Pesquisa

84% da população desconhece renováveis, mas acredita que uso reduz conta de luz

Solar fotoboltaica / Crédito: Pixabay
Renováveis: Solar fotovoltaica / Crédito: Pixabay

Os sucessivos aumentos da conta de luz têm levado consumidores a analisarem alternativas para reduzir custos e garantir maior previsibilidade, inclusive por meio de fontes renováveis. Entretanto, uma pesquisa realizada pela empresa Luz, em parceria com a Futuros Possíveis, destacou que 84% dos entrevistados se surpreenderam com os valores a serem pagos no último ano, e dos quais 76% sentiram impacto no orçamento. 

A pesquisa foi realizada entre 14 de março e 2 de abril, envolvendo 2.089 entrevistados. No estudo,  58% responderam pagar, em média por mês, entre R$ 100 e R$ 300, 23% entre R$ 300 e R$ 500 e 8% mais de R$ 500. Apenas 11% pagam menos de R$ 100.

A percepção do levantamento vai de encontro com dados de estudo da Abraceel, associação das comercializadoras de energia, que aponta que as tarifas do mercado regulado acumularam alta de 177% entre 2010 e 2024, saltando de R$ 112/MWh para R$ 310/MWh.

Na pesquisa realizada pela Luz e a Futuros Possíveis, a energia limpa é vista por 77% como uma das alternativas para conter os custos, mas 84% dizem entender pouco ou nada sobre fontes como a solar e a eólica, sendo a falta de informação um dos principais entraves à transição energética no país.

“Existe um consenso de que a energia limpa é uma alternativa viável. O problema é que o consumidor não sabe por onde começar. Falta informação clara, orientação técnica e soluções descomplicadas que ajudem a dar o primeiro passo”, afirmou Luis Felipe Moura, head de Experiência do Cliente da Luz. 

A preocupação ambiental ainda aparece em segundo plano: só 21% dizem que o desperdício de energia os incomoda por razões sustentáveis. Mesmo com uma motivação financeira, poucos tomam atitudes concretas: apenas 17% buscaram alternativas no último ano, como a instalação de painéis solares.

Falta de informação

A pesquisa também mostra que 45% dos brasileiros consideram adotar dispositivos inteligentes nos próximos dois anos, número que sobe para 52% entre jovens de 25 a 29 anos. Já 32% afirmam que não pretendem adotar nenhuma tecnologia de economia de energia no curto prazo. 

Enquanto isso, 62% seguem apostando em mudanças de hábito como principal forma de economia: desligar aparelhos da tomada (60%), aproveitar mais a luz natural (46%) e reduzir o uso de eletrodomésticos como ferro e máquina de lavar (46%). Apenas 18% investiram em equipamentos mais eficientes e só 12% buscaram mudanças estruturais, como geração própria de energia. 

Outro desafio apontado pelo estudo é de ordem estrutural, com apenas 13% dos respondentes que adaptaram suas residências para comportar o aumento do uso de eletrônicos. Apesar disso, 32% pretendem instalar painéis solares ou outras fontes alternativas; 30% querem priorizar aparelhos com maior eficiência energética e 24% pensam em adotar sistemas inteligentes de gerenciamento. 

O estudo também destacou um nível baixo de confiança nas distribuidoras de energia. Apenas 10% confiam totalmente nas empresas fornecedoras, e 25% dizem confiar pouco ou nada. Mesmo assim, a maioria ainda não vê alternativas viáveis. 

“A contradição entre o interesse e a baixa adesão mostra que a transição energética ainda depende menos de vontade e mais de acesso à informação, simplicidade e educação”, diz Luis Felipe.