Consumo

Geração renovável pode alcançar 1.759 TWh até 2050, aponta estudo da Deloitte a pedido da Enel

Geração renovável pode alcançar 1.759 TWh até 2050, aponta estudo da Deloitte a pedido da Enel

A geração de energia renovável na matriz energética brasileira, exceto hidrelétrica, poderia alcançar 1.759 TWh com a adoção de esforços para atingir o cenário net zero até 2050. O dado consta no estudo “Caminhos para a Transição Energética no Brasil”, desenvolvido pela Deloitte a pedido da Enel.

Já o uso de energia elétrica na vida cotidiana cresce dos atuais 20% para 32%, no cenário de referência (mais conservador), e para 44%, no de neutralidade de emissões.

No cenário net zero, o estudo aponta que o consumo de eletricidade no Brasil é suprido principalmente por fontes verdes, sendo as energias eólica e solar responsáveis, juntas, por 63% dos 2.422TWh estimados para 2050. No cenário mais conservador, eólica e solar representam, juntas, 48%, com geração total estimada em 1.752TWh no mesmo horizonte. Neste quadro, a geração térmica ainda responde por cerca de 10% da matriz elétrica brasileira.

“A transição energética já é uma realidade e muitas empresas, autoridades e outros representantes da sociedade civil estão empenhados em frear emissões e assegurar o nosso futuro. O que este movimento da Enel busca, a partir dos esforços consolidados neste estudo, é mostrar que podemos acelerar essas mudanças e gerar impactos sociais e econômicos positivos para a sociedade brasileira a partir de uma nova realidade que se impõe. Se as premissas apontadas pelo estudo não se confirmarem, o Brasil não alcançará o net zero em 2050 e perderá uma oportunidade única. Precisamos manter ligado este senso de urgência”, defende Nicola Cotugno, Country Manager da Enel no Brasil.

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De acordo com o levantamento, o hidrogênio verde se apresenta como complemento para a eletrificação, em especial para setores intensivos em carbono, como indústrias químicas e siderúrgicas. O estudo também aposta no potencial do Brasil para se tornar um exportador do “combustível do futuro”. No cenário net zero, toda a exportação de hidrogênio seria verde, cuja participação alcançará, em 2050, 96% do hidrogênio produzido.

Além disso, acelerar a descarbonização e eletrificação poderia levar o país a um saldo de 8 milhões de novos postos de trabalho, e um crescimento líquido total de 3% no PIB do Brasil neste horizonte.

A área de construção seria a principal geradora de novos empregos, diante das medidas adotadas pelo país para acelerar a transição energética, principalmente, à construção de novos empreendimentos de geração renovável, como os parques eólicos e solares.

Neste mesmo cenário, o estudo estima que a participação feminina na força produtiva do setor de energia cresceria de 22% para 32%.

“Este estudo que a Deloitte conduziu traça justamente cenários e aponta caminhos para uma transição energética no Brasil, que trará benefícios ambientais, sociais e econômicos, incluindo a criação de novos postos de trabalho e crescimento do PIB”, destaca Guilherme Lockmann, sócio e líder de Power e Utilities da Deloitte. 

Mudanças nos hábitos de consumo

A análise aponta que a jornada brasileira rumo à neutralidade das emissões irá modificar por completo a relação da sociedade com o consumo e a escolha das fontes de energia para atividades cotidianas. A mobilidade elétrica, por exemplo, estará difundida tanto nos transportes públicos como na mobilidade privada, gerando economia significativa para seus usuários e melhorando a qualidade de vida nos grandes centros urbanos.

O estudo prevê que já a partir de 2025 os carros elétricos passarão a ser uma opção mais barata do que os carros tradicionais movidos a combustível fóssil. Esta mudança se dará por uma série de motivos, como a redução significativa no custo das baterias, além de medidas de incentivo à circulação de modelos elétricos, que vão desde a redução no valor de estacionamento até a implementação de políticas para diminuir o custo de aquisição de veículos eletrificados e seus componentes, com a redução de impostos. A participação de veículos elétricos no mercado automotivo, que em 2019 era de 0,01%, seria de 85% em 2050, no cenário net zero.

Transmissão 

O estudo também faz uma ressalva sobre a necessidade de sólidos investimentos em linhas de transmissão de energia. O aporte necessário para ampliar a malha nacional estaria entre 166 bilhões e 178 bilhões de dólares até 2050.

Embora a eletrificação dos usos finais aumente 29% nos dois panoramas avaliados pelo estudo, a necessidade de investimento em redes aumenta apenas 7,2% do cenário mais conversador para o net zero. Isso acontece, principalmente, devido ao aumento do uso de baterias como fonte de armazenamento de energia verde, além do incremento da geração distribuída, que demanda menos investimentos em linhas de transmissão em relação à grandes usinas.

O estudo

O estudo foi elaborado com a contribuição de representantes dos setores público e privado, para apontar cenários e subsidiar a adoção de políticas públicas que ajudem o Brasil a acelerar a transição energética e a alcançar os compromissos firmados no Acordo de Paris, a análise aponta que é viável alcançar um cenário de zero emissão no Brasil até 2050, a partir do envolvimento dos principais setores produtivos, de avanços regulatórios e de medidas governamentais de incentivo à transição.

A expectativa é de que a versão final do estudo seja entregue a representantes do governo brasileiro antes da COP 27 – Conferência das Nações Unidas Sobre Mudanças Climática, prevista para novembro, no Egito.