Consumo

Retomada do horário de verão não faz diferença do ponto de vista elétrico, indica análise do ONS

Retomada do horário de verão não faz diferença do ponto de vista elétrico, indica análise do ONS

O Operador Nacional do Sistema (ONS) está finalizando uma nota técnica a pedido do governo federal para verificar a retomada do horário de verão como medida de apoio à economia do consumo de energia elétrica no país, dado que a crise hídrica deve persistir, pelo menos, até o fim do ano. Na análise preliminar, no entanto, o diretor-geral do ONS disse não ter visto muita relevância em adiantar o relógio em uma hora, do ponto de vista elétrico.

“O horário de verão, do ponto de vista do setor elétrico, não traz grandes benefícios, mas é uma questão de política pública, que pode atender outros setores da economia e pode ser significativo”, disse Luiz Carlos Ciocchi, diretor-geral do ONS durante evento online do CanalEnergia, referindo-se aos setores mais afetados pela pandemia da covid-19, como Comércio, Serviços e Lazer, que poderiam receber um maior público com o anoitecer mais tarde.

Em abril de 2019, o presidente da República, Jair Bolsonaro assinou um decreto revogando o horário de verão. Segundo ele, a decisão teve como base estudos que analisaram o impacto da economia de energia no período e efeitos físicos para a população.

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Ciocchi também falou de outras medidas de mitigação da crise e garantia do fornecimento, como as termelétricas Merchant (sem contratos) nas quais os empreendedores já estão sendo procurados para verificar se as condições necessárias para a retomada dessas usinas estão adequadas, como outorga e contratos de fornecimento de combustível.

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“Em algumas (usinas) estamos tendo sucesso e entre agosto e setembro poderemos ter capacidade adicional”, disse o diretor-geral da entidade.

Sobre uma redução compulsória do consumo de energia, por meio de diretrizes governamentais, Ciocchi disse que não há nenhuma razão para adoção dessa medida. Já sobre o programa de Resposta da Demanda de grandes consumidores de energia, o assunto deverá ser colocado em breve para consulta pública, por meio de uma proposta que estabelece o movimento voluntário desses consumidores, seja com a flexibilização de sua linha de produção, ou com a adoção de outros recursos.

Do ponto de vista de manobra do sistema, o diretor-geral do operador voltou a falar sobre a possibilidade de flexibilização dos limites de intercâmbio Nordeste – Sudeste, mas complementou que essa possibilidade considera a mudança do critério N-2 para N-1 por algumas horas e em situações específicas.

“Só neste trecho e em algumas situações, mas é um movimento bastante controlado. O critério de confiabilidade N-2 existe porque é importante. Não será de uma hora para outra (a flexibilização), porque a confiabilidade do sistema é um patrimônio que não abrimos mão, mas em algumas situações, principalmente agora nesse período para aproveitar as águas da região Norte e a geração eólica no Nordeste, pode ser uma importante ferramenta para aproveitarmos bons megawatts exportando para o Sudeste e Sul”, complementou Ciocchi sobre as condições estudadas para a manobra.

A flexibilização também deve ocorrer enquanto linhas de transmissão aguardadas entre as regiões Nordeste e Sudeste ainda não entraram em operação. Algumas obras do segmento entre as regiões devem ser antecipadas de novembro para os meses de agosto e setembro, dando mais disponibilidade ao sistema.

Entre 2021 e 2022, o Sistema Interligado Nacional (SIN) deve contar com a entrada de mais de 10 GW de capacidade instalada e mais 17 mil quilômetros de linhas de transmissão, ganhando assim mais recursos para gerenciar o sistema do que no período de 2020 – 2021. Claro que a estação das chuvas será importante, já que o sistema brasileiro é muito dependente das hidráulicas, mas será uma situação melhor do que a enfrentada em períodos anteriores de escassez hídrica.

Dado esse contexto, Luiz Carlos Ciocchi declarou que 2022 deve ser um ano de atenção e que “dependendo da chuva, vai demandar mais ou menos atenção por parte das autoridades e do operador, mas tem uma coisa importante, estaremos numa situação melhor”.

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