Com o objetivo de deslanchar o mercado de eficiência energética no país, o governo lança hoje (08/09) um programa para apoiar pequenas e médias indústrias na implementação de soluções que proporcionem um consumo mais racional de energia e menor utilização de combustíveis fósseis, informa o Valor Econômico.
Chamado de “PotencializEE”, o programa é liderado pelo Ministério de Minas e Energia (MME) e foi estruturado em parceria com a GIZ – Agência Alemã de Cooperação Internacional – e o Senai-SP. A iniciativa conta com recursos da ordem de R$ 110 milhões, proporcionados pelo Ministério do Meio Ambiente, Conservação da Natureza e Segurança Nuclear da Alemanha e da União Europeia.
A proposta, que começou a ser concebida em 2017, é oferecer suporte técnico e crédito acessível para que pequenas empresas possam apostar em ações de eficiência energética, explica Marco Schiewe, porta-voz da GIZ e diretor de programa. “Num primeiro momento, o desenvolvimento vai acontecer no estado de São Paulo, por ser a região com maior concentração de PME industriais no país. Mas pretendemos trabalhar no futuro a nível nacional”.
Com crises política e hídrica, taxa de investimento deve manter ritmo fraco
Os investimentos, há muito tempo em nível insuficiente para garantir um crescimento sustentado da economia, devem manter um quadro de estagnação, ou de alta muito lenta, até pelo menos o próximo ano, segundo especialistas ouvidos ela reportagem do jornal O Estado de S. Paulo.
O quadro, que já não é dos mais positivos, deve ser agravado pela crise político-institucional e também pela crise hídrica. No 2.º trimestre, segundo dados do Produto Interno Bruto (PIB) anunciados na semana passada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), os investimentos caíram 3,6% em relação ao 1.º trimestre. Com isso, a taxa de investimentos (o total de aportes como proporção do PIB) ficou em 18,2%, bem inferior aos 32,9% médios registrados nos países emergentes e também abaixo da média de 22% das economias desenvolvidas, conforme o Fundo Monetário Internacional (FMI).
Data centers e grandes empresas reforçam medidas antiapagão
Reportagem do Valor Econômico mostra que grandes centros de dados e empresas que possuem data centers internos reforçam planos de contingência para garantir a geração de energia, em caso de apagão. Além das medidas emergenciais para manter seus centros de dados funcionando, a agenda ambiental, social e de governança (ESG, na sigla em inglês) de empresas como o banco Itaú, a farmacêutica Novartis e a operadora Oi prevê medidas de redução do consumo energético.
Em seus data centers, isso inclui trocas de servidores, atualização de aparelhos de ar-condicionado e a busca por fontes renováveis. A meta da Oi é aumentar o uso de fontes renováveis de energia de 50% para 80% até 2022, chegando a 100% até 2025. Já a Novartis iniciou a instalação de painéis de energia solar, em sua sede, em São Paulo, com previsão de completar o projeto até o fim de 2022, e atualizou o sistema de ar-condicionado por modelos mais eficientes. O Itaú, que compra energia renovável no mercado livre, conseguiu reduzir em 60% o consumo dos climatizadores em seus data centers fazendo monitoramento com algoritmos inteligentes.
A reportagem ressalta que cerca de 60% a 80% dos custos de um centro de armazenamento de dados são com energia. A digitalização cada vez maior da economia aumenta a demanda por essa infraestrutura. Segundo estimativas da consultoria Boston Consulting Group (BCG), 8% da energia disponível no mundo será consumida por data centers até 2030.
Mudanças no clima desafiam a gestão de risco de fontes renováveis
Relatório da consultoria KPMG mostrou que as principais ameaças ao setor de energia provenientes das mudanças climáticas são os impactos adversos às fontes de geração de energia de baixo teor de carbono (como hidrelétrica, solar e eólica), a mudança do comportamento do cliente, a acessibilidade econômica e o fornecimento de energia.
A pesquisa “Uma avaliação ampliada dos riscos que afetam o sistema de energia” (An enhanced assessment of risks impacting the energy system) apontou os 20 principais riscos identificadas no curto prazo. Os especialistas observaram os impactos negativos na receita futura do setor, ao menos que sejam tomadas medidas mitigadoras. Entre esses cenários, os riscos de mudanças climáticas estão no nível de crise e os de transição de matriz estão ampliados pela liderança limitada e fragmentada de órgãos reguladores que reduzem criticamente a abordagem estratégica em relação à transição energética.
“A importância crítica para as economias, a sociedade e o meio ambiente de um sistema de energia resiliente e sustentável torna essencial que as principais dinâmicas, riscos e dependências sejam compreendidos e, previamente, tratados de forma direta em todo o setor”, afirma Anderson Dutra, sócio-líder de Energia e Recursos Naturais da KPMG no Brasil. (portal Info Solar)
2W Energia lançará usina de energia virtual e fintech nas próximas semanas para estreitar relação com consumidores
O cenário de dificuldades imposto pela escassez de chuvas traz novas oportunidades de negócios para empresas do setor elétrico, como é o caso da 2W Energia, informa o portal Petronotícias. A companhia lançará nas próximas semanas um sistema tecnológico, batizado de “2W Virtual Power Plant”, que poderá ajudar na gestão do consumo de eletricidade em tempos de crise energética.
“Existem consumidores que não conseguem reduzir a carga da forma como o governo quer, enquanto outros conseguem. Esses dois grupos precisam encontrar-se de algum jeito”, explicou o presidente da companhia, Claudio Ribeiro. “Esse sistema possibilita que a 2W seja o link que vai ligar geradores e consumidores, trabalhando nessa sobra ou falta de energia que está acontecendo neste momento”, acrescentou.
Além desse sistema de usina de energia virtual, Ribeiro revela ainda que a 2W também lançará uma fintech, a 2W Pay, que ofertará serviços financeiros para consumidores de energia. “O que queremos ser de fato é uma grande plataforma de relacionamento com o consumidor”, afirmou.
Fabricante de turbina eólica vai produzir pá reciclável
A Siemens Gamesa, que resulta da fusão dos negócios de energia eólica da Gamesa com os da alemã Siemens, acaba de lançar sua pá eólica reciclável, informa a Folha de S. Paulo. As lâminas das turbinas costumam ser feitas de uma mistura de materiais como madeira, vidro e fibra de carbono, que torna a reutilização difícil e de alto custo após a vida útil das peças.
Segundo a empresa, uma combinação de materiais é fundida com um novo tipo de resina que torna possível a separação dos componentes e a reutilização em novas aplicações. As primeiras pás recicláveis de 81 metros de comprimento estão sendo produzidas na fábrica da Siemens Gamesa, na cidade de Aalborg, na Dinamarca.
PANORAMA DA MÍDIA
Com reportagens, editoriais e análises, as manifestações de rua realizadas ontem (07/09) em todos os estados brasileiros e Distrito Federal são o principal destaque da mídia nesta quarta-feira. Além dos atos convocados pelo presidente Jair Bolsonaro, também houve manifestações da oposição em 21 capitais, embora de menores proporções.
O presidente Jair Bolsonaro escalou ontem a crise com o Judiciário. Em atos com pautas antidemocráticas convocados por ele em Brasília e São Paulo, atacou o Supremo Tribunal Federal (STF) e afirmou que não cumprirá ordens judiciais do ministro Alexandre de Moraes, a quem chamou de “canalha”. Também indicou que não vai aceitar o resultado da eleição de 2022 se o sistema eleitoral não mudar e permitir a “contagem pública de votos” – hoje, porém, a votação já é auditada. (Valor Econômico)
A manobra pode ter alguma serventia nas redes sociais. Na vida real, os preços dos alimentos sobem, as oportunidades de emprego não aparecem, os investimentos se ressentem, os jovens ficam sem a devida formação. Esse é o dia seguinte. (O Estado de S. Paulo – trecho de editorial)
A avaliação (de especialistas) é que as crises (políticas) sucessivas deixam o país mais longe de um ambiente propício ao avanço da agenda de reformas, minam a confiança dos investidores e atrapalham a atração de capital, o que tem impacto direto sobre a capacidade de crescimento do Produto Interno Bruto (PIB). “Os atos mudam pouco o quadro econômico, mas reforçam um cenário negativo mais amplo. O conflito institucional do presidente com o STF gera incertezas e dificulta o ambiente propício para retomada de investimentos. O mercado está preocupado com as contas fiscais. Quando ocorre esse tensionamento institucional, um risco alimenta o outro”, disse Christopher Garman, diretor executivo para as Américas da consultoria Eurasia. (O Globo)
Congressistas avaliam que as ameaças autoritárias no palanque expõem um governo acuado, e partidos de centro-direita indicam que vão se somar à oposição e apoiar a abertura de um processo de impeachment. (Folha de S. Paulo)