As medidas de contenção do coronavírus têm levado companhias que atuam no segmento de transmissão de energia elétrica a relatar dificuldades de atendimento por parte de seus fornecedores e prestadores de serviço, além de problemas logísticos devido a barreiras em aeroportos e estradas e fechamento de hotéis.
Conforme reportagem do Valor Econômico publicada hoje (02/04), a situação, se agravada, afetaria principalmente empresas com projetos em construção, que precisam cumprir com os marcos dos contratos de concessão. Por ora, no entanto, as companhias vêm mantendo seus cronogramas e não preveem atrasos em relação aos prazos exigidos pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel).
A reportagem cita o exemplo da EDP Brasil, que tem uma carteira de 1,4 mil quilômetros de linhas de transmissão, sendo 1,2 mil em fase de construção. A companhia afirma que alguns empreiteiros suspenderam temporariamente as atividades, mas diz não enxergar impacto disso no momento, já que costuma trabalhar com um cronograma de adiantamento de “vários meses” sobre o calendário da Aneel.
Segundo a reportagem, a situação é a mesma para as transmissoras ISA Cteep e a Taesa. Outra preocupação para as empresas de transmissão de energia elétrica, de acordo com o Valor, é o fluxo de pagamentos para assegurar os R$ 3 bilhões necessários para realização de reforços na rede nacional este ano.
Indústria é o setor mais afetado por pandemia em março, aponta estudo do Ibre
Pesquisa divulgada ontem (01/04) pelo Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (Ibre/FGV) mostra que mais de 30% das empresas em todos os setores já perceberam o impacto da pandemia do coronavírus em março. O ramo mais atingido é a indústria, no qual 43% das companhias relataram que a atividade foi afetada. Nos serviços e no comércio, essa fatia ficou em 30,2% e 35,4%, respectivamente.
Foram consultadas 3.363 empresas no total entre os dias 1º e 25 do mês passado. Até a data de corte do questionário, os ramos industriais mais afetados foram os de petróleo e biocombustíveis (88,3%) e química (61,4%). Segundo 90,7% das empresas do primeiro setor, o principal problema é a demanda externa reduzida, ao passo que 83,1% dos fabricantes do setor químico se dizem preocupados com o fornecimento de insumos importados.
“O impacto em março foi relativamente concentrado. Espera-se que nos próximos meses os efeitos da crise terminem atingindo quase todos os setores”, afirmam os pesquisadores Rodolpho Tobler e Viviane Seda. A reportagem é do Valor Econômico.
UHE Sobradinho recupera armazenamento
Desde ontem (01/04), a usina hidrelétrica de Sobradinho (BA) poderá operar pela primeira vez sem limite máximo para sua vazão de água liberada num mês de abril. Assim, a região do Baixo São Francisco, entre Alagoas e Sergipe, poderá receber mais água, informa o site Paranoá Energia.
Também é a primeira vez que o maior reservatório da bacia do rio São Francisco entra na faixa de operação normal desde 1º de maio de 2019, quando as atuais regras operativas das barragens das principais hidrelétricas da bacia entraram em vigor.
As chuvas dos últimos meses e a operação dos reservatórios do rio São Francisco permitiram a recuperação do armazenamento de Sobradinho, superando o volume útil de 60% – em 31 de março a barragem acumulava 73,98% de seu volume útil.
PANORAMA DA MÍDIA
Em mais uma série de medidas para enfrentar a paralisação da economia diante da pandemia do coronavírus, o governo anunciou, ontem (01/04), a desoneração total do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) incidente em operações de crédito por 90 dias, para que os bancos possam reduzir o custo do dinheiro. Esse é o destaque da edição de hoje (02/04) do Valor Econômico.
O secretário da Receita Federal, José Barroso Tostes Neto, anunciou outras três decisões: o diferimento do PIS/Cofins e da contribuição previdenciária patronal e o adiamento do prazo para entrega da declaração de ajuste anual do Imposto de Renda da Pessoa Física (IRPJ) para 30 de junho. Com o diferimento do pagamento de tributos que deveria ocorrer em abril e maio para agosto e outubro, o governo estima injetar cerca de R$ 80 bilhões no caixa das empresas. Só a desoneração do IOF custará R$ 7 bilhões.
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O jornal O Estado de S. Paulo também traz em destaque as medidas anunciadas ontem pela equipe econômica do governo federal. Entre elas, a criação do Programa Emergencial de Manutenção do Emprego que permitirá a redução de jornada e salário em 25%, 50% e até 70%, por até três meses, por meio de acordos individuais, entre empregador e empregado, ou coletivos.
A medida também permite a suspensão dos contratos por até dois meses. Ao todo, o Ministério da Economia estima que o programa deverá custar R$ 51,2 bilhões aos cofres públicos. O programa será criado por medida provisória.
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O ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, afirmou ontem (01/04) que o governo federal teve compras de equipamentos de proteção individual – os EPIs, essenciais para os profissionais de saúde –, e de respiradores canceladas. Aquisições em massa feitas pelos Estados Unidos na China, maior fabricante de produtos como máscaras, levaram fornecedores a quebrarem contratos de importação.
Neste cenário, ele também defendeu mais uma vez o isolamento social, pedindo que o cuidado seja redobrado. Segundo Mandetta, o problema da falta dos itens tende a se agravar se houver “movimentos bruscos” na sociedade que elevem o grau de contágio de covid-19, pressionando os serviços de saúde. Esses são os destaques do jornal O Globo nesta quarta-feira.
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A Folha de S. Paulo informa que equipes de atenção básica em várias cidades e estados do Brasil afirmam que a subnotificação ao Ministério da Saúde de casos suspeitos de infecção por covid-19 tem sido gigantesca. Isso vem ocorrendo mesmo depois de o ministro Luiz Henrique Mandetta ter solicitado, em 20 de março, que todos os casos suspeitos, independentemente da gravidade, fossem notificados por estados e municípios.
Nesse cenário, em que o avanço da epidemia pode ser muito maior do que se tem registro, muitos hospitais do país esperam que dentro poucas semanas comecem a faltar vagas em Unidades de Tratamento Intensivo (UTIs).