Em reportagem publicada hoje (11/07), o Valor Econômico informa que dados da Associação Brasileira dos Comercializadores de Energia (Abraceel) apontam que 24% de toda a expansão da geração em construção até 2023 terá como destino o mercado livre, sendo 80% da energia proveniente das fontes eólica e solar e também de pequenas centrais hidrelétricas (PCHs). Como a demanda nos leilões tem sido baixa, os empreendedores estão vendendo uma fatia pequena de seus projetos de energia renovável no mercado cativo a preços significativamente baixos, apenas para assegurar conexão à rede. O restante está sendo alvo de contratos no mercado livre, na forma de energia incentivada, o que garante um desconto na tarifa de transmissão que é subsidiado por meio de encargos cobrados de todos os consumidores do país.
O Valor entrevistou especialistas do setor sobre o tema, para quem a contratação de geração voltada para o mercado livre deve ser celebrada por ser um avanço no desenvolvimento do mercado brasileiro. Para eles, a concentração dos novos projetos em fontes renováveis, contudo, acende um alerta referente ao planejamento do sistema. O modelo “híbrido” entre mercados livre e regulado não traz uma solução equilibrada para a expansão do segmento, pois custos referentes aos chamados “atributos” das fontes renováveis (como a intermitência) seguem custeados pelo consumidor cativo, que compra energia por meio das distribuidoras.
Para esta reportagem, o Valor ouviu representantes da Empresa de Pesquisa Energética (EPE), estatal responsável pelo planejamento energético do país, da Câmara de Comercialização de Energia Elétrica (CCEE), da Associação Brasileira dos Grandes Consumidores Industriais de Energia e de Consumidores Livres (Abrace) e consultorias do setor.
Brasil tem quase 120 mil consumidores que produzem sua própria energia
O Brasil conta com 119,5 mil unidades consumidoras que recebem energia produzida por eles próprios, por meio da geração distribuída. Os dados são da Associação Brasileira de Geração Distribuída (ABGD), a partir da base de dados da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel). Para atender a todos esses consumidores, o país já conta com mais de 1 gigawatt (GW) de potência instalada em 87 mil unidades geradoras. As informações foram publicadas hoje (11/07) pelo jornal O Estado de S. Paulo.
Estatal boliviana pretende comprar ações da Petrobras em gasoduto
Após a Petrobras assinar um acordo com o Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) para vender suas participações em ativos de gás natural no Brasil, a estatal petrolífera boliviana YPFB mostrou interesse em ampliar sua fatia no Gasoduto Brasil-Bolívia (GasBol). A Petrobras controla a empresa TBG, dona do gasoduto, com 51% das ações e se comprometeu a vender essa participação. A YPFB, que tem 12% da TBG, informou ontem (10/07), em comunicado, que tem interesse em comprar ações da estatal brasileira no empreendimento. As informações foram publicadas por diferentes veículos, entre eles os jornais O Globo e O Estado de S. Paulo.
PANORAMA DA MÍDIA
A Câmara dos Deputados aprovou ontem (10/07), por 379 votos a 131, o texto principal da reforma da Previdência, que prevê que os homens só poderão se aposentar com, no mínimo, 65 anos de idade e as mulheres, com 62. O texto também muda as alíquotas previdenciárias, reduz o valor de aposentadorias e pensões e restringe o pagamento do abono salarial. As alterações devem ter impacto fiscal de cerca de R$ 1 trilhão em dez anos e diminuir o elevado déficit do sistema.
O resultado foi comemorado por deputados e emocionou o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), principal artífice da formação da maioria. A votação foi bem mais expressiva do que esperava o governo – 71 votos além do necessário. A sessão foi encerrada ontem pouco antes das 21h, após a rejeição do primeiro destaque, que abrandava as regras de aposentadoria dos professores. A votação dos outros 14 destaques parlamentares será retomada hoje (11/07). Esse é o texto da matéria do Valor Econômico, que assim como os principais jornais do país, deu destaque à aprovação de novas regras para as aposentadorias.
Em manchete, os jornais O Globo e O Estado de S. Paulo atribuem ao presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), a vitória de ontem em plenário. Além de reportagens e análises sobre o tema, o Globo publicou hoje um editorial em que aponta avanços e perda de oportunidade na reforma. Entre os avanços, o jornal cita a fixação de idade mínima para homens e mulheres se aposentarem e a contribuição progressiva à Previdência, de acordo com as faixas salariais. Como perda de oportunidade para o aperfeiçoamento do sistema, o Globo aponta concessões feitas a corporações de servidores públicos, que conseguiram manter seus privilégios e não participarão do esforço pela “correção de distorções sociais como prometido pelo Ministério da Economia”.
A Folha de S. Paulo também avaliou como positiva a reforma aprovada ontem e analisou, na coluna Painel, o pronunciamento do presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), como um anúncio de que o Congresso tem agenda própria para o país. “As linhas gerais dos próximos passos do Congresso foram delineadas também no discurso de Maia: reforma tributária e administrativa. “Os detalhes desse macroprojeto serão alinhavados no recesso. Maia e o presidente do Senado, Davi Alcolumbre (DEM-AP), vão dedicar boa parte do período a isso.”
O Correio Braziliense destaca a aprovação da proposta com “votação surpreendente” – 379 votos a favor, entre os 513 deputados. O jornal informa, ainda, que o presidente do Senado prevê 45 dias para votar o texto, após o recesso parlamentar.
