Em todo o mundo, cerca de 50% dos consumidores dizem que gastaram mais com energia elétrica no último ano, e mais de um terço deles acreditam que estão em situação de pobreza energética, o que significa dedicar pelo menos 10% da renda para eletricidade e/ou gás natural. Os dados são da pesquisa da consultoria EY para o Energy Consumer Confidence Index (ECCI), índice que mensura a confiança do consumidor em relação ao mercado de energia, inclusive na transição energética em curso, e seu otimismo sobre a implementação dessas medidas.
A pesquisa entrevistou cerca de 70 mil consumidores residenciais, de 18 países, como China, Alemanha, França, Estados Unidos, Reino Unido e Austrália, entre abril e maio de 2022, sendo que dois mil respondentes são brasileiros.
Ainda no mercado global, 15% dos consumidores estão satisfeitos com o preço da energia e a acessibilidade em termos financeiros. Apenas 22% responsabilizam as tensões geopolíticas, como a guerra entre Rússia e Ucrânia, pelo aumento dos preços de energia. Para 35% dos respondentes, o motivo está nas fornecedoras de energia, que elevaram os preços para obter receitas maiores.
O Brasil ficou na quinta posição no ranking Energy Consumer Confidence Index, registrando 65,5 pontos. Dos dois mil brasileiros entrevistados, cerca de 85% dos consumidores afirmam que estão tomando medidas para diminuir o consumo de energia, enquanto 84% dizem priorizar decisões com foco na redução dos custos da energia.
A China lidera o ECCI, com 77,6 pontos, o que faz dos seus consumidores os mais confiantes do mundo em relação ao mercado de energia. Na sequência, aparecem Malásia, com 70,6; Hong Kong, com 69,2; Canadá, com 66,2.
Segundo a análise, a geração Z (menos de 25 anos) tem o maior ECCI dentre os consumidores brasileiros. Enquanto, os chamados boomers (acima de 57 anos) são os menos confiantes. Mais de dois terços dos entrevistados dizem que estão interessados em energia renovável, geração doméstica de energia e novos produtos e serviços de energia.
Quanto aos brasileiros entrevistados, 47% dizem pagar mais por produtos e serviços sustentáveis, abaixo da porcentagem registrada no estudo anterior, de 53%.
“O levantamento da EY indica desafios relevantes para o mercado de energia, demonstrando que o Brasil está conectado a uma agenda global, com uma parcela crescente de jovens consumidores que seguirão exigindo serviços inovadores e sustentáveis por parte das empresas”, diz Ricardo Fernandez, sócio responsável pela indústria de Power & Utilities da EY.
Para Fernandez, o Brasil deve solidificar o arcabouço regulatório para garantir uma posição relevantes nas discussões globais. “Nesse contexto, repensar seus processos de negócio, arquitetura de sistemas e tecnologia, além de estar atento aos aspectos culturais das organizações, será fundamental para operar com sucesso no novo mundo de energia, onde clientes cativos, dificilmente, farão parte do dia a dia”, conclui o executivo.