Reportagem publicada na edição desta quinta-feira (23/09) do Valor Econômico aborda a agenda de leilões que o setor elétrico tem de setembro a dezembro e ressalta que os certames entraram no radar de empreendedores.
São três leilões para contratação de energia, estruturados com o objetivo de fazer frente tanto às necessidades de médio e longo prazo do sistema brasileiro, quanto aos problemas criados pela atual escassez de chuva, explica o jornal.
Na semana que vem, acontece o leilão “A-5”, que visa expandir o parque gerador no médio prazo, contratando usinas para iniciar atividade em 2026. Para outubro, está previsto o leilão emergencial relacionado à crise hídrica que o país enfrenta nesse momento. Já em dezembro, o governo realiza o primeiro leilão para contratar potência de forma dissociada do produto “energia”.
Ainda de acordo com a reportagem, no mercado, geradores térmicos veem mais oportunidades no leilão de potência, que será totalmente dedicado à fonte, e também na licitação emergencial – ainda que, nesse caso, os prazos sejam desafiadores. Já as renováveis devem ganhar mais espaço no certame “A-5”, repetindo a tendência observada dos últimos leilões. Em todos os casos, os volumes de contratação por parte do governo e das distribuidoras são incertos, mas a oferta tende a ser grande.
A grande novidade, que não estava prevista na agenda do setor, é a compra de energia de reserva, organizada às pressas como mais uma medida de enfrentamento da crise hídrica. A proposta é angariar mais energia para o sistema entre 2022 e 2025, aliviando as hidrelétricas e ajudando na recuperação dos reservatórios.
Eletrobras quer fonte renovável para Amazônia
O Valor Econômico informa que o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) e a Eletrobras costuram uma parceria para promover estudos sobre a substituição do óleo diesel por fontes renováveis, como eólica e solar, na geração de energia elétrica na Amazônia.
Ainda a ser assinado, o acordo faz parte do compromisso “Pactos de Energia”, assumido por empresas na Organização das Nações Unidas (ONU). O diagnóstico deve ser concluído em três anos e prevê um plano de implementação. A Eletrobras deve investir R$ 3 bilhões em dez anos em projetos na Amazônia, a maior parte em estudos sobre fontes renováveis.
É inescapável a necessidade de ampliar a geração controlável, diz secretário do MME
Em evento on-line organizado ontem (22/09) pelos jornais Valor Econômico e O Globo, com foco na crise hídrica, o secretário de energia elétrica do Ministério de Minas e Energia (MME), Christiano Vieira, defendeu a necessidade de o país ampliar a participação de usinas de geração elétrica despacháveis, ou seja, que possam ser acionadas a qualquer momento, em meio à ampliação da oferta de fontes intermitentes, como solar e eólica, que dependem de condições climáticas favoráveis para produzir energia.
“É inescapável a necessidade de que, à medida que ampliamos a oferta de energia solar e eólica, ampliemos também a geração controlável, como termelétrica a gás, biomassa, nuclear ou hidrelétricas com reservatórios. Precisamos ter recursos despacháveis no sistema para se contrapor a intermitência. A diversificação é um atributo fundamental para a resiliência”, disse.
O secretário explicou também que ainda não há certeza sobre o comportamento das chuvas no período úmido entre dezembro de 2021 e março de 2022. Ele disse, no entanto, que mesmo em meio à atual seca, o suprimento de energia está garantido neste ano e no próximo, devido às medidas adotadas para lidar com a crise e à entrada em operação de novos projetos de transmissão e geração. A íntegra da transmissão, com duas horas de duração, pode ser acessada neste link.
Sete das nove hidrelétricas de MG estão com reservatórios operando a 20%
O longo período de estiagem, seguido da redução drástica no nível dos reservatórios das hidrelétricas em Minas Gerais, chegou a um ponto tão dramático que autoridades do setor e até o governador Romeu Zema (Novo) já veem como irreversível o risco de colapso no fornecimento de energia elétrica no estado, o que, em outras palavras, significa que pode faltar luz – e isso está para ocorrer a qualquer momento, ressalta reportagem publicada nesta quinta-feira (23/09) pelo portal de notícias Hoje em Dia.
“A qualquer momento nós corremos risco de ter algumas regiões desabastecidas por energia elétrica. O nosso sistema está operando, hoje, no limite, apesar de todas as usinas termelétricas estarem funcionando”, afirmou ontem Romeu Zema, durante evento que marcou a abertura do processo de tombamento dos Lagos de Furnas e Peixoto.
Conforme explica a reportagem, em Minas, sete das nove usinas estão com os reservatórios operando com níveis abaixo de 20% da capacidade. A situação mais crítica é em Marimbondo, com volume atual de apenas 8,76% da capacidade. Na semana passada, o Instituto Mineiro de Gestão das Águas (Igam) publicou uma portaria estabelecendo o racionamento, para fins de irrigação e indústria, do uso das águas do rio Suaçuí Grande.
Segundo o diretor-geral do órgão, Marcelo da Fonseca, não está descartada a extensão da medida também para a população em geral, o que vai depender da forma como as concessionárias vão administrar a escassez. “Na prática, há uma redução da disponibilidade (de água) para ser fornecida aos usuários”, afirmou.
PANORAMA DA MÍDIA
O Comitê de Política Monetária (Copom) aumentou ontem (22/09) os juros de 5,25% para 6,25% ao ano, indicando uma nova alta de 1 ponto percentual na próxima reunião. A notícia é o principal destaque da edição desta quinta-feira dos jornais Valor Econômico e O Estado de S. Paulo.
Na visão do colegiado, é preciso seguir avançando no “território contracionista”, ou seja, elevar a Selic para esfriar a economia e controlar a inflação. Ontem, o Copom disse que o ritmo de alta dos juros é o melhor não apenas para cumprir as metas de inflação, mas também para obter novas informações sobre o estado da atividade e a persistência dos choques inflacionários. (Valor Econômico)
Este foi o quinto aumento consecutivo dos juros e o segundo em sequência nessa magnitude, após três altas iniciais de 0,75 ponto porcentual. Após uma piora nas perspectivas para a inflação no último mês, alguns economistas chegaram a considerar que o Copom faria um aumento ainda maior, acima de 1 ponto, o que não aconteceu. Com a decisão, a Selic está no maior nível em dois anos, superando o patamar de agosto de 2019 – antes da pandemia de covid-19. (O Estado de S. Paulo)
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Os jornais O Globo e Folha de S. Paulo trazem, como destaque, novas revelações sobre a atuação da operadora de saúde Prevent Senior no tratamento de pacientes com covid-19. O diretor-executivo da Prevent Senior, Pedro Benedito Batista Júnior, afirmou ontem (22/09), em depoimento à Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Covid que a operadora adotou procedimento para alterar o código de diagnóstico dos pacientes com Covid-19, fazendo com que a doença deixasse de ser mencionada após determinados dias de internação. (Folha de S. Paulo)
O Ministério da Saúde determinou, desde o início da pandemia, que as certidões incluam o vírus como causa da morte. Eventuais complicações derivadas da infecção também podem ser citadas, mas a causa originária deve estar descrita no atestado. Especialistas ouvidos pelo jornal O Globo afirmam que a prática admitida pela operadora (Prevent Senior) é absolutamente reprovável.