
O Brasil liderou o aumento na demanda por biocombustíveis em 2024, aponta relatório da Agência Internacional de Energia (IEA, na sigla em inglês). Segundo o estudo, a demanda por biocombustíveis líquidos aumentou 0,2 extrajoules no último ano, sendo que mais de 90% deste crescimento veio do Brasil, Índia, Indonésia e Estados Unidos.
“O Brasil sozinho contribuiu com quase metade da expansão, impulsionado pelo apoio político contínuo à mistura de biocombustíveis e crescente demanda por combustível para transporte”, diz o estudo.
No total, globalmente, os biocombustíveis responderam por 4% do consumo de combustíveis para transporte.
Demanda por petróleo cai no mundo, mas Brasil puxa consumo na América Latina
Segundo a IEA, a demanda global por petróleo cresceu 0,8% em 2024, bem menos do que o aumento de 1,9% registrado em 2023 e abaixo da média de crescimento de 1% de antes da pendemia de covid-19. “A participação do petróleo na demanda total de energia caiu abaixo de 30% pela primeira vez, 50 anos após atingir o pico de 46%”, aponta a IEA em comunicado.
O crescimento em 2024 ocorreu sobretudo no setor de petroquímicos e com grande concentração na China. O uso para outros setores além do petroquímico foram sobretudo para transporte rodoviário, aviação e transporte marítimo. “Em 2024, esses usos foram virtualmente iguais aos níveis de 2019, apesar do crescimento agregado do produto interno bruto (PIB) global de cerca de 14% ao longo destes cinco anos”, diz a IEA. Para a agência, este é o resultado de maior frota de veículos elétricos, trens de alta velocidade, melhorias de eficiência e trabalho remoto.
Na China, a demanda por petróleo aumentou 0,8% no último ano, contra 8,7% em 2023. A desaceleração ocorreu por fatores como aumento na frota de veículos elétricos, aumento no uso de caminhões movidos a gás natural, a expansão da malha ferroviária de alta velocidade e a desaceleração no setor imobiliário.
Já o Brasil foi o principal responsável pelo consumo na América Latina, que aumentou em 2024.
Enquanto a demanda por petróleo desacelerou, o consumo de gás natural aumentou 2,7% em 2024, com 115 bilhões de m³ a mais, contra um crescimento médio de 75 milhões de m³ por ano na última década.
A demanda por carvão mineral aumentou 1% no último ano, destinada sobretudo ao atendimento da carga elétrica para refrigeração e climatização num contexto de ondas de calor na China e na Índia, segundo a IEA.
América Latina aumenta consumo de gás para geração termelétrica
Na América Latina, o consumo de gás natural também eumentou em 2024, com crescimento de 1,6%. Com isso, as importações de gás natural liquefeito (GNL) aumentaram 17%, calcula a IEA.
A agência aponta que a demanda por gás natural aumentou especialmente no Brasil e na Colômbia, que enfrentaram estiagens importantes que limitaram a geração hídrica e aumentaram o despacho termelétrico.
O Brasil também se destacou na expansão da geração solar, com 16,5 GW a mais de potência em 2024, ficando entre os três países com maior crescimento na fonte, junto de Estados Unidos e Índia. Na geração eólica, o Brasil teve desaceleração non cerscimento, aponta a IEA.
Demanda por energia no mundo cresce mais rápido
Em 2024, o consumo global de energia aumentou 2,2%, enquanto a média de crescimento entre 2013 e 2023 foi de 1,3%. Ainda assim, a demanda aumentou menos do que o PIB global, que cresceu 3,2% em 2024.
Cerca de 80% do aumento na demanda ocorreu em economias emergentes e em desenvolvimento, mesmo com o crescimemnto mais lento da China, que aumentou sua demanda em 3% no úkltimo ano, metade da taxa de 2023. Nas economias avançadas, houve aumento de 1% na demanda, após anos seguidos de declínio, aponta a IEA.
O consumo global de energia elétrica em 2024 aumentou cerca de 1,1 mil TWh, o que representou 4,3%, mais do que o dobro do que a média anual da última década. Mais da metade deste crescimento ocorreu na China.
Boa parte deste crescimento ocorreu em função de eventos climáticos extremos, como ondas de calor, que aumentaram o uso de aparelhos de refrigeração e climatização. Também houve aumento na demanda da indústria e do setor de transportes, que está mais eletrificado. O segmento de data center aumentou seu consumo em 20% no último ano, o que representa cerca de 15 GW, sobretudo nos Estados Unidos e na China.
Segundo a IEA, 80% do aumento na oferta de energia ocorreu por fontes renováveis e geração nuclear. Juntas, estas fontes atingiram pela primeira vez a marca de 40% de toda a geração elétrica global. O setor nuclear teve 7 GW em novas usinas entrando em operação em 2024.