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PSR: Sem flexibilização da operação das hidrelétricas, chance de racionamento é de até 28,5%

PSR: Sem flexibilização da operação das hidrelétricas, chance de racionamento é de até 28,5%

Em um cenário de crescimento da demanda por energia, sem ações por parte do governo para flexibilizar as vazões das hidrelétricas com reservatórios de acumulação no Sudeste, as chances de um racionamento de energia neste ano são de 28,5%, de acordo com a análise do mais recente Energy Report publicado pela PSR.

Neste mesmo cenário, que considera um crescimento médio de 7,8% na demanda por energia em 2021 em relação ao ano passado, a chance de um cenário crítico com blecautes é de 9,8%. Segundo a PSR, o Planejamento Mensal da Operação (PMO) considera um crescimento médio da demanda neste ano de 3,6%, mas apenas no primeiro semestre já foi registrado aumento de 7% na comparação anual. 

Considerando a flexibilização dos usos múltiplos da água dos reservatórios, a probabilidade de racionamento cai para 18,6%, mas a de blecautes sobe para 18,7%. 

Essa flexibilização dos usos da água é a principal atribuição da Câmara de Regras Excepcionais para Gestão Hidroenergética (Creg), criada por meio da Medida Provisória (MP) 1.055, publicada pelo governo em 28 de junho com o objetivo de melhorar a governança e a agilidade das medidas de enfrentamento da atual crise hídrica.

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O menor risco possível, considerando a expansão da demanda, acontece no cenário que contempla a flexibilização das vazões das usinas, acréscimo de geração disponível no sistema (considerando usinas a gás não disponíveis no PMO, importação da Argentina, Uruguai, e uso de outros recursos como geradores e a diesel em comércios, recursos energéticos distribuídos e resposta pelo lado da demanda) e aumento da capacidade de transmissão do Norte e Nordeste para o Sudeste. Nesse caso, a chance de racionamento é de 2,9%, enquanto a de blecautes é de 8%.

O aumento da capacidade de transmissão é apontado pela PSR como uma possibilidade com base em estudos de estabilidade e dinâmica. Segundo a consultoria, seria possível aumentar os limites de intercâmbio entre os submercados em 20% com uma operação mais próxima dos limites térmicos das linhas.

“Os resultados mostram que o risco de racionamento de energia para 2021 na ausência de ações da Creg está entre 13,7% e 28,5%, dependendo do crescimento da demanda”, conclui a PSR, que também fez as simulações considerando o crescimento da demanda de apenas 3%. 

Mesmo com as ações da Creg, o suprimento de potência ainda inspira “bastante cuidado”, pelos cenários que contemplam blecautes em horários de pico. “O risco de ‘atenção’ na capacidade de suprimento de ponta varia de 5,6% a 8% dependendo do crescimento da demanda mesmo após as ações da Creg”, diz o Energy Report. 

Crise de uso múltiplo da água

Segundo a PSR, o problema enfrentado atualmente tem relação com as vazões mínimas estabelecidas para as hidrelétricas com reservatórios de acumulação. Em muitos casos, as defluências mínimas estabelecidas são superiores às vazões históricas mínimas. “Como consequência, o atendimento às mesmas leva a um esvaziamento forçado dos reservatórios; e quando estes chegam ao nível mínimo, ocorre a inviabilidade”, diz o relatório.

Isso acontece porque, para estabelecer a construção dos reservatórios, foram determinados outros usos para aqueles recursos, que incluem irrigação, abastecimento, turismo, comércio e pesca. Para preservar esses usos, o reservatório de Jupiá, por exemplo, tem como vazão mínima 2.302 m³/s, sendo que a vazão histórica mínima é de 1.989 m³/s. Fenômeno parecido acontece em várias outras usinas, como Jirau, Porto Primavera, Peixe Angical, São Simão e Serra da Mesa.

A PSR explica que, como a crise hídrica afeta todos os usos da água e as defluências mínimas ambientais são maiores que as vazões mínimas históricas, a Creg solicitou poderes para reduzir as restrições de defluência mínima.

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