Mercado energético

Boa hidrologia e renováveis fizeram consumo de gás reduzir 9% no Brasil em 2023, diz IEA

O consumo de gás natural no Brasil caiu cerca de 9% nos onze primeiros meses de 2023, segundo relatório da Agência Internacional de Energia (IEA, na sigla em inglês). A redução se explica pela menor geração de eletricidade por usinas térmicas em virtude da boa hidrologia, que aumentou a geração hídrica em 1%, e do crescimento de 45% nas fontes eólica e solar.

Tubes running in the direction of the setting sun. Pipeline transportation is most common way of transporting goods such as Oil, natural gas or water on long distances.
Tubes running in the direction of the setting sun. Pipeline transportation is most common way of transporting goods such as Oil, natural gas or water on long distances.

O consumo de gás natural no Brasil caiu cerca de 9% nos onze primeiros meses de 2023, segundo relatório da Agência Internacional de Energia (IEA, na sigla em inglês). A redução se explica pela menor geração de eletricidade por usinas térmicas em virtude da boa hidrologia, que aumentou a geração hídrica em 1%, e do crescimento de 45% nas fontes eólica e solar.

Segundo a IEA, apenas no período entre abril e julho houve aumento na geração térmica no país. Como consequência, o Brasil reduziu em 13% as importações de gás boliviano e em 55% as importações de gás natural liquefeito (GNL) entre janeiro e novembro, na comparação entre 2023 e 2022.

O desempenho brasileiro levou a uma redução de 1,5% no consumo de gás na região da América Central e do Sul. A queda no consumo da região se concentrou no primeiro semestre e voltou a crescer no terceiro trimestre, quando houve aumento de 1% na demanda na comparação com o mesmo período do ano anterior.

CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE

Na Argentina, maior mercado da região, o consumo de gás natural caiu 0,8%. Nos setores residencial e comercial, a queda foi de 6%. Cerca de 80% da diminuição se deu no período de inverno, entre abril e setembro, diante das condições climáticas mais amenas que reduziram a necessidade de aquecimento. No país, a demanda industrial cresceu 4,5% entre janeiro e setembro, e o consumo por usinas térmicas aumentou 0,8% no período na comparação com 2022.

CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE

A IEA avalia que haverá um crescimento de 1% na demanda por gás natural na região da América Central e do Sul. Este crescimento será puxado pelo consumo industrial, que deve compensar a redução na demanda de termelétricas diante da expansão de usinas movidas a fontes renováveis.

No mundo, consumo deve voltar com acomodação de preços

No cenário global, em 2023 o consumo de gás natural avançou para um reequilíbrio depois do choque provocado pela invasão da Rússia à Ucrânia, em 2022. Os preços da molécula caíram substancialmente na comparação com 2022, embora ainda continuem elevados em relação à média histórica da Ásia e Europa. No geral, o consumo global aumentou 0,5% no ano.

Os maiores compradores de gás foram os mercados asiático, com 38% do volume contratado, e europeu, com 31% dos contratos. Em relação à oferta, os Estados Unidos foram os fornecedores de 34% das contratações feitas em 2023, e o Quatar ofereceu 26% do volume contratado no ano.

Para 2024, a IEA projeta que haja aumento de 2,5% na demanda por gás natural, a 100 bilhões de m³. O crescimento deve ser observado especialmente nos mercados asiáticos e em regiões produtoras, como África e Oriente Médio.

Segundo a IEA, o aumento na demanda será puxado pelo setor industrial, mas os mercados residencial e comercial também deverão consumir mais diante de um inverno com temperaturas mais baixas, na comparação com o inverno ameno de 2023. O consumo para geração térmica deve crescer apenas marginalmente.

Os mercados da Ásia e Oriente Médio também deverão ter sua demanda moderada pelo crescimento limitado na oferta de GNL, estimado pela IEA em 3,5% – montante que está acompanhado com “ampla janela de incerteza”, pois é possível que haja atrasos em novas plantas de liquefação, tensões geopolíticas e riscos atrelados ao transporte marítimo. Tais fatores podem levar a volatilidade de preços ao longo do ano.

Biometano cresce 12%

O relatório da IEA aponta que a produção de biometano aumentou 12% globalmente, alcançando cerca de 8 bilhões de m³. O aumento na capacidade de produção, na casa de 800 milhões de m³, foi notado especialmente nos Estados Unidos e na União Europeia, que responderam por 80% da nova capacidade global.

A IEA também menciona que que a produção do gás tem aumentado nos Brasil, China e Índia.

Segundo o relatório, nos Estados Unidos, a geração de biometano foi de 2,2 bilhões de m³. Cerca de 70% do gás é originado por resíduos sólidos urbanos. Ao final do ano, havia no país 311 plantas operacionais de biomentano, além de 177 em construção e outras 360 sendo planejadas. Cerca de 90% do gás é consumido para mobilidade, e a geração térmica responde por menos de 10% do consumo de biometano nos Estados Unidos.

Na Europa, a capacidade de produção do gás aumentou cerca de 10%, puxada sobretudo pela França e Dinamarca. A Alemanha continua sendo a maior produtora da região, embora a capacidade produtiva tenha se mantido estável em 2023.