A falta de gás natural para abastecer térmicas levou o governo a pedir a autorização para uso de óleo diesel, mais caro e poluente, como combustível em algumas usinas do país. A mudança deve pressionar ainda mais a conta de luz. Ontem (17/08), a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) autorizou a troca de combustível da Termoceará, da Petrobras, que estava parada por falta de combustível.
A Folha de S. Paulo informa que, com a mudança, o custo de geração da usina passa a ser de R$ 1.551 por MWh (megawatt-hora), mais do que o triplo dos R$ 431atuais. A troca havia sido solicitada pela Câmara de Regras Excepcionais para a Gestão Hidroenergética (Creg)) após reunião na semana passada, em que elencou uma série de medidas para enfrentar a falta de gás natural para térmicas.
Conforme explica a reportagem, no Ceará, o problema é a falta de navios para regaseificar gás importado na forma líquida, que afeta também uma segunda térmica no estado, chamada Termofortaleza. A terceira, Vale do Açu, está recebendo gás de outras fontes. Na autorização desta terça, a Aneel determinou que a Petrobras desloque um navio que está hoje no Rio de Janeiro para o Ceará, também atendendo a pedido da Creg.
O problema, porém, se alastra por outros estados, como reflexo da parada para manutenção do polo de Mexilhão, um dos principais produtores de gás natural do país, localizado no litoral paulista. O sistema ficará parado por 30 dias, a partir do próximo dia 29.
Produção da Petrobras cai na comparação anual
A produção de petróleo da Petrobras em julho foi de 2,23 milhões de barris de petróleo por dia (barris/dia), queda de 2,9% na comparação com julho de 2020, segundo dados da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP). A produção de gás da estatal no mês foi de 100,3 milhões de metros cúbicos por dia (m3 /dia), um leve aumento de 0,4%, na comparação anual. Somadas, as produções de petróleo e gás da petroleira em julho ficaram em 2,86 milhões de barris equivalentes por dia (boe/dia), queda de 2,2% sobre igual mês no ano passado.
Por outro lado, a produção de petróleo da companhia em julho representou crescimento de 6,7% em relação ao mês de junho, enquanto a extração de gás natural teve alta de 3,87%. Na comparação mensal, a produção total de petróleo e gás da petroleira aumentou 5,9%. Com isso, a produção de petróleo da Petrobras em julho correspondeu a 73,2% da produção total do Brasil no mês. Na produção de gás natural, a participação da companhia foi de 72,1%. (Valor Econômico)
“Só o Brasil acha graça em construir usinas térmicas”, diz presidente da Omega
Em entrevista ao jornal O Estado de S. Paulo, o presidente da Omega Energia, Antonio Bastos, informa que, nos últimos seis meses a empresa anunciou investimentos de R$ 2 bilhões em energia renovável. E é por esse segmento que o executivo enxerga a maneira que o Brasil deveria enfrentar as mudanças climáticas que levaram ao esgotamento dos reservatórios das hidrelétricas, e não construindo usinas térmicas mais caras e poluentes.
A Omega, hoje, tem clientes como Cargill, 3M, Bayer, Grupo Mateus, entre outros, que, segundo Bastos, hoje só querem saber de energia renovável. Por este motivo, ele considera completamente sem sentido a recente aprovação de um novo parque térmico a gás natural de 8 gigawatts (GW), que só deverá entrar no sistema nos próximos cinco anos (tempo de construção de um empreendimento térmico), enquanto projetos de energia eólica e solar saem do papel em um ano e a um custo bem menor.
“Só o Brasil está achando engraçado fazer térmica. A sociedade decidiu que não vai mais bancar a energia suja, e, além disso, a energia limpa é mais barata”, afirmou Bastos. “A revolução que deveríamos promover no Brasil deveria ser de renováveis.”
Cosan e empresa norte-americana demonstram interesse na ES Gás
O jornal O Estado de S. Paulo informa que, após acertar com a BR Distribuidora os últimos detalhes para uma venda conjunta de suas participações na Companhia de Gás do Espírito Santo (ES Gás), o governo capixaba já tem recebido sondagens de potenciais compradores da concessionária de gás natural do Estado. Ao menos três empresas, entre elas o grupo Cosan e uma companhia norte-americana, teriam demonstrado interesse no ativo.
O estado tem 51% das ações ordinárias e 2% das preferenciais, enquanto as participações restantes pertencem à BR Distribuidora. Os próximos passos para levar a empresa a leilão devem ser concluídos nas próximas semanas, quando os acionistas da ES Gás assinarão o contrato com o Banco Nacional do Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), que passará a ser o responsável pela modelagem e precificação da empresa, que deve ficar entre R$ 1 bilhão e R$ 1,2 bilhão, segundo fontes consultadas pela reportagem.
PANORAMA DA MÍDIA
Reportagem publicada hoje (18/08) pelo jornal O Estado de S. Paulo informa que o Sistema Cantareira, principal fornecedor de água para a região metropolitana de São Paulo atingiu nível crítico. Nos últimos cinco dias, os reservatórios operaram em estado de alerta por falta de chuvas. O volume útil chegou a 39,9% no dia 11 e continua caindo. Na última sexta-feira, estava com 39,7% e, na manhã de ontem, baixou a 39,2%. Mesmo assim, a Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo (Sabesp) descarta desabastecimento. Para estar em situação normal, o sistema que abastece 7,2 milhões de pessoas por dia, incluindo parte da capital, deveria estar com pelo menos 60% de sua capacidade. Abaixo de 40% é situação de alerta, segundo regras operacionais definidas pela Agência Nacional de Águas (ANA).
*****
O Valor Econômico informa que o aumento do risco fiscal e a crise política têm provocado a alta persistente dos juros de longo prazo, levando as taxas para a casa de dois dígitos e colaborando para a queda do Ibovespa – o índice acumula perda de quase 10% em relação ao nível recorde atingido em 7 de junho. Ontem (17/08), a taxa dos contratos de juros futuros para janeiro de 2027 saltou de 9,95% para 10,09% ao ano, enquanto a dos contratos que vencem em janeiro de 2031 subiu de 10,44% para 10,59%.
*****
A reforma eleitoral, em votação no Congresso, é o principal destaque da edição desta quarta-feira (28/08), dos jornais O Globo e Folha de S. Paulo. A Câmara dos Deputados concluiu ontem à noite a votação da reforma eleitoral, que retoma a possibilidade de coligações para deputados e vereadores, além de colocar na Constituição amarras ao Supremo Tribunal Federal (STF) e ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE).
O segundo turno da Proposta de Emenda à Constituição (PEC) foi aprovado por 347 votos a 135. Por se tratar de mudança na Constituição, era preciso haver votos de ao menos 308 dos 513 deputados. Agora, o texto segue para o Senado.