Em análise sobre a Cúpula de Líderes Climáticos que começa hoje (22/04), o Valor Econômico ressalta que o evento indica mais do que a tentativa dos Estados Unidos de voltarem a assumir a liderança na geopolítica climática. O primeiro grande evento internacional de Joe Biden pode sinalizar o início de uma revolução energética e científico-tecnológica que irá moldar a maior economia do mundo nos próximos anos.
Espera-se que Biden, ao abrir a reunião virtual de 40 líderes globais, anuncie a nova meta climática dos EUA. A expectativa é que seja um corte de 50% nas emissões de gases-estufa do país, em relação ao volume emitido em 2005. A meta é para 2030 e significará praticamente duplicar o esforço atual.
Conforme explica a análise da Cúpula do Clima, que é o principal destaque da edição desta quinta-feira do Valor, movimento de Joe Biden para descarbonizar a economia americana até 2050 se fundamenta em dois pilares.
No primeiro, promove a transformação da matriz energética a partir de recursos públicos. O setor elétrico, por exemplo, será livre em carbono até 2035. Não é um esforço trivial. A maior parte das emissões americanas vem da matriz energética baseada em petróleo e da agricultura. No segundo alicerce, Biden pretende editar políticas públicas e conseguir que o setor privado o ajude a investir maciçamente em ciência e tecnologia de baixo carbono.
Aneel revê, hoje, cronograma para conter tarifas
Na tentativa de conter o aumento das contas de luz em 2021, o comando da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) avalia o remanejamento de custos repassados para os consumidores. Nesta quinta-feira (22/04), a diretoria da agência deve rever o cronograma do pagamento de indenizações devidas às transmissoras que renovaram os contratos na gestão da ex-presidente Dilma Rousseff.
Reportagem do Valor Econômico informa que a expectativa dos diretores é conseguir aprovar índices de reajuste na casa de um dígito neste ano, contra uma tendência de altas bem maiores. Diferentes fatores têm contribuído para deixar as tarifas mais caras. Entre eles estão: a desvalorização do real frente ao dólar, que impacta o preço da energia de Itaipu; o acionamento de térmicas diante da baixa no nível dos reservatórios das hidrelétricas; a atualização de repasses feitos a cerca de 15 distribuidoras para cobrir despesas operacionais com base no IGP-M, que disparou na pandemia; além da alta do custo do serviço de transmissão relacionada à entrada em operação das linhas contratadas nos leilões dos últimos anos.
Agora, na mira da Aneel, nove transmissoras terão o cronograma de indenizações revisados: Eletronorte, Furnas, Chesf, Eletrosul, CTEEP, Cemig -GT, Copel -GT, CEEE-GT e Celg -GT. O dinheiro é repassado para compensar empresas que ficaram sem receber, por cinco anos, a remuneração pelos ativos existentes até maio de 2000. Isso ocorreu após a renovação antecipada dos contratos em 2013.
Sob nova gestão, BR aposta em transição energética
Há pouco mais de um mês no cargo, o novo presidente da BR Distribuidora, Wilson Ferreira Junior, começa a gestão na companhia com foco definido. Uma das prioridades é posicionar a BR na transição para uma economia de baixa emissão de carbono. “Temos como aspiração identificar os rumos da transição energética para ver de que maneira uma companhia que detém a confiança de tanta gente pode ser ainda mais parceira ao longo desse processo. Estamos nos preparando dentro de um conjunto de diferentes cenários”, disse Ferreira Junior em entrevista ao Valor Econômico.
O executivo também terá a missão de consolidar o processo de privatização da companhia, que deixou de ser estatal em 2019 quando a Petrobras vendeu 30% do capital da BR. Hoje, a petroleira ainda detém 37,5% do capital da distribuidora, fatia que a valor de mercado equivale a cerca de R$ 10 bilhões. Na entrevista ao Valor, Ferreira disse que vai anunciar um “pacote de medidas” em maio, quando divulgar o balanço contábil da companhia.
PANORAMA DA MÍDIA
Com reportagens, editoriais e análises, os principais jornais de circulação nacional trazem como destaque, nesta quinta-feira (22/04), a Cúpula de Líderes Climáticos, que começa hoje.
Na abertura da Cúpula do Clima, o presidente americano, Joe Biden, tem o desafio de mostrar que os Estados Unidos são confiáveis na missão de liderar o mundo para uma economia mais justa e sustentável, após quatro anos de isolacionismo sob Donald Trump. Desde que tomou posse, em janeiro, Biden decidiu fazer do debate das mudanças climáticas a oportunidade de seu país redesenhar a geopolítica global, deixando a China para trás. (Folha de S. Paulo)
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A cúpula é o maior desafio diplomático já enfrentado pelo presidente Jair Bolsonaro porque põe em xeque a relação com os Estados Unidos pós-Trump e expõe a falta de compromisso do seu governo com as metas que o próprio Brasil estabeleceu cumprir como signatário do Acordo de Paris sobre o clima, de 2015.
Por esse acordo, o país se comprometeu, por exemplo, a a acabar com o desmatamento ilegal até 2030. Mas, durante o atual governo, as taxas oficiais de devastação da Amazônia Legal foram as mais altas desde 2008, segundo o sistema de monitoramento oficial Prodes. Em 2019, foram 10.129 km² desmatados, e em 2020, 11.088 km². (O Globo)
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O Brasil chega hoje à Cúpula do Clima com um embaraço diplomático de R$ 2,9 bilhões. Esse é o montante doado por Noruega e Alemanha, no âmbito do programa Fundo Amazônia, que há mais de dois anos está parado em uma conta bancária do governo federal.
Desde o início do mandato de Jair Bolsonaro, em janeiro de 2019, nenhum novo programa de proteção da Amazônia foi financiado pelo fundo. Hoje, quando Bolsonaro pedir mais dinheiro para proteger a floresta, terá de encarar a chanceler alemã, Angela Merkel, e a primeira-ministra da Noruega, Ema Solberg, que até agora não sabem qual será o destino da verba repassada ao Brasil. (O Estado de S. Paulo)