Cumprindo mais uma etapa para sair do processo de recuperação judicial, a Renova Energia finalmente concluiu a implantação do Complexo Alto Sertão III – Fase A e deu início à fase de plena capacidade de operação comercial do mega complexo, informa o Valor Econômico.
A entrada em funcionamento pode ser considerada um marco no setor, já que as obras ficaram paradas por cinco anos com risco de depreciação dos equipamentos. Passam a operar 152 aerogeradores, que totalizam 424,5 megawatt (MW) de potência. Em 2019, a companhia estava praticamente quebrada e com uma dívida que totalizava R$ 3 bilhões.
Sem capacidade financeira, ela precisou cumprir alguns marcos previstos no plano de recuperação judicial para sair do buraco, como a alienação de todos os ativos operacionais para amortização dos credores, realização de leilões para venda de unidades produtivas isoladas e retomada e conclusão do parque eólico Alto Sertão em quatro estágios. A última etapa era Alto Sertão III, conforme ressalta a reportagem.
Agora, a empresa tem condições de atender a 100% dos contratos do Leilão de Energia de Reserva (LER) de 2013 e 2014 do mercado regulado que foram firmados pela companhia, o que corresponde a 53% da energia produzida. A diferença vai para contratos no mercado livre de energia.
Mudança na Lei das Estatais causa preocupação, dizem petroleiras
As petroleiras com operações no Brasil divulgaram no fim da tarde de ontem (14/12) um comunicado em defesa da Lei das Estatais, que foi alterada em votação relâmpago na Câmara dos Deputados na noite de terça-feira.
Representante de empresas do setor de petróleo e combustíveis, o Instituto Brasileiro do Petróleo e Gás (IBP) diz que “vê com preocupação propostas de mudanças nessa legislação sem o devido debate com o Congresso e a sociedade brasileira”.
O projeto aprovado pela Câmara reduz para 30 dias a quarentena de indicados à administração de empresas públicas e é visto pela oposição como uma medida para beneficiar o ex-ministro Aloizio Mercadante, indicado à presidência do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico Social (BNDES). As informações foram publicadas pela Folha de S. Paulo.
Lula conseguiria reverter a privatização da Eletrobras? Itaú o BBA responde
Reportagem do jornal O Globo ressalta que a recente fala do presidente-eleito Lula, segundo o qual “as privatizações vão acabar neste país”, reacendeu entre investidores dúvidas sobre o futuro da Eletrobras — a ponto de o Itaú BBA soltar relatório a clientes para analisar se a privatização da companhia, realizada em junho, seria possível.
De acordo com o banco, a reversão da privatização é improvável por causa da chamada “poison pill” — regra que funciona como uma proteção contra tentativas de aquisição hostil. “O governo teria que propor a compra da participação de todos os acionistas minoritários com um prêmio de 200% sobre o maior valor das ações nos últimos 504 pregões”, disse o relatório.
Ou seja, o Estado teria que assumir uma conta de centenas de bilhões de reais para reassumir o controle da companhia. Além disso, mesmo sendo acionista, o governo não conseguirá alterar o conselho de administração da empresa, cujo mandato vai até 2025. Nesse ano, haverá outra eleição para compor o conselho, mas o governo terá apenas 10% dos votos.
PANORAMA DA MÍDIA
Com reportagens, análises e editoriais, a mudança da Lei das Estatais, aprovada na Câmara dos Deputados na noite de terça-feira (13/12), em votação relâmpago, é o principal destaque da edição de hoje em jornais de circulação nacional.
As ações de Petrobras e Banco do Brasil (BB) despencaram na quarta-feira (14/12), numa reação dos investidores a uma mudança na Lei das Estatais aprovada na noite anterior pela Câmara dos Deputados. Os papéis ordinários e preferenciais da petroleira caíram 9,8% e 7,93%, enquanto as ações ordinárias do BB recuaram 2,48%. (Valor Econômico)
A mudança na Lei das Estatais abre as portas para que o centrão e outros representantes da classe política ocupem cargos estratégicos nas empresas púbicas e em agências reguladoras e, com isso, exerçam influência direta sobre elas. (Folha de S. Paulo)
Líderes do centrão comandaram manobra apoiada por deputados petistas e bolsonaristas e (…) mudaram a Lei das Estatais. A matéria vai à votação no Senado. Se for aprovada, deve aumentar a pressão por cargos. (O Estado de S. Paulo)
A aprovação de mudanças na Lei das Estatais pela Câmara na terça-feira vai além do casuísmo. Revela o desprezo do novo governo por regras institucionais que contradigam a vontade de Lula. Nada muito diferente de Jair Bolsonaro. O presidente eleito quer indicar Aloizio Mercadante à presidência do BNDES e o senador Jean Paul Prates (PT-RN) ao comando da Petrobras, mas tem pela frente uma barreira difícil de transpor.
A Lei das Estatais prevê uma quarentena para quem tenha participado de “estruturação e realização de campanha eleitoral” nos 36 meses anteriores e veda titulares de mandato no Poder Legislativo. Mercadante não foi mero figurante ao lado de Lula. Trabalhou como coordenador do plano de governo. Prates bate ponto no Senado. (O Globo – editorial)