O Valor Econômico traz hoje (23/03) uma reportagem sobre a expectativa do mercado em relação ao impacto da menor demanda de energia, devido ao recuo econômico causado pela pandemia do novo coronavírus (covid-19), sobre a recuperação dos reservatórios das hidrelétricas do país.
De acordo com cálculos da comercializadora Trinity Energia, considerando um volume de chuvas de 90% do histórico para o período, os reservatórios do subsistema Sudeste/Centro-Oeste, que respondem por 70% da capacidade de acumulação de água para geração de energia do país, devem chegar ao fim do período seco com 45% da capacidade. Considerando um volume de chuva na média histórica, o nível pode chegar a 49%. Os reservatórios das duas regiões chegaram a 18,9% em igual período de 2019.
Segundo Paulo Mayon, consultor, professor da Fundação Instituto de Administração da Universidade de S. Paulo (FIA USP) e conselheiro de empresas do setor elétrico, apenas a redução da carga pode responder por uma elevação de sete pontos percentuais dos reservatórios do país. As contas consideram uma redução de 4 mil megawatts (MW) médios do consumo nos próximos três meses e uma queda de 2,3 mil MW médios nos meses seguintes até o fim do ano.
Outro efeito previsto pelos entrevistados é a possibilidade de manutenção da bandeira tarifária verde (sem aumento na conta de luz) durante todo o ano, por causa do consumo mais fraco.
De acordo com dados do Operador Nacional do Setor Elétrico (ONS), os lagos das hidrelétricas do Sudeste/Centro-Oeste estão com nível de estoque de 47,4%. A previsão do órgão para o fim deste mês é de 52% de acumulação.
Tarifa social poderá bancar até 100% das contas de luz na crise
A tarifa social de energia elétrica poderá ter o valor da subvenção ampliado para 100% das contas de luz de famílias de baixa renda, com consumo mensal de até 220 kilowatts-hora (kWh), durante três meses. O benefício, discutido entre autoridades do setor e representantes do Congresso Nacional, seria uma forma de aliviar temporariamente o peso dos serviços públicos no bolso dos mais pobres em um momento de pico do novo coronavírus (covid-19).
A informação foi divulgada ontem (22//03), pelo portal de notícias do Valor Econômico, e também, de forma ampliada, na edição impressa do jornal nesta segunda-feira.
A reportagem informa que uma minuta de medida provisória (disponível neste link) já foi discutida pelo senador Marcos Rogério (DEM-RO), presidente da Comissão de Infraestrutura do Senado, e o ministro de Minas e Energia, Bento Albuquerque, que fazia parte da comitiva presidencial aos Estados Unidos e foi infectado pelo vírus. Ele tem passado quarentena em sua casa no Rio de Janeiro e participado de reuniões por videoconferência.
Têm direito à tarifa social famílias inscritas no Cadastro Único do Ministério da Cidadania ou pessoas que recebem o Benefício de Prestação Continuada (BPC) do Ministério da Cidadania. Hoje, o desconto sobre a tarifa “cheia” de cada distribuidora de energia varia conforme o nível de consumo da residência: 65% (consumo de até 30 kWh por mês), 40% (31-100 kWh) e 10% (101-220 kWh).
Indústria do petróleo pede livre trânsito de caminhões-tanque para garantir abastecimento do país
Empresas da indústria petrolífera, desde a produção até a distribuição, estão fazendo um apelo às autoridades para que seja garantido o livre trânsito de caminhões e de pessoas que atuam no setor, para garantir a entrega normal de combustíveis em todo país.
Em nota divulgada na tarde de ontem (22/03), o Instituto Brasileiro do Petróleo (IBP), que reúne as principais empresas da indústria de óleo e gás do país, destaca que é essencial garantir o fornecimento de combustíveis e energia para todo país.
“Assim, precisamos ter garantia continuada de circulação de caminhões e pessoas essenciais a esta atividade, com a segurança necessária, em todos os estados da Federação. Cientes de que o governo federal está harmonizando eventuais restrições à circulação com governos estaduais, contamos com tal articulação para garantir a continuidade do abastecimento”, diz o IBP. (Fonte: O Globo)
Mercado espera etanol mais barato nos postos após queda de 9% nas usinas
O site Brasil Agro informa que às vésperas do início da safra 2020/2021, especialistas projetam uma baixa no preço do etanol que será cobrado ao consumidor final, principalmente depois da queda de 9% nos valores cobrados pelas usinas.
Dados do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea/USP) registram que o combustível deixou as indústrias do estado de São Paulo ao custo de R$ 1,94 até 13 de março, diante de R$ 2,10 cobrados no início do mês. Esse é o menor valor do ano. A última vez que o etanol estava abaixo dos R$ 2 foi em novembro de 2019.
Venezuela poderá fechar postos de gasolina por causa da pandemia
O governo da Venezuela deverá fechar os postos de gasolina em todo o país para preservar o estoque de combustível no período de quarentena decretada para conter o novo coronavírus. De acordo com reportagem do jornal O Estado de S. Paulo, apenas algumas dezenas dos 1,8 mil postos da Petroleos de Venezuela SA (PDVSA) permanecerão abertos, operados pelas Forças Armadas para permitir o reabastecimento de veículos médicos, de carga e de utilidade pública. A reportagem cita “fontes que pediram para não serem identificadas”, pois o plano ainda não foi anunciado.
PANORAMA DA MÍDIA
A diretoria do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) aprovou um total de R$ 55 bilhões em medidas emergenciais de reforço para o caixa das empresas e a manutenção de mais de 2 milhões de empregos, com objetivo de mitigar os efeitos da pandemia do novo coronavírus no Brasil, informa o Valor Econômico.
O valor envolvido nas ações representa quase a totalidade dos desembolsos do banco no ano passado. São quatro medidas transversais que envolvem todos os setores da economia, injetam liquidez no sistema financeiro, e que foram decididas em colaboração com os ministérios do governo Bolsonaro. Entre as iniciativas aprovadas estão a transferência de R$ 20 bilhões do Fundo PISPasep para o Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS). Outras duas são a suspensão de juros e principal de parcela relevante da carteira de crédito, em financiamentos diretos e indiretos. O BNDES também aprovou a ampliação do crédito para micro, pequenas e médias empresas (MPMEs), por meio dos bancos parceiros, no valor de R$ 5 bilhões.
Empresários pedem um Plano Marshall para evitar colapso, destaca o jornal O Estado de S. Paulo. O Plano Marshall foi o pacote de reconstrução da Europa depois da Segunda Guerra Mundial. A crise desencadeada pela disseminação do novo coronavírus (convid-19) provocará grande impacto no sistema de saúde brasileiro, mas os estragos na economia real serão muito mais profundos, com possibilidade de gerar um caos social no país.
O presidente da XP Investimentos, Guilherme Benchimol, disse que vê um risco de crescimento do desemprego para mais de 40 milhões de brasileiros em decorrência da pandemia do covid-19. As afirmações foram feitas numa transmissão de duas horas pela internet, promovida pela XP Investimentos. Participaram o presidente da CSN, Benjamin Steinbruch, o presidente da Eletrobras, Wilson Ferreira Júnior, o presidente da Stone (startup de processamento de cartões), André Street e o fundador da construtora MRV, Rubens Menin.
O jornal O Globo informa que os primeiros testes rápidos para detecção do novo coronavírus, dentro da promessa feita pelo Ministério da Saúde de providenciar até dez milhões de unidades nas próximas semanas, serão fornecidos por uma empresa da China. Assim que chegarem, serão testados profissionais de saúde afastados do trabalho em razão de sintomas relacionados à doença. A informação foi dada pelo ministério em entrevista coletiva à imprensa, no fim da tarde de ontem (22/03). Na ocasião, o ministério divulgou que já estão confirmados mais de 1.546 casos de covid-19 no país, com 25 mortes.
Pesquisa realizada pelo Instituto Datafolha indica que o presidente Jair Bolsonaro tem sua gestão da pandemia de covid-19 aprovada por 35% dos entrevistados, enquanto governadores são vistos como ótimos ou bons em seu trabalho por 54%. A atuação do ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, tem 55% de aprovação. Feita por telefone, a pesquisa ouviu 1.558 pessoas de 18 a 20 de março. As informações foram publicadas pela Folha de S. Paulo em sua edição desta segunda-feira (23/03).