O crescimento do mercado livre de energia elétrica no país teve impacto positivo nos negócios dos fabricantes de equipamentos para o setor, avalia André Clark, general manager da Siemens Energy Brasil, um dos maiores fornecedores mundiais de tecnologia energética, com um portfólio que inclui turbinas a gás e a vapor, usinas híbridas operadas com hidrogênio, geradores e transformadores.
Em entrevista ao Valor Econômico, ele disse que apesar de não terem ocorridos leilões de geração este ano, o mercado livre continuou a realizar contratos de compra de energia renovável, novos PPAs (em inglês Power Purchase Agreement), criando demandas para a construção de novos ativos, em especial nas áreas de eólica e solar.
“Isso também fez com que os parques solares e eólicos crescessem de tamanho e magnitude, exigindo equipamentos de maior porte e responsabilidade”, afirmou. “O fato é que a demanda por esse tipo de equipamento atravessou o ano de 2020 de forma muito satisfatória”, afirma.
O executivo informou que um dos projetos mais importantes da Siemens é a construção da usina Energia de Gás Natural Açu (GNA 1) em Porto de Açu, no estado do Rio de Janeiro, com capacidade de 1,3 gigawatts (GW) e previsão para operar em 2021.
Para Roberto Veiga, presidente do Conselho de Energia Eólica e do GT de Energia Solar Fotovoltaica da Associação Brasileira da Indústria de Máquinas (Abimaq), também ouvido pela reportagem, o mercado livre impulsiona principalmente a indústria de equipamentos para geração de energia de fontes renováveis, porque proporciona melhores valores por MWh se comparados com os valores dos leilões de energia do mercado regulado. “O gerador recebe mais por MWh no mercado livre do que no regulado e isso incentiva e viabiliza novos investimentos em usinas de geração de energia, o que aumenta a demanda por equipamentos no mercado.”
Leilão de transmissão na mídia
Os jornais desta sexta-feira (18/12) trazem informações sobre o leilão de transmissão de energia elétrica realizado ontem (17/12) pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel).
Os principais destaques são a atração de R$ 7,34 bilhões para o setor, em compromissos de investimentos assumidos pelos vencedores, e o desempenho da pouco conhecida MEZ Energia. São da empresa os consórcios Saint Nicholas I e II, que arremataram juntos cinco dos 11 lotes ofertados no certame.
Com isso, a empresa se comprometeu em investir R$ 2,39 bilhões, desbancando transmissoras tradicionais, como ISA Cteep e Taesa, e também elétricas de grande porte, como EDP Energias do Brasil, Energisa, Neoenergia, Eletrobras e Copel.
O certame teve participação de 55 empresas, sendo 37 nacionais e 18 estrangeiras. Para o diretor-geral da Aneel, André Pepitone, a disputa atesta que o quadro regulatório do setor é considerado seguro por investidores. (O Estado de S. Paulo / O Globo / Valor Econômico / Folha de S. Paulo)
Grandes projetos hidrelétricos no Norte estão em cheque
Anunciada em 2011 como projeto estratégico para o setor elétrico brasileiro, a Usina Hidrelétrica de São Luiz do Tapajós não saiu do papel. O licenciamento da usina, com 6,1 GW de capacidade, foi suspenso pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e Recursos Naturais Renováveis (Ibama) em 2016, depois que a Fundação Nacional do Índio (Funai) apontou a inviabilidade do projeto, em função do impacto sobre as comunidades indígenas.
Outras usinas planejadas também tiveram dificuldade para sair do papel, apesar dos planos do governo de impulsionar a geração hidrelétrica na região Norte. Esse é o tema de uma das reportagens que o Valor Econômico traz hoje (18/12), em suplemente especial sobre energia.
O jornal destaca que a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) tem mapeados cerca de 15 GW de capacidade hidrelétrica na região. Segundo a Empresa de Pesquisa Energética (EPE), 64% do potencial hidrelétrico remanescente no país está no Norte, mas há dificuldade em viabilizar os projetos. Em maio, a Aneel prorrogou até o final de 2021 o prazo para a conclusão de estudos sobre três usinas na região Norte: Cachoeira do Caí, Cachoeira dos Patos e Jamanxim, localizados no Pará, na Bacia do Rio Tapajós.
PANORAMA DA MÍDIA
O Supremo Tribunal Federal (STF) permitiu ontem (17/12) que o poder público declare obrigatória a vacinação contra a covid-19, desde que as pessoas não sejam forçadas a se submeter à imunização contra a vontade própria. Os ministros declararam que a obrigatoriedade deve ser imposta por meio indireto – ou seja, quem não tomar a vacina pode ser impedido de frequentar determinados lugares, como escolas e transporte público.
A decisão do STF é o principal destaque na edição desta sexta-feira (18/12) dos jornais O Globo, O Estado de S. Paulo e Folha de S. Paulo. Na opinião de Natalia Pasternak, microbiologista, presidente do Instituto Questão de Ciência e colunista do jornal O Globo, a vacinação no Brasil já é obrigatória, e discutir a vacinação forçada pode aumentar o medo das pessoas e dar embasamento ao movimento antivacina.
“É óbvio que ninguém vai ser coagido a ser vacinado. E a vacinação já é obrigatória e já existem sanções, como não receber benefícios do governo federal como o Bolsa Família e não tomar posse de alguns cargos públicos. Discutir o absurdo de vacinar alguém à força é extremamente negativo para população, porque ela passa a ficar desconfiada e não percebe que a vacinação no Brasil sempre foi indiretamente obrigatória”, argumentou.
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A manchete da edição de hoje (18/12) do Valor Econômico é o resultado leilão de transmissão realizado ontem pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel).