O jornal O Estado de S. Paulo traz hoje (26/07) uma reportagem sobre a disputa entre as elétricas Eneva e AES Corp, pela participação do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) na AES Tietê, tema que esteve em destaque na mídia ao longo da semana passada.
A reportagem explica que o banco tem em mãos duas propostas. Além da oferta da Eneva, que prevê troca de ações e uma parcela em dinheiro, o banco de fomento recebeu também um lance da americana AES Corp, atual controladora da geradora hídrica com 24,35% do capital total. Segundo o jornal, a elétrica americana está propondo o pagamento de R$ 17,15 por ação em dinheiro, em linha com o preço do papel e abaixo da oferta implícita de R$ 18,88 apresentada pela Eneva.
Procurada, a AES Corp informou que não se manifestaria por enquanto. Por envolver o pagamento de 100% em dinheiro, a oferta da AES Corp pode ter mais chances de agradar o BNDES, que vem buscando reduzir a sua participação no mercado de capitais. Apesar de ter elevado o valor total da sua oferta de R$ 6,6 bilhões para R$ 7,5 bilhões, a Eneva reduziu de R$ 2,78 bilhões para R$ 727,89 milhões a parcela a ser paga em dinheiro.
A reportagem ressalta que a proposta de pagamento em dinheiro da AES Corp, que tenta assumir mais de 50% do capital total da AES Tietê e evitar novas ofertas hostis, pode ser mais sedutora para o BNDES.
Para convencer o BNDES, segundo a reportagem, a Eneva aposta que a nova empresa originada da combinação de ativos com a AES Tietê seria uma plataforma de crescimento muito mais interessante para o banco de fomento e os demais acionistas minoritários. Além dos ganhos de sinergia na fusão dos dois negócios e da diversificação do parque gerador, que passaria a contar com hidrelétricas, eólicas, usinas solares, usinas a gás natural e a térmicas a carvão, a elétrica brasileira argumenta que a nova geradora teria muito mais liquidez, o que poderia facilitar um possível desinvestimento no futuro pelo BNDES. A expectativa do mercado é de que o banco já se manifeste sobre as ofertas amanhã (27/07).
CEO da Eneva: “Se BNDES rejeitar oferta por AES Tietê estará ignorando minoritários”
Em entrevista ao jornal O Globo, na tarde de sexta-feira (24/07), o presidente da Eneva, Pedro Zinner, disse que seria um contrassenso para o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), que tem fomentado o mercado de capitais, ignorar uma oferta que dê chance aos acionistas minoritários de se manifestar.
A Eneva quer comprar a fatia de 28,3% do BNDES na AES Tietê e fundir as duas as duas companhias, em um plano que foi rejeitado pelo conselho da AES Tietê há alguns meses.
Além disso, Zinner considera que o BNDES atropelará seus próprios ritos se permitir que a americana AES Corp, maior acionista da AES Tietê, faça agora uma oferta pela participação do banco estatal. Isso porque acabou na quinta-feira (23/07) o prazo formal para recebimento de ofertas, em processo coordenado pelo BR Partners.
O Globo ressalta que a AES Corp não comenta o processo, mas pessoas próximas à empresa garantem que o banco já tem em mãos uma proposta feita há muito mais tempo pela companhia, toda em dinheiro. Na proposta da Eneva, 90% do valor seriam dados em ações, o que não resolve, no curto prazo, a necessidade do BNDES de se desfazer da sua carteira.
“Considero nossa proposta competitiva. O BNDES não enfrentaria nenhuma dificuldade para vender no mercado as ações, que depois da fusão teriam mais liquidez”, argumentou Zinner.
PANORAMA DA MÍDIA
A Folha de S. Paulo informa que quase 90% das empresas brasileiras promoveram alguma alteração no seu modo de operação durante a pandemia, segundo levantamento do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (Ibre/FGV).
De acordo com o estudo, apenas 27% das companhias que fizeram mudanças têm a avaliação de que elas serão temporárias. Outras 56% dizem que as medidas serão incorporadas parcialmente ou totalmente, e 17% ainda avaliam a questão. Ou seja, mudanças implementadas durante o período de distanciamento social podem virar rotina para até 7 em cada 10 empresas.
Entre as alterações estão o desenvolvimento de novos produtos ou serviços, apontado por 18% das empresas. O home office foi adotado por 83% para atividades administrativas, mas apenas por 20% para atividades operacionais.
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O jornal O Globo traz, na edição deste domingo (26/07), uma entrevista com o ministro das Comunicações, Fábio Faria, há pouco mais de um mês à frente da pasta, que foi recriada pelo governo. Faria acredita que a versão “paz e amor” do presidente Jair Bolsonaro terá vida longa.
O ministro afirma que o país não voltará aos tempos de “brigas diárias” e culpou a portaria do Palácio da Alvorada, espaço mais conhecido como “cercadinho”, onde Bolsonaro costumava parar para falar com imprensa e apoiadores, por várias crises vividas no governo. Faria negou a existência do “gabinete do ódio” e defendeu o vereador Carlos Bolsonaro, filho do presidente mais engajado na comunicação do governo.
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Embora pesquisas não apontem benefícios no uso de cloroquina e hidroxicloroquina em pacientes com covid-19, o debate político em torno dos medicamentos – capitaneado, muitas vezes, pelo presidente Jair Bolsonaro – coloca médicos na linha de frente do atendimento sob grande pressão, destaca o jornal O Estado de S. Paulo.
Segundo pesquisa da Associação Paulista de Medicina, 48,9% de quase 2 mil profissionais entrevistados em todo o país relataram pressões de pacientes ou parentes para prescrever remédios sem comprovação científica. Nas redes sociais, também há relatos de intimidação. Segundo a reportagem, o presidente da Sociedade Brasileira de Infectologia (SBI), Clóvis Arns, chegou a ser ameaçado de morte nas redes sociais e foi alvo de notícias falsas após a instituição publicar recomendação contra a cloroquina para a covid-19, no dia 17.
“Notícias falsas e informações sensacionalistas ou sem comprovação técnica são inimigos que os médicos enfrentam simultaneamente à covid-19”, diz o estudo da Associação Paulista de Medicina.