O consumo mundial de eletricidade deve aumentar em ritmo mais acelerado nos próximos anos, crescendo perto de 4% ao ano até 2027, à medida que o uso de energia aumenta para a produção industrial, por uso do ar-condicionado, aceleração da eletrificação, liderada pelo setor de transporte, e da rápida expansão dos data centers.
Segundo relatório da Agência Internacional de Energia (IEA, na sigla em inglês), o aumento projetado equivale a adicionar mais que o consumo anual de eletricidade do Japão a cada ano, entre agora e 2027.
Brasil lidera consumo nas Américas
A demanda por eletricidade nas Américas voltou a crescer em 2024, aumentando 2,2% após um declínio modesto de 0,4% no ano anterior. A recuperação da demanda foi liderada pelo Brasil (+6%), Estados Unidos (+2%) e Canadá (+0,7%), que juntos respondem por pouco mais de 85% dessa demanda.
“Estimamos que a demanda por eletricidade na região das Américas continuará crescendo a uma taxa média anual de cerca de 2,2% em 2025-2027”, diz trecho do relatório.
Os Estados Unidos, o segundo maior consumidor de eletricidade do mundo depois da China, deve ser responsável por quase 60% do crescimento durante o período, principalmente com a expansão de data centers e da indústria.
O Brasil, que representa 10% da fatia do consumo da região, deve ser responsável por quase 20% do crescimento até 2027, com suprimento desse adicional pela energia eólica e solar, enquanto a geração de hidrelétricas continua como base do fornecimento de eletricidade do país.
A maior parte da demanda adicional nos próximos três anos deve vir de economias emergentes e em desenvolvimento, que respondem por 85% do crescimento da demanda.
O relatório aponta uma maior tendência na China, onde a demanda por eletricidade tem crescido mais rápido do que a economia desde 2020. O consumo de eletricidade da China aumentou 7% em 2024 e deve crescer em média cerca de 6% até 2027.
O crescimento da demanda na China foi alimentado em parte pelo setor industrial, onde, juntamente com os tradicionais setores intensivos em energia, a rápida expansão da produtiva de painéis solares, baterias, veículos elétricos e materiais associados desempenhou um papel significativo.
A agência ainda lista a contribuição adicional do ar-condicionado, adoção de veículos elétricos, data centers e redes 5G.
“A aceleração da demanda global por eletricidade destaca as mudanças significativas que estão ocorrendo nos sistemas de energia ao redor do mundo e a abordagem de uma nova Era da Eletricidade, mas também apresenta desafios em evolução para os governos na garantia de fornecimento de eletricidade seguro, acessível e sustentável”, disse o diretor de Mercados de Energia e Segurança da IEA, Keisuke Sadamori.
Nos Estados Unidos, a IEA espera um forte aumento na demanda por eletricidade no volume equivalente ao consumo atual de energia da Califórnia ao total nacional nos próximos três anos. Já na União Europeia, a expectativa é de um crescimento da demanda mais modesto, voltando aos níveis de 2021 apenas em 2027, após a crise energética em 2022 e 2023, com as sanções à Rússia.
Crescimento das fontes de energia
O novo relatório prevê que o crescimento em fontes de baixa emissão — principalmente renováveis e nucleares — seja suficiente, no total, para cobrir todo o crescimento da demanda global por eletricidade nos próximos três anos.
“Em particular, a geração de energia solar fotovoltaica deve atender cerca de metade do crescimento da demanda global de eletricidade até 2027, apoiada por reduções contínuas de custos e suporte político”, destacou a agência internacional.
O relatório aponta que a geração de eletricidade a partir da energia solar fotovoltaica superou a do carvão na União Europeia em 2024, com a participação da energia solar no mix de energia superando 10%.
A expectativa é que a China, os Estados Unidos e a Índia alcancem uma participação de 10%, até 2027, da energia solar fotovoltaica na geração anual de eletricidade. Ao mesmo tempo, a energia nuclear está fazendo um forte retorno, com sua geração de eletricidade a caminho de atingir novos máximos a cada ano a partir de 2025 durante o período previsto.