O jornal O Globo informa que a Eletronuclear vai retomar no fim de junho o processo para concluir as obras da usina nuclear de Angra 3, localizada em Angra dos Reis, no Rio de Janeiro. De acordo com a reportagem, a retomada da construção, que estava marcada para o dia 20 de maio, precisou ser adiada por conta de um novo aumento de custos, desta vez a alta nos preços de matérias-primas essenciais para a construção civil.
A usina de Angra 3 já consumiu investimentos de R$ 8 bilhões e tem apenas 65% das obras físicas concluídas. Mais R$ 15 bilhões estão previstos para finalizar o empreendimento. Em entrevista ao Globo, Leonam Guimarães, presidente da Eletronuclear, explicou que o novo edital tem objetivo de construir os chamados prédios nucleares, como os que vão abrigar o reator nuclear.
A construção dos prédios era estimada em R$ 305 milhões, mas uma nova previsão elevou o montante a R$ 340 milhões. Guimarães destacou que, além da revisão no orçamento, as 22 empresas que mostraram interesse em participar do processo de construção dos prédios pediram mais prazo.
O presidente da Eletronuclear lembra que o edital será o primeiro de uma série de licitações que ocorrerão neste ano. Ele citou ainda projetos relativos à montagem da parte eletromecânica e pacotes para a conclusão do projeto de engenharia, que fazem parte do chamado Plano de Aceleração do Caminho Crítico do Empreendimento.
Programa para uso do hidrogênio será anunciado em 60 dias, diz ministro
O governo pretende anunciar em 60 dias seu programa nacional para uso do hidrogênio, disse ontem (03/06) o ministro de Minas e Energia, Bento Albuquerque, na XII Reunião Ministerial de Energia Limpa (CEM). O evento congrega 29 países e a Comissão Europeia. O programa estimulará a pesquisa e o investimento no uso do hidrogênio e é uma iniciativa fundamental do governo brasileiro para descarbonizar sua matriz energética, disse em seu discurso.
Bento Albuquerque também mencionou o programa Combustível para o Futuro, que igualmente procura elevar o uso de combustíveis sustentáveis no país. O país também aderiu à linha de trabalho dedicada a apoiar a expansão da energia nuclear como energia limpa e que contribui para a mitigação da mudança do clima, informou em nota o Ministério de Minas e Energia.
“Esses novos esforços se somam ao trabalho que já vem sendo realizado pelo Brasil nas duas esferas, nas áreas de planejamento energético, flexibilidade dos sistemas elétricos, bioenergia e fortalecimento de dados sobre investimentos em pesquisa e desenvolvimento em energia limpa no Brasil.” (Valor Econômico)
Usinas do Sudeste e Centro-Oeste podem terminar 2021 com até 10% de capacidade, mas sem racionamento
Em entrevista à Folha de S. Paulo, consultoria que ajudou o governo no racionamento de 2001, a PSR Energy, avalia, em relatório divulgado na quarta-feira (02/06) que não haverá necessidade de cortes de energia em 2021. A situação do setor elétrico, diz, “é preocupante, mas não alarmante”.
A consultoria avaliou dois cenários das condições hídricas até o fim do ano. No primeiro, conservador, considera que o nível de chuvas sobre os reservatórios será equivalente ao de 2020, que foi o pior da história. No segundo, de estresse, considera chuvas equivalentes a 90% do volume verificado em 2020 e alta de 3% na demanda.
“Não foram observados cortes de energia ou de potência em ambas as simulações”, diz a consultoria, que prevê que os reservatórios das regiões Sudeste e Centro-Oeste cheguem ao fim do ano com algo entre 10% (no cenário estressado) e 22% (numa projeção mais conservadora) de sua capacidade de armazenar energia, de acordo com o cenário pesquisado.
Atualmente, eles estão com 32% da capacidade de armazenamento, mesmo nível observado antes do racionamento de 2001 e da crise hídrica de 2015, o que vem levando especialistas a alertar sobre riscos de abastecimento, principalmente em caso de retomada econômica mais acelerada.
Restauração da Mata Atlântica pode melhorar situação climática e a imagem do país
A contribuição do Brasil para a crise climática pode ocorrer também com o fim do desmatamento da Mata Atlântica, o bioma mais ameaçado do país, e sua regeneração. Existe governança para a recuperação do ecossistema, que poderia se transformar em uma referência global para a restauração de uma floresta tropical. Além disso, é uma ação fundamental para minimizar os efeitos da crise hídrica em vários estados do país.
É o que defendem, em carta publicada recentemente na “Nature Climate Change”, Luís Fernando Guedes Pinto, diretor de conhecimento da Fundação SOS Mata Atlântica e Maurício Voivodic, diretor-executivo do WWF-Brasil. A intenção é colocar a Mata Atlântica no foco internacional e impulsionar a regeneração do bioma em um momento em que as Nações Unidas declaram 2021-2030 como a Década da Restauração dos Ecossistemas.
“A Mata Atlântica é famosa nacional e internacionalmente por ser um dos biomas mais biodiversos do mundo”, diz Guedes Pinto. “Mas estava fora da agenda de clima”. A Mata Atlântica é um hostspot de biodiversidade, conceito que define áreas muito ricas em natureza, com 1.500 espécies endêmicas (que só existem naquela região) e muito ameaçadas. Eliminar o desmatamento e restaurar são elementos-chave, ao lado da transição dos combustíveis fósseis para energias renováveis-, para que o mundo consiga conter o aumento da temperatura em 1,5°C até 2100, como está no Acordo de Paris. (Valor Econômico)
PANORAMA DA MÍDIA
O principal destaque da edição desta sexta-feira (04/06) do Valor Econômico é o trabalho remoto. A reportagem ressalta que apenas 17,8% dos trabalhadores brasileiros têm condições mínimas de infraestrutura, como computador, acesso à eletricidade e internet, para trabalharem de casa.
Segundo estudo do Instituto Brasileiro de Economia da FGV (FGV Ibre), o total poderia chegar a 25,5% se fossem consideradas todas as atividades aptas ao trabalho remoto e se os profissionais tivessem acesso à infraestrutura necessária. Na prática, porém, de acordo com dados do IBGE, o maior índice de pessoas que trabalharam de casa durante a pandemia foi de 10,4% em junho do ano passado. Em países desenvolvidos, como Reino Unido, Estados Unidos e Dinamarca, o potencial para o trabalho remoto fica em torno de 40%.
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A decisão do comandante do Exército, general Paulo Sérgio Nogueira de Oliveira, de livrar o general da ativa Eduardo Pazuello, ex-ministro da Saúde, de qualquer punição por ter participado de um ato político do presidente Jair Bolsonaro, é destaque na mídia.
Oliveira acatou o argumento de Bolsonaro, Pazuello e generais da reserva que integram o governo. Para eles, o ato político no Rio de Janeiro, no último dia 23 de maio, não teve conotação partidária, o que é proibido por regras e normas disciplinares internas do Exército, informa a Folha de S. Paulo.
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O jornal O Estado de S. Paulo ressalta que a decisão do comandante do Exército foi recebida com “silêncio e constrangimento”. De acordo com a reportagem, informalmente, o efetivo militar se divide entre os “operacionais” e os “políticos” – sendo esses geralmente os articuladores dos interesses da Força, cabendo aos primeiros cuidar da prontidão para emprego em caso de mobilização. Ontem (03/06), depois da divulgação da opção pela blindagem de Pazuello por pressão do presidente Jair Bolsonaro, poucos oficiais se dispuseram a fazer comentários.
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O jornal O Globo ouviu o professor da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) Carlos Fico, especialista em estudos sobre assuntos militares, que avalia como “inédita posição de submissão” a decisão do Exército de arquivar o procedimento administrativo que havia sido instaurado contra o ex-ministro e general da ativa Eduardo Pazuello.