios, e maior geração de usinas hidrelétricas.
Dados do Ministério da Economia mostram que de janeiro a outubro de 2021 as compras de energia elétrica cresceram 63,8%, na comparação com o mesmo período do ano passado. O cenário deste ano contrasta com o do ano passado, quando as importações de energia elétrica caíram 4,8% de janeiro a outubro, na comparação com o mesmo período de 2019.
No ano pré-pandemia, as importações de energia elétrica haviam caído 11%. O recorde de importação de energia elétrica ocorreu em outubro deste ano, quando o Brasil comprou US$ 344 milhões de seus vizinhos, ultrapassando o pico anterior de fevereiro, quando havia comprado US$ 311 milhões.
Com o preço da energia em alta, empresas buscam ajuda de consultorias para reduzir conta de luz
Com a escalada das tarifas de eletricidade provocada pela crise hídrica, aumenta a busca por gestão do uso de energia por empresas – de bares e lojas a shoppings e indústrias – o que está ampliando um mercado novo de serviços para as empresas do setor elétrico, além do abastecimento e da venda de equipamentos.
De acordo com reportagem do jornal O Globo, grandes companhias e start-ups estão criando áreas dedicadas à gestão do consumo de energia para ajudar outras empresas a amenizar o impacto da conta de luz nos custos. Elas tiveram alta de até 40% na demanda este ano. Há expectativa de redução de contas em até 30%, com tecnologia para identificar desperdícios e tarifas mais baratas, como as do mercado livre. O serviço envolve consultoria, aplicativos e sensores para encontrar formas de elevar a eficiência no uso da eletricidade e baixar a fatura.
Mercado de capitais se movimenta para financiar energia solar
Segundo dados da Associação Brasileira de Energia Solar Fotovoltaica (Absolar), de 2012 até hoje, foram mais de R$ 58,2 bilhões investidos em energia solar no país e mais de 347 mil novos empregos gerados. Além disso, foram mais de R$ 15,6 bilhões em arrecadação de tributos e 13,6 milhões de toneladas de CO2 que deixaram de ser emitidas.
Reportagem do portal UOL mostra que tal movimento não passa despercebido ao mercado de capitais, que já começa a se preparar para atender a essa nova demanda por financiamento e está de olho nesse setor como uma grande oportunidade. O mercado de capitais tem ficado cada vez mais criativo na hora de estruturar operações específicas para esses novos clientes.
Exemplo disso foram emissões recentes que captaram recursos para a construção de fazendas solares através de Certificado de Recebíveis Imobiliários (CRI) verde. Por se tratar de um título verde (ESG), essas emissões ainda obtiveram outros benefícios, além daqueles que o CRI já possui, como a isenção de Imposto de Renda para pessoa física.
A reportagem ressalta que o custo para a geração de energia solar no país é bastante competitivo. Desde 2012, essa fonte teve seu preço reduzido em 80% — de US$ 100 o megawatt-hora para cerca de US$ 20. O preço fica abaixo do custo de todas as outras fontes, com exceção da geração eólica, segundo a Absolar.
Dados todos esses fatores, a tendência é surgir cada vez mais operações no mercado, com estruturas de CRIs desenhadas especificamente para financiar a expansão da capacidade instalada de energia solar. Além de financiar uma necessária transição energética, a emissão desses papéis atende também a outra demanda crescente dos investidores: a por títulos com o selo ESG.
Eneva estuda terminal de GNL em São Luiz
O Valor Econômico informa que a Eneva pretende construir um terminal de importação de gás natural liquefeito (GNL) em São Luís (MA). A companhia fechou acordo com a Servtec, para aprofundar os estudos e desenvolver em conjunto o projeto.
O empreendimento permitirá reforçar o suprimento ao Complexo Parnaíba, abrindo espaço para a renovação dos contratos de longo prazo das termelétricas existentes. Além disso, o plano da empresa é viabilizar novas usinas e o fornecimento de gás a clientes industriais na região. Ao todo, a Eneva estima que São Luís tem uma demanda potencial, no segmento não termelétrico, de 1,5 milhão de metros cúbicos diários (m3/dia).
A capital maranhense abriga indústrias como o complexo de produção de alumínio do Consórcio Alumar, controlado pela Alcoa, e uma usina de pelotização de ferro da Vale, por exemplo. O diretor de marketing, comercialização e novos negócios da Eneva, Marcelo Lopes, conta que a empresa já tem “conversas avançadas” com potenciais consumidores. Segundo ele, o terminal de GNL contribuirá também, no futuro, para reforçar o abastecimento ao Complexo Parnaíba. A empresa opera, hoje, quatro termelétricas no local, com capacidade instalada total de 1,9 gigawatts (GW), e está construindo mais duas usinas que somam 500 megawatts (MW).
PANORAMA DA MÍDIA
Empresas buscam ajuda para reduzir conta de luz – esta é a manchete de hoje (22/11) do jornal O Globo. Confirma o resumo da reportagem esta edição do MegaExpresso.
*****
Os resultados das empresas de capital aberto mantiveram no terceiro trimestre o ritmo forte apresentado desde meados do ano passado, com a alta dos preços de commodities minerais e agrícolas mais do que compensando os efeitos negativos da pandemia. No entanto, a correção recente nas cotações do minério e o aumento da pressão inflacionária sugerem que as companhias estão entrando numa fase de números mais modestos.
Dados de 298 companhias não financeiras compilados pelo Valor Data (do Valor Econômico) mostram que o lucro líquido agregado no terceiro trimestre dobrou e a receita de vendas aumentou 33% na comparação anual. Quando a comparação é com o segundo trimestre deste ano, o lucro líquido cai 37%, pressionado pelo aumento de custos. A desaceleração na comparação com o segundo trimestre aponta para o que seria uma “normalização” dos resultados, diz a estrategista de ações da XP, Jennie Li, algo que já está sendo projetado pelos analistas para o ano que vem.
*****
Dados da inflação de outubro em vários países deixam claro que o problema é global. Efeitos colaterais da covid-19 sobre a economia, combinados com choques climáticos e tecnológicos explicam o quadro, segundo economistas ouvidos pelo jornal O Estado de S. Paulo. No Brasil, porém, as remarcações de preços são mais frenéticas – é um problema histórico da economia nacional, agravado agora pela taxa de câmbio e pela crise hídrica.
Só que, desta vez, até americanos e europeus, acostumados com uma inflação baixíssima há décadas, têm motivos para preocupação. A inflação em 12 meses nos Estados Unidos é a maior desde 1990. No Reino Unido, a maior desde novembro de 2011. Na zona do euro, a maior em 13 anos. Ainda assim, o Brasil se destaca e integra o pequeno grupo das nações com inflação acumulada em 12 meses acima de dois dígitos, como mostra uma compilação do Banco de Compensações Internacionais (BIS, que é uma espécie de “banco central dos bancos centrais”). Com taxa de 10,7%, o País está no time da Argentina, com 51,7% em um ano até setembro, e da Turquia, com 19,6%, no mesmo período.
*****
O presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), afirmou, em entrevista à Folha de S. Paulo, publicada na edição desta segunda-feira (22/11), que seu plano de reeleição ao comando da Casa não depende da vitória do presidente Jair Bolsonaro nas urnas em 2022. “A vida do presidente Bolsonaro é uma. A minha vida é outra”, diz Lira, rejeitando a tese de que a manutenção de sua aliança com o Planalto possa prejudicar seu projeto político.