Operação

ONS aciona térmicas e pede prontidão total para enfrentar risco de déficit

GNA I
Termelétrica GNA I foi uma das usinas que recebeu comunicado do ONS pedindo maximização da disponibilidade nos próximos meses.

O Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) enviou nesta segunda-feira, 30 de junho, cartas a praticamente todos os donos de usinas termelétricas do país solicitando a maximização da disponibilidade de geração e prontidão das usinas para garantir o atendimento eletroenergético caso seja necessário o despacho para atendimento da demanda nos próximos meses.

A MegaWhat apurou que o pedido do ONS foi direcionado aos donos das térmicas de todos combustíveis, incluindo gás, óleo, carvão, biomassa e nuclear. Ao todo, mais de 40 empresas receberam o comunicado, entre elas Petrobras, Eneva, Âmbar, GNA, Neoenergia, Eletronuclear, Copel, entre outras.

As usinas devem informar com antecedência quaisquer restrições à disponibilidade, como manutenções programadas, hibernação de plantas, questões contratuais ou falta de combustível. O operador exige que todas essas informações sejam repassadas por meio das reuniões mensais de manutenção ou dos canais oficiais da programação da operação.

A recomendação também é para que os agentes sinalizem ao ONS eventuais postergações de paradas, permitindo ajustes no planejamento da operação. O objetivo é evitar que, em um momento de emergência, o despacho de determinada usina não possa ser cumprido por indisponibilidade de recursos.

Nos documentos obtidos pela MegaWhat, o diretor de Operação do ONS, Christiano Vieira, ressalta que os estudos prospectivos para 2025 indicam a necessidade de acionamento das térmicas especialmente nos horários de ponta nos próximos meses, que compreendem o período seco e os meses de transição para o período chuvoso.

Flexibilidade na operação e segurança

A preocupação do operador é que, mesmo com o aumento da geração renovável durante o dia, a queda brusca da oferta ao entardecer exija o uso de usinas despacháveis para atender à carga e preservar os reservatórios das hidrelétricas.

O período entre julho e setembro é conhecido como “safra dos ventos”, quando a geração eólica atinge altos patamares, mas isso não elimina o risco de falta de potência nos horários críticos. Durante o dia, a geração solar e eólica pode ultrapassar a carga em alguns momentos, o que aumenta o curtailment.

Mas, no fim da tarde e à noite, sem sol e com redução de vento em algumas regiões, o sistema depende de fontes flexíveis para manter a estabilidade.

Déficit de potência

O ONS prevê um déficit de potência da ordem de 4 GW para os próximos meses, conforme antecipado pela MegaWhat e confirmado pelo operador no Programa Mensal da Operação (PMO) semana passada.

Essa seria a demanda do leilão de reserva de capacidade (LRCap) no produto com entrega em setembro deste ano, voltado à térmicas existentes, mas o cancelamento do certame levou o operador a buscar alternativas para garantir a disponibilidade das usinas.

Nesse contexto, o governo já antecipou os contratos de térmicas do certame realizado em 2021, que entrariam em vigor só em 2026, para garantir parte dessa potência em agosto e setembro. E outras medidas estão em estudo pelo Comitê de Monitoramento do Setor Elétrico (CMSE).

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