Um dos desafios do Brasil e do mundo na transição energética será reduzir a pobreza energética, tema que abrange universalização de serviços, tarifas de energia, percentual da renda dedicada aos pagamentos da conta de luz e qualidade dos serviços. Reportagem do Valor Econômico indica que uma pesquisa do Inteligência em Pesquisa e Consultoria Estratégica (Ipec), encomendada pelo Instituto Pólis e divulgada em junho, mostra que 36% das famílias do país gastam metade ou mais da sua renda mensal com energéticos para cocção de alimentos e energia elétrica.
Para quem possui renda familiar acima de cinco salários mínimos, a conta de luz causa menos impacto. Apenas 16% das pessoas nessa faixa de renda disseram ter metade ou mais de sua renda comprometida com pagamento de energia elétrica. Já, no caso de renda familiar de até um salário mínimo, este percentual sobe para 53%.
A análise por grupos de raça/cor também mostra que a população negra sofre mais para pagar a conta de luz, visto que 43% das famílias constituídas por esse grupo consomem metade ou mais de sua renda com os gastos energéticos.
Impasses do MME travam investimentos no setor elétrico
A demora do Ministério de Minas e Energia em nomear diretores para autarquias e estatais, a falta de definição de regras para leilões e a edição de uma Medida Provisória (MP) para a modernização do setor elétrico são alvo de críticas de especialistas ouvidos pelo Valor Econômico.
De acordo com a reportagem, o setor elétrico aguarda essas medidas, consideradas essenciais na tomada de decisões importantes, e que podem destravar investimentos e gerar ambiente jurídico e regulatório mais estável para empresas do setor e investidores estrangeiros.
Leilão de transmissão 2/2024 é confirmado para 27 de setembro
O edital do leilão de transmissão nº 2/2024 foi aprovado na última terça-feira (27/8) pela diretoria colegiada da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel). O leilão está confirmado para 27 de setembro na sede da B3, em São Paulo, com a oferta de três lotes em seis estados.
Serão licitadas a construção e a manutenção de 783 quilômetros em linhas de transmissão e de 1.000 megavolt-ampères (MVA) em capacidade de transformação, além da continuidade da prestação de serviço público de 162,9 km de linhas de transmissão e 300 MVA em transformação. Os lotes abrangem seis estados: Bahia, Espírito Santo, Minas Gerais, Paraná, São Paulo e Santa Catarina. (Aneel – publicado em 27/8 e atualizado em 17/9)
ONS quer importar energia e remunerar empresa que consumir menos
Em reuniões técnicas e documentos encaminhados ao Ministério de Minas e Energia, o Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) recomendou um conjunto de medidas para garantir o abastecimento seguro de energia elétrica neste ano, por causa da seca histórica pela qual passa o país.
A medida mais conhecida da população é o horário de verão, mas o impacto positivo dele no abastecimento é considerado residual. Além disso, o ONS quer outras ações, de acordo com nota técnica à qual o jornal O Globo teve acesso.
Uma dessas medidas é ampliar a flexibilização da operação de usinas termelétricas, tanto daquelas que já estão com contratos fixos quanto das plantas que operam de forma independente, sem vinculação ao sistema interligado nacional. O objetivo é dar maior flexibilidade de gestão sobre o recurso para os horários de pico do sistema. Isso significa acionar térmicas mais caras, por exemplo, por serem mais seguras do ponto de vista de abastecimento.
A reportagem informa, ainda, que outra ação sugerida é utilizar, durante o período seco, energia importada da Argentina e do Uruguai, em função das disponibilidades ofertadas por estes dois países. O ONS também quer usar um sistema chamado de Programa de Resposta da Demanda como recurso adicional para operação do sistema elétrico.
Decisão sobre volta do horário de verão deve sair em 10 dias, segundo ministro
O ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, disse que o governo decidirá se voltará a implementar horário de verão em até 10 dias. A previsão de economia pode chegar a R$ 400 milhões ou 2,5 gigawatts, a depender o período adotado, com o menor acionamento de usinas térmicas.
No entanto, ele disse que “ainda não se convenceu em relação à necessidade de adoção da medida, devido à sua transversalidade”, mas que buscará outros instrumentos, além dos já avaliados, para concluir a avaliação.
Silveira disse, ainda, que “a decisão final será baseada em critérios técnicos e científicos” e “não terá como critério o risco energético, pois não há risco de desabastecimento”. A medida foi recomendada pelo Operador Nacional do Sistema (ONS) e por todos os membros do Comitê de Monitoramento do Setor Elétrico (CMSE), em reunião realizada ontem (19/9). (Agência CMA)
Lula deve esperar eleições para decidir sobre horário de verão, após pedido de TSE
O governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) deve adiar para pelo menos depois das eleições municipais — em outubro— a implementação do horário de verão, que adianta os relógios em uma hora com o intuito de economizar energia elétrica.
A posição foi manifestada após pedido da presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), ministra Cármen Lúcia, que manifestou a integrantes do governo federal preocupação com a operacionalização das eleições. A informação foi publicada inicialmente por O Globo e confirmada pela Folha de S. Paulo.
Lula informou à ministra, por meio de interlocutores, que só não adiará essa decisão para após as eleições se o Brasil enfrentar uma crise energética grave em um futuro próximo, o que não está previsto por especialistas do setor.
Tendência é que bandeira tarifária permaneça entre amarela e vermelha até o fim do ano, diz diretor-geral da Aneel
O diretor-geral da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), Sandoval Feitosa, disse na quarta-feira (18/9) que a tendência é que a bandeira tarifária fique entre amarela e vermelha até o fim do ano. Isso significa que haverá cobrança adicional na conta de luz.
Segundo ele, o saldo que existe atualmente na conta bandeira, de cerca de R$ 8 bilhões, poderá aliviar a tarifa de energia. “Esse recurso é do consumidor (…). Então, nós entraremos num momento mais estressante a partir de agora e, certamente, o fato de ter alguma economia aliviará a conta do consumidor”, afirmou à imprensa após participação no Seminário Nacional dos Consumidores de Energia, em Brasília. (Agência Infra)
Brasil vai enfrentar dilema entre exploração de petróleo e liderança climática na COP30
A produção de petróleo no Brasil, que tem a perspectiva de se tornar o quarto maior produtor mundial antes do fim da década, promete ser um dos temas controversos da Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas (COP30), marcada para 2025 em Belém, no Pará.
Embora o Brasil seja referência em energias renováveis, seu interesse na exploração de novas fronteiras petrolíferas – como a Margem Equatorial (região Norte do país) – levanta dúvidas entre organizações ambientais sobre como o país vai equilibrar suas credenciais climáticas para cobrar de países ricos recursos no financiamento da sua transição energética.
Por outro lado, a leitura recorrente no governo Lula (PT) é de que é preciso colocar na balança as responsabilidades diferenciadas pelas emissões de gases de efeito estufa que aquecem o planeta – e o Brasil teria espaço para continuar explorando petróleo sob esta lógica. (Agência Eixos)
Petrobras defende exploração de petróleo na Margem Equatorial para impulsionar desenvolvimento
Durante o Brazil-US Climate Impact Summit 2024, evento promovido pelo Valor Econômico e pela Amcham na sede da Organização das Nações Unidas (ONU), em Nova York, o diretor executivo de estratégia e planejamento da Petrobras, Mauricio Tolmasquim, voltou a defender que o Brasil explore o potencial de produção de petróleo na Margem Equatorial.
Localizada no Norte do país, entre os estados do Amapá e Rio Grande do Norte, a Margem Equatorial é, também, uma região ambientalmente sensível.
O executivo reconhece que o Brasil já tem uma matriz elétrica e de transporte mais renovável em relação ao mundo. Ele entende que a demanda por petróleo em 2050 será menor, mas não será zero, por isso o Brasil pode dar um passo a mais na produção de um petróleo com menor emissão em relação a outros países. (Valor Econômico)
Chuvas históricas geram enchentes caóticas em quatro continentes
As chuvas torrenciais que caíram sobre a Europa Central, África, Xangai e os estados da Carolina do Norte e Sul nos EUA esta semana ressaltam as formas extremas com que as mudanças climáticas alteram eventos meteorológicos.
Diferentes fenômenos meteorológicos estão por trás da série de tempestades, de acordo com cientistas do clima, mas eles concordam que um fator subjacente para a sobrecarga de precipitação é o aquecimento global em grande escala. Pesquisas mostraram que o ar mais quente é capaz de carregar mais umidade e tem mais probabilidade de causar precipitação intensa. (reportagem da agência Bloomberg, publicada pelo Valor Econômico)
Petrobras alcança marca inédita de um milhão de acionistas na bolsa brasileira
A Agência Petrobras informa que a estatal alcançou a marca inédita de um milhão de acionistas individuais na bolsa brasileira. Em cinco anos, houve um crescimento de 170% do número de pessoas que possuem ações da companhia.
Além disso, atualmente, o percentual de investidor pessoa física no capital social da companhia é maior que o dos investidores institucionais brasileiros. No ano, retorno ao acionista preferencial da companhia (valorização + dividendos) é de 11,4%, ao passo em que o petróleo do tipo Brent, referência no mercado internacional, se desvalorizou 4,1% e o índice Ibovespa valorizou 0.6% (dados fechamento do mercado em 17 de setembro).
PANORAMA DA MÍDIA
O Globo: Os incêndios na seca deste ano já levaram a 85 inquéritos na Polícia Federal por suspeita de origem criminosa. Mas os casos apurados até agora, inclusive pelas polícias civis, não apontaram ainda uma conexão para esses focos de fogo, suspeita levantada no mês passado pela ministra do Meio Ambiente, Marina Silva.
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Valor Econômico: Brasil e Estados Unidos podem liderar a corrida global pela transição energética em um cenário de criação de empregos e investimentos em áreas como biocombustíveis e geração solar e eólica, nas quais os dois países estão bem posicionados. Na visão de especialistas, Brasil e EUA podem cooperar e explorar de forma complementar as oportunidades. Um maior impulso aos projetos de energia “verde”, porém, ainda enfrenta desafios regulatórios, financeiros e de mercado. A discussão permeou o Climate Impact Summit 2024 Brazil-US, evento promovido ontem pelo Valor e pela Amcham na sede das Nações Unidas, em Nova York.
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Folha de S. Paulo: Após a semana mais turbulenta da campanha eleitoral pela Prefeitura de São Paulo neste ano, o Datafolha aponta um cenário estável. Seguem empatados à frente Ricardo Nunes (MDB), com 27%, e Guilherme Boulos (PSOL), com 26%. Pablo Marçal (PRTB), no centro da confusão, manteve-se com 19%. Foi o que aferiu o instituto após entrevistar 1.204 eleitores paulistanos de terça-feira (17) até esta quinta (19).
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O Estado de S. Paulo: Empresas e pessoas físicas poderão atualizar o valor de seus imóveis até dezembro deste ano e pagar um imposto menor na venda e na transferência desses bens. A proposta foi sancionada na última segunda-feira, 16, como uma das medidas de compensação da desoneração da folha de 17 setores da economia e de municípios.