Mercado energético

Consumo de energia se aproxima da normalidade

O consumo de energia no Brasil está próximo do patamar previsto em um cenário no qual não tivesse ocorrido a pandemia de covid-19. A constatação é feita a partir de ferramenta computacional desenvolvida pelo Laboratório de Programação Matemática Aplicada e Estatística (Lamps), da PUC-Rio, que indica sinais de retomada da economia.

De acordo com o aplicativo “Energy Analytics”, desenvolvido pela equipe do laboratório, a queda da demanda de energia entre 23 de março a 31 de agosto, em relação ao que seria o consumo estimado em cenário sem pandemia, foi de 8%. O número é menor do que a queda de 12% registrada entre março e junho. Observando, porém, o consumo apenas da última semana de agosto, a retração foi de apenas 2%.

Segundo Alexandre Street, professor do Departamento de Engenharia Elétrica do Centro Técnico Científico (CTC) da PUC-Rio e pesquisador do Lamps, o modelo desenvolvido pelo laboratório permite estimar com grau muito aderente à realidade o consumo de energia que ocorreria em um cenário sem pandemia. A importância dessa ferramenta é aumentar o nível de precisão das estimativas.

“É uma previsão para o que deveria ter acontecido, caso não tivesse ocorrido a covid-19”, conta o especialista. Segundo ele, o principal objetivo é isolar o efeito da covid-19 na demanda, permitindo, na prática, entender o quanto da variação do consumo constatada deve-se à pandemia e o quanto é relativo ao próprio mercado.

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A determinação dessa diferença é fundamental, por exemplo, para determinar qual o real impacto da pandemia no mercado das distribuidoras, que discutem a possibilidade de solicitar uma revisão tarifária extraordinária, devido ao efeito das medidas de isolamento social para o equilíbrio econômico-financeiro das concessões.

Segundo Beatriz Pinheiro, analista da MegaWhat, com relação à previsão de carga no Sistema Interligado Nacional (SIN), caso a projeção do Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) permaneça positiva em relação a igual mês do ano passado (atualmente a estimativa é de alta de 0,5%), será o terceiro mês consecutivo de crescimento da carga na comparação anual. Em julho, houve alta de 0,4%. Em agosto, os dados preliminares do ONS indicaram crescimento de 0,3%.

Para Juliana Chade, gerente de preços e estudos de mercado da MegaWhat, ainda é preciso analisar se o crescimento da demanda será sustentável.

Beatriz Pinheiro e Juliana Chade participaram do evento virtual “Ligados no Preço”, nesta terça-feira, 8 de setembro.

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