A Petrobras divulgou ontem (27/04) o seu relatório de produção e vendas do primeiro trimestre do ano e informa que os efeitos negativos da recessão global provocada pela crise de saúde pública não chegaram a impactar de forma substancial a sua performance.
A produção média de óleo, LGN (líquido de gás natural) e gás natural foi de 2.909 Mboed (milhões de barris de óleo equivalente) implicando em produção comercial de 2.606 Mboed e produção de petróleo de 2.320 Mbpd.
Tais volumes comparados ao mesmo período de 2019 representam crescimento de 14,6% na produção total, 13,3% na produção comercial e 17,7% na produção de óleo, devido a entrada em produção de plataformas em 2018 e 2019 (P-74, P-75, P-76 e P-77 no campo de Búzios, P-67 e P-69 no campo de Lula e P-68 nos campos de Berbigão e Sururu).
Ainda segundo o relatório do trimestre, a plataforma P-77, no campo de Búzios (RJ), atingiu em janeiro de 2020 a capacidade de produção de 150 Mbpd em apenas 10,4 meses.
No segmento de refino, o relatório destaca a carga média processada de destilação de 1.763 Mbpd, o que representa um fator de utilização de refino de 79% e aumento de 3% em relação ao 4º trimestre de 2019, sem impacto significativo da covid-19.
O presidente da Petrobras, Roberto Castelo Branco, afirmou que “o petróleo tem sido e será ainda por muito tempo essencial para o funcionamento da economia moderna. Estamos fortemente comprometidos em promover a resiliência da Petrobras ao cenário global extremamente hostil à indústria do petróleo. As lições aprendidas nesta crise contribuirão para nos transformar numa companhia mais forte e geradora de valor”. (Fonte: Agência Petrobras)
Estatal mantém exportação em crescimento
A Petrobras acredita que o impacto da queda da demanda global por petróleo sobre o seu volume de produção será menor do que o inicialmente esperado, informa o Valor Econômico.
No começo de abril, frente às perspectivas negativas do mercado, a companhia anunciou um corte de 200 mil barris/dia e estabeleceu em 2,07 milhões de barris/dia a sua produção para o mês. A estatal informou ontem (27/04), no entanto, que optou pelo retorno gradual de sua operação para um patamar de 2,26 milhões de barris/dia. A empresa convive com uma contração do mercado interno, mas, ao mesmo tempo, vem conseguindo manter as exportações em níveis elevados.
A reportagem destaca que, mesmo diante da crise econômica na China, sua principal parceira comercial, a Petrobras conseguiu aumentar em 19,1% as suas exportações de petróleo e derivados no primeiro trimestre, na comparação com o quarto trimestre de 2019. Os embarques totalizaram, na média, 1,031 milhão de barris diários entre janeiro e março, o que representa um salto de 56,2% frente a igual período do ano passado.
Venda de contratos derruba cotação do WTI
Os preços do petróleo caíram acentuadamente ontem (27/04) depois que o maior fundo negociado em bolsa (ETF, nas iniciais em inglês) referenciado em petróleo começou a se desvencilhar de todos os seus contratos de curto prazo, movido por temores de mais uma queda vertical do produto, para território negativo.
O petróleo tipo West Texas Intermediate (WTI), o referencial americano do preço do petróleo, caiu para menos de zero na semana passada pela primeira vez, em reação à queda vertical da demanda mundial por combustível desencadeada pela covid-19.
Já o preço internacional do petróleo tipo Brent, referencial europeu e também para a Petrobras, caiu menos e fechou a US$ 19,99 o barril ontem, recuo de 6,76% O referencial se recuperou desde a retração da semana passada, quando os vendedores estavam pagando aos compradores para tirarem petróleo de suas mãos, e retornou ao território positivo.
Mas voltou a cair significativamente ontem, quando o United States Oil Fund (USO, nas iniciais em inglês), o maior ETF de petróleo, disse que venderia todos os seus contratos futuros de petróleo para entrega em junho – 20% de sua carteira de US$ 3,6 bilhões – num período de quatro dias. As informações foram publicadas pelo Valor Econômico.
Distribuidoras de energia reforçam interação digital
O confinamento social nas principais cidades brasileiras levou ao fechamento das agências de atendimento físicas das distribuidoras de energia elétrica, o que tem aumentado a interação dos consumidores com meios eletrônicos.
Segundo reportagem do Valor Econômico, com concessões em São Paulo, Ceará, Rio de Janeiro e Goiás –cerca de 15% dos clientes de distribuição do país –, a Enel está intensificando os investimentos para minimizar possíveis dificuldades de interação, implementando com rapidez novos serviços e criando novos canais de atendimento, como por meio do aplicativo WhatsApp.
Segundo Márcia Sandra Roque, diretora de mercado da Enel Brasil, a quarentena já tem reflexos no comportamento dos clientes. “Os atendimentos pelo aplicativo da Enel, que em 2019 representavam 15% dos atendimentos da empresa, em abril de 2020 já representam 38%.”
PANORAMA DA MÍDIA
O ministro Celso de Mello, do Supremo Tribunal Federal (STF), decidiu na noite de ontem (27/04) autorizar a abertura de um inquérito para investigar as declarações do ex-ministro da Justiça e da Segurança Pública Sérgio Moro contra o presidente Jair Bolsonaro.
O objetivo é apurar, entre outras coisas, se foram cometidos por parte do presidente os crimes de falsidade ideológica e coação no curso do processo. A decisão de Celso de Mello atende ao pedido do procurador-geral da República, Augusto Aras. Esse é o destaque de hoje dos jornais O Globo, O Estado de S. Paulo e Correio Braziliense.
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A Folha de S. Paulo divulgou o resultado da mais recente pesquisa Datafolha, indicando que o brasileiro está dividido quanto à conveniência de um processo de impeachment contra o presidente Jair Bolsonaro e quanto à possibilidade de renúncia.
Segundo o Instituto Datafolha, 45% querem que a Câmara dos Deputados abra um processo de impeachment contra o presidente, enquanto 48% rejeitam a medida. Não sabem opinar 6%. Já o apoio à eventual renúncia de Bolsonaro mostra que 50% são contrários à ideia, empatados tecnicamente com os 46% que apoiam a renúncia.
A pesquisa foi realizada ontem (27/04), já sob o impacto da saída de Sérgio Moro do Ministério da Justiça e Segurança Pública, ocorrida na sexta-feira (24/-4). Foram ouvidas 1.503 pessoas.
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O principal destaque da edição desta terça-feira (28/04) do Valor Econômico é o apoio do mercado financeiro ao governo do presidente Jair Bolsonaro. Tido como incondicional desde a sua posse, ontem, mesmo em meio à tentativa do presidente de prestigiar publicamente o ministro da Economia, Paulo Guedes, participantes do mercado reagiram com cautela.
De acordo com a reportagem, a demissão dos dois ministros mais populares – Sérgio Moro (Justiça) e Luiz Henrique Mandetta (Saúde) –, paralelamente à exclusão de Guedes de decisões sobre o lançamento do Plano Pró-Brasil para reanimar a economia, abalou a confiança.
O jornal destaca que o Ibovespa, principal índice da Bolsa, reagiu bem, fechando o dia com alta de 3,86%, mas, na sexta-feira (24-04), quando Sergio Moro saiu do governo fazendo acusações contra Bolsonaro, recuara 5,45%. A taxa de câmbio, outro indicador que mede a confiança de investidores na política econômica, voltou a subir – o dólar foi a R$ 5,72, mas, no fim do dia, recuou para R$ 5,65, após intervenções do Banco Central.