Reportagem publicada na edição deste domingo (09/05) da Folha de S. Paulo indica que pouco mais de cinco meses após o apagão que deixou grande parte do Amapá com falta de energia por 22 dias, em novembro de 2020, o sistema elétrico do norte do país ainda convive com consequências da crise, que levou a um revezamento de transformadores entre instalações do Norte e Nordeste.
Na semana passada, a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) estabeleceu prazos para que a operadora da subestação responsável pelo apagão finalmente reponha os equipamentos danificados pela explosão que deu início ao apagão e devolva aqueles emprestados para manter o fornecimento de energia ao Amapá. O remanejamento de transformadores só não trouxe problemas maiores pelo atraso na projeção de operações de uma térmica em Boa Vista (RR), que demandaria o uso do equipamento que foi deslocado para Macapá. Com atraso das obras pela pandemia, a usina só deve iniciar as operações em janeiro.
A empresa Linhas de Macapá Transmissora de Energia (LMTE), operadora da subestação de Macapá, diz que vai cumprir os prazos estabelecidos pela Aneel, que preveem a entrega dos equipamentos até o fim agosto. A companhia optou pela compra de dois novos equipamentos, em vez de reparar os que foram danificados.
O apagão do Amapá foi provocado por uma explosão em um transformador da subestação Macapá, instalação responsável por receber energia do resto do país para injetá-la na rede elétrica do estado. Em fevereiro, a Aneel aplicou multa de R$ 3,6 milhões à LMTE, alegando que falhas na manutenção contribuíram para a crise. A empresa recorre, dizendo que a penalidade foi definida antes da conclusão das investigações.
Em seu recurso a MTE diz que não foram investigadas responsabilidades de outros agentes do setor elétrico responsáveis pelo planejamento da segurança energética do Amapá. Relatório do Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS), do fim de 2020, aponta também falhas de outros agentes envolvidos no fornecimento de energia ao Amapá, como a distribuidora estadual CEA e usinas hidrelétricas instaladas no estado. Para reduzir o risco de novas ocorrências, o operador pede estudos para a construção de uma nova subestação.
Indústrias têxtil e de bebidas elevam consumo de energia em abril
As indústrias têxtil e de bebidas tiveram aumento significativo no consumo de energia elétrica em abril, segundo levantamento da Câmara de Comercialização de Energia Elétrica (CCEE), que avalia o movimento como um sinal da recuperação gradual.
No ramo têxtil, a demanda saltou 98,2% em comparação com o mesmo período de 2020, quando a produção estava praticamente parada, conforme indicam dados da CCEE. A indústria de bebidas também avançou, com alta de 56,7% no consumo de energia no mês passado. Segundo a CCEE, o resultado é reflexo da produção que se manteve em patamar elevado na pandemia. (Folha de S. Paulo)
Empresas investem no ‘retrofit’ de veículos a combustão para elétricos
Reportagem do jornal O Estado de S. Paulo explica que o retrofit consiste em retirar dos veículos todos os componentes ligados ao sistema de combustão, como alternador, compressor de ar, bombas de água e hidráulica, transmissão, sistema de exaustão, tanque de combustível e filtros. No seu lugar, entram inversores de tração e auxiliar, arrefecimento de radiador, bomba de água, conjunto de bomba hidráulica, transmissão automática, motor de tração, conversor e bateria de lítio. Os únicos itens importados são a bateria e o plug do carregador.
Como exemplo, a reportagem cita a conversão do carro-forte da transportadora de Valores Protege, que envolveu o sistema de tração e também a carroceria. O motor a diesel foi retirado da frente do veículo, enquanto o elétrico foi para o piso e a bateria para a parte traseira do veículo. A mudança permitiu ampliar a área do cofre e a do habitáculo. Com isso, há mais espaço para transportar, além de dinheiro, itens como celulares e medicamentos e mais conforto para os quatro ocupantes da cabine.
PANORAMA DA MÍDIA
A Folha de S. Paulo traz hoje (09/05), como destaque, a saída recente de multinacionais do Brasil. Para economistas ouvidos pela reportagem, esse movimento sinaliza a deterioração do cenário econômico local para os próximos anos. Como exemplos, a reportagem cita a montadora americana Ford, há mais de cem anos no Brasil, que preferiu sair daqui e manter a fábrica na Argentina na reestruturação global que está promovendo.
A espanhola Cabify desistiu do país alegando que a crise dificulta o avanço do serviço de carona. A cimenteira franco-suíça LafargeHolcim, a maior do ramo no mundo, também preferiu partir, apesar de haver prognósticos positivos para a construção no Brasil. A nipônica Sony decidiu não mais fabricar ou mesmo vender no país TVs, equipamentos de áudio e câmeras, abandonando a Zona Franca de Manaus, polo que garante isenções tributárias. Foram-se também a farmacêutica suíça Roche e o laboratório americano Eli Lilly. A varejista francesa L’Occitane fechou lojas no país, e a americana Walmart, maior rede de varejo do mundo, repassou os ativos no país.
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Ainda em sua edição de hoje (09/05), a Folha de S. Paulo informa que a economia brasileira sofreu menos com o recrudescimento da pandemia neste início de 2021, em relação ao impacto verificado em março e abril do ano passado. Indicadores de atividade deste ano mostram que a queda da atividade em março ficou abaixo do esperado e foi seguida por recuperação em abril e início de maio.
Ainda assim, conforme explica a reportagem, os números estão praticamente no mesmo patamar do final do ano passado, e as perspectivas são de uma retomada forte apenas no segundo semestre, com o avanço no programa de vacinação. A divulgação dos dados de março, da indústria e do comércio, nesta semana, contribuíram para que vários economistas revisassem para cima as projeções de crescimento neste ano.
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O jornal O Estado de S. Paulo informa que m esquema montado pelo presidente Jair Bolsonaro, no final do ano passado, para aumentar sua base de apoio no Congresso, criou um orçamento paralelo de R$ 3 milhões em emendas, boa parte delas destinada à compra de tratores e equipamentos agrícolas por preços até 259% acima dos valores de referência fixados pelo governo.
De acordo com a reportagem, o manejo de dinheiro público aparece num conjunto de 101 ofícios enviados por deputados e senadores ao Ministério do Desenvolvimento Regional e órgãos vinculados para indicar como eles preferiam usar os recursos.
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O topo da carreira nas Forças Armadas reproduz a desigualdade existente em outras instâncias de comando de instituições públicas e empresas privadas no país. Documentos de Marinha e Aeronáutica, obtidos pelo jornal O Globo, via Lei de Acesso à Informação, mostram que apenas três integrantes da elite — todos da Força Aérea — se declaram pretos, em um universo de 228 militares do alto escalão. A representação de pretos na elite militar é apenas um quinto daquela encontrada na sociedade brasileira como um todo.