Uma das principais participantes do programa de desinvestimentos da Petrobras, em número de negócios fechados, a brasileira 3R Petroleum não vê risco de descontinuidade do plano de venda de ativos da estatal na área de campos terrestres, com a nova gestão. Para a companhia, que venceu seis concorrências e ainda participa de outros processos em andamento no programa da Petrobras, a venda de ativos de menor porte é uma estratégia da petroleira que não deve ser revista em curto prazo.
“Não vemos nenhum risco de reversão desses processos, especialmente no upstream, no E&P [Exploração e Produção]. Para a Petrobras tomar a decisão de vender alguns campos, ou muitos campos pequenos, é porque ela tem um portfólio muito atraente com outras oportunidades muito grandes, que é o caso do pré-sal. Não percebo nenhuma mudança no curto prazo”, afirmou o fundador e presidente da 3R Petroleum, Ricardo Savini, à MegaWhat. “Estamos ainda participando de alguns processos com a Petrobras. Ela está com uma reta final de venda de ativos em terra”.
A 3R ganhou destaque no setor de óleo e gás ao vencer suas primeiras concorrências no programa de desinvestimentos da Petrobras. Em novembro do ano passado, a empresa ganhou notoriedade no mercado financeiro, com uma oferta pública inicial de ações (IPO, na sigla em inglês), realizada em novembro. E, em março deste ano, realizou uma oferta subsequente de ações (follow-on).
Com as duas operações no mercado, a companhia levantou aproximadamente R$ 1,5 bilhão. Os recursos, segundo Savini, serão utilizados para fazer frente aos compromissos financeiros relativos aos processos de compra dos ativos já negociados.
Dos seis negócios, um já foi concluído, referente ao Polo Macau, que inclui um conjunto de campos terrestres no Rio Grande do Norte. A expectativa da empresa é concluir a compra dos outros cinco polos ainda em 2021.
De acordo com dados registrados na Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), a produção atual nos seis polos que serão operados pela 3R totalizou 19,2 mil barris de óleo equivalente (boe) por dia em fevereiro deste ano. Desse total, 16 mil boe/d é referente à participação da empresa nesses campos.
A estratégia da empresa é investir na revitalização dessas áreas. “Só com a revitalização desses campos, já devemos dar um salto importante de produção Nossa previsão é de pouco mais que duplicar nossa produção, de 16 mil boe/dia. Estamos falando em chegar a 35 mil boe/dia em 2025”, disse Savini, de acordo com certificações de reserva feitas pela Degolyer & MacNaughton’s e Gaffney Cline.
Segundo ele, o volume previsto de produção futura da companhia poderá aumentar, caso ela seja vencedora em novos processos da Petrobras. Para novos negócios, a companhia poderá avaliar novas estratégias de financiamento.
Em médio e longo prazo, os planos da companhia são avaliar o mercado secundário de ativos de E&P no Brasil, com foco em produção, e analisar oportunidades de internacionalização, especialmente nas Américas.
* Texto atualizado às 18h58.