Responsável por aproximadamente 3% do Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro, o setor minero-siderúrgico consome 11% da energia do país, segundo dados do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea). “Cerca de um terço do custo de produção da siderurgia vem da energia e combustíveis”, diz Gileno Oliveira, diretor de engenharia industrial da Usiminas.
Diante dessa realidade, a busca por formas de redução do consumo é questão de sobrevivência para o setor, conforme indica reportagem do Valor Econômico. O esforço vem de diferentes iniciativas, como adoção de novos equipamentos, uso da inteligência artificial, ajustes de processos para reduzir perdas de calor, geração própria e busca de novas matrizes energéticas, como sintetiza Guilherme Frederico Bernardo Lenz e Silva professor do Departamento de engenharia metalúrgica e de materiais da Poli-USP.
As soluções podem vir do outro lado do mundo. Segundo Oliveira, o consumo de energia da planta da Usiminas em Ipatinga (MG) caiu entre 4,5% e 6% em comparação com 2012 – ano em que a empresa enviou uma equipe de técnicos à Nippon Steel, no Japão, à procura de novas tecnologias, equipamentos e processos para ganhar eficiência energética. “Foram 40 dias de aula e visita a instalações”, conta ele. “Desde então, aprimoramos nossos mapas energéticos – todas as etapas da produção têm consumo identificado em detalhes – para identificar perdas e fazer a correções necessárias com modelos matemáticos e inteligência artificial.”
A empresa fechou este ano parceria com a Canadian Solar para a construção de um parque solar fotovoltaico em Luziânia (GO), com investimento, entre as duas companhias, de cerca de R$ 1,35 bilhão. O objetivo é a autoprodução de 30 megawatts médios de energia solar – metade da capacidade do parque – por 15 anos a partir de 2025. Isso será o equivalente a 12% da energia consumida pela companhia. A participação da Usiminas no empreendimento é de 48,5% do capital votante e 24,25% das ações preferenciais. Em outra frente, a empresa busca reduzir o consumo energético com a substituição de matérias-primas.
Expansão do parque eólico impulsiona o mercado
Reportagem do Valor Econômico traça um paralelo entre a expansão da energia eólica no Brasil e investimentos feitos pela indústria do aço. A reportagem ressalta que, com 11% do total, a fonte eólica já é a segunda principal da matriz elétrica nacional, perdendo apenas para as hidrelétricas. Os parques eólicos em operação somam 22 gigawatts de capacidade instalada e outros 14 gigawatts serão inaugurados nos próximos cinco anos. A expectativa é que, até 2024, o Brasil tenha pelo menos 30 GW de capacidade eólica instalada. Cada novo megawatt de energia eólica demanda mais de 100 toneladas de aço, material essencial nas usinas.
A reportagem ressalta, ainda, que a expansão da energia eólica impulsiona a indústria do aço. Aços longos fornecidos por Gerdau e Usiminas são usados nas torres. Os eixos necessitam de aço forjado fabricados por Gerdau Summit, Villares Metals, Uniforja e GRI Iraeta. Também há aço nos flanges – espécie de anéis necessários para as emendas de cada parte da torre. A base, concretada, demanda vergalhão de aço e é chumbada com cerca de 200 parafusos, também de aço, fabricados pela ArcelorMittal, CSN e Vallourec. Empresas como a Torres Eólicas do Nordeste (TEN), a Torrebras e a Engebasa se estabeleceram na esteira da expansão da energia eólica com a fabricação de torres para as usinas. A GRI Flanges Brazil se preparou para produzir flanges de conexão de cada parte de uma torre. A dinamarquesa Vestas, a americana GE, uma divisão da alemã Siemens com a espanhola Gamesa e a chinesa Goldwind fabricam aerogeradores para as usinas.
Equipe da AIEA confirma inspeção na usina nuclear de Zaporizhzhia
O diretor-geral da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA), Rafael Grossi, confirmou, nesta segunda-feira (29/08), que uma equipe do órgão da ONU vai visitar a usina nuclear ucraniana de Zaporízhzhia, a maior da Europa, que foi alvo de ataques nas últimas semanas.
A usina, onde estão localizados seis dos 15 reatores nucleares da Ucrânia, foi tomada pelas forças russas em março, logo após o início da invasão, em 24 de fevereiro, e fica perto da linha de frente no sul. Kiev e Moscou acusam-se mutuamente de bombardear as proximidades do complexo, que faz fronteira com a cidade de Energodar, no rio Dnipro, e de colocar o local em perigo.
A operadora ucraniana Energoatom alertou, no sábado (27/08), sobre os riscos de vazamentos radioativos e incêndios decorrentes dos ataques. A ONU pediu o fim de todas as atividades militares na área ao redor da usina. (O Globo)
PANORAMA DA MÍDIA
O bom desempenho da economia brasileira na primeira metade do ano deve carregar, praticamente sozinho, o resultado do Produto Interno Bruto (PIB) para 2022, de acordo com análise do Valor Econômico. Puxado especialmente pelo setor de serviços, esse resultado, porém, não deve se repetir na segunda metade do ano, pois os efeitos defasados do aperto monetário devem começar a aparecer de forma mais firme. Além disso, há outros fatores, como incertezas geradas pelas eleições.
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O primeiro debate entre candidatos à Presidência da República, realizado ontem (28/08) à noite, é o principal destaque da edição desta segunda-feira dos jornais O Estado de S. Paulo, O Globo e Folha de S. Paulo. Nos três jornais, as manchetes ressaltam que o presidente Jair Bolsonaro (PL), candidato à reeleição, insultou uma jornalista e a senadora Simone Tebet, candidata pelo MDB. As manchetes destacam, também, que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva fugiu do tema corrupção durante o debate. O evento, que durou quase três horas, foi organizado em pool pela Folha de S. Paulo, o portal UOL e TVs Bandeirantes e Cultura.