A carga do subsistema Sudeste/Centro-Oeste deve atingir 45.442 MW médios em abril, o que significa um crescimento de 7,8% em relação ao mesmo mês de 2023. A previsão foi divulgada pelo Operador Nacional do Sistema (ONS), durante o primeiro dia de Programa Mensal de Operação Energética (PMO), que aconteceu nesta quarta-feira, 27 de maio. A projeção atualizada para abril é superior à do PMO passado, que apontava um crescimento de 5,1% na carga, para 44.324 MW médios.
Para maio, a expectativa do ONS é de carga a 43.541 MW médios, um aumento de 5,6% na comparação com 2023, maior que os 2,8% previstos no planejamento de 2024 a 2028. Assim, no ano, a projeção é que o SIN tenha crescimento de 3,3% na carga, totalizando 44.564 MW médios.
Para o Sistema Interligado Nacional (SIN), o ONS projeta carga de 79.827 MW médios em abril, o que configura aumento de 7,9% na comparação anual. Para maio, a projeção é de uma carga de 77.384 MW médios, alta de 6% na base anual, e uma projeção acima da indicada no planejamento de 2024 a 2028, que apontava para uma expansão de 2,4%.
MMGD na carga
O ONS também projeta que a parcela de micro e minigeração distribuída (MMGD) que é considerada dentro da carga global será de 4.537 MW médios em abril e, em maio, deve chegar a 4.182 MW médios.
O Operador explica que, além das altas temperaturas, fatores econômicos como índice de emprego e redução da taxa de juros influenciam no aumento da carga. No subsistema Nordeste, também há influência de programas governamentais para a população. No Norte, a retomada de consumidores livres da cadeia de alumínio tem puxado o consumo desde o segundo semestre de 2022.
Temperaturas mais amenas, mas ainda mais altas que a média
Em abril, o ONS espera que as temperaturas sejam mais amenas do que em março, o que explica a redução na carga. Ainda assim, a temperatura deve ficar acima da média, com possibilidade de ondas de calor.
O fenômeno El Niño vem se enfraquecendo desde janeiro, mas seus efeitos ainda devem ser observados, ainda que em uma tendência de transição para La Niña. Assim, os próximos três meses devem ser de temperaturas acima da média no país.
Em relação a precipitação, a maior parte dos modelos considerados pelo ONS projeta que haverá chuvas acima da média no próximo trimestre, embora a avaliação não seja a mesma em todos os sistemas de cálculos. Nas regiões, são esperadas chuvas entre normal e acima da média no Rio Grande do Sul e entre normal e abaixo da média para a região Norte no próximo trimestre.
Apesar de o El Niño ainda estar presente, já há características de formação de uma La Niña na avaliação de águas oceânicas subsuperficiais. Com efeitos contrários aos do El Niño, a La Niña deve começar a ser sentida no inverno e poderá provocar redução da precipitação no Sul do Brasil e aumento das chuvas nas regiões Norte e Nordeste.
Pico de carga e acionamento térmico
Em março, foi atingido novo pico na demanda, a 104.478 MW médios às 19h14 do dia 15 de março. Neste dia, também foi atingido o recorde diário do SIN, a 91.337 MW médios.
A alta na carga levou ao acionamento de térmicas para atendimento da ponta ao longo do mês, tendência que deve continuar sendo observada.
Segundo o ONS, a expectativa para fechamento da carga no mês de março é de 84.114 MW médios, superando as expectativas do próprio Operador, que eram de 82.272 MW médios no planejamento 2024-2028 e de 82.438 no PMO do mês.
A alta carga demandou importação da Argentina e do Uruguai. Nos dias 4, 5 e 12 de março, houve importação e exportação em caráter emergencial, comercial e de devolução para a Argentina, chegando a 1.500 MW. No dia 16 e entre os dias 18 e 22 de março, houve importação em caráter de devolução e comercial do Uruguai, a 140 MW.
Reservatórios bem-posicionados, apesar de afluências desfavoráveis
Março deve fechar com a quinta menor média histórica de longo termo (MLT), a 72%. Ao mesmo tempo, a energia armazenada está a 70% do nível máximo, o que representa o 11º maior nível histórico do SIN.
O ONS avalia que a energia armazenada está bem-posicionada, apesar da MLT menos favorável. A estratégia de poupar água para enfrentar o período seco deve continuar sendo praticada pelo Operador.