Mercado energético

Elétricas X Covid-19: Como garantir a operação e proteger colaboradores e a comunidade

A escalada da pandemia do coronavírus (covid-19), agora também no Brasil, obrigou as empresas de todo o país a adotarem medidas para proteger os funcionários e a comunidade, como trabalho remoto e cancelamento de viagens. No setor elétrico, há um desafio adicional: garantir que a infraestrutura de energia elétrica continue funcionando sem falhas, que poderiam comprometer tratamentos médicos, hospitais e a rotina de trabalho da população.

A MegaWhat procurou as maiores empresas do setor elétrico do país, que foram unânimes em algumas das medidas adotadas, como home office, dispensa de funcionários em grupos de risco (mais de 60 anos, portadores de doenças crônicas, gestantes e lactantes), incentivo ao uso de canais digitais de comunicação e proibição de viagens.

Algumas, como Taesa e Engie, implementaram o trabalho remoto já na semana passada, enquanto outras, como a Eletrobras, adotaram a medida a partir desta quarta-feira (18 de março). A estatal também foi uma das empresas a antecipar férias de empregados que tenham dependentes de até 12 anos, diante do cancelamento das aulas.

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Também houve aumento das preocupações com higiene. A EDP Brasil, além de conceder o home office para 1,6 mil colaboradores (do total de 3,3 mil), adquiriu máscaras para distribuir aos funcionários.

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Garantias para as operações

Há medidas específicas que fazem parte da estratégia das empresas para lidar com essa crise. A Taesa, por exemplo, alterou os turnos dos funcionários dos centros de operação das linhas de transmissão. Hoje, a companhia tem dois centros idênticos em Brasília, sendo um de contingência do outro.

Os turnos eram de oito em oito horas, mas foram alterados para de 12 em 12, o que faz com que as equipes fiquem menos expostas, pois terão 36 horas de folga depois. Além disso, um terço dos funcionários foi destacado para formar uma equipe de contingência que ficará em casa. “Um operador de cada turno foi retirado, e formamos uma equipe extra que não trabalha”, disse Raul Lycurgo, presidente da Taesa.

Se houver algum problema de contaminação no centro de operação que está em funcionamento, essa equipe extra irá para o segundo centro, que estará esterilizado e seguro para recebê-los.

Caso os dois centros sejam comprometidos, a Taesa tem ainda a possibilidade de operar cada linha de transmissão regionalmente.

A ISA Cteep adotou medidas distintas para assegurar o funcionamento da operação das suas linhas de transmissão, mas também com o intuito de proteger os funcionários e evitar problemas. Os dois centros de operação, principal e de contingência, estão sendo usados com equipes divididas, minimizando a aglomeração de profissionais e reduzindo risco de contágio.

Muitas das ações implementadas visam reduzir as aglomerações, já que há atividades essenciais que não podem ser realizadas sem o trabalho presencial. A Enel Brasil, por exemplo, fechou os espaços coletivos nas suas instalações, e está reforçando a limpeza e as restrições de contato, conforme determinado pelas autoridades.

A Eletrobras determinou a flexibilização do trabalho do secretariado e contínuos, com uma escala de revezamento para que no máximo 50% do pessoal esteja presente nos turnos.

Os revezamentos também chegam nas lideranças das empresas. Segundo Lycurgo, foi proibido que os quatro diretores da companhia se encontrem durante esse período. No máximo, dois diretores podem ficar juntos.

Canais de contato com clientes

Nas distribuidoras de energia, há atenção especial para o contato com os consumidores. A Copel, por exemplo, fechou muitas das suas agências e, naquelas em funcionamento, os consumidores passam por uma triagem de atendimento, na qual são verificadas suas condições de saúde.

A Cemig já conseguiu determinar trabalho remoto a 70% dos seus funcionários, esvaziando quase por completo a sede em Belo Horizonte. A parte técnica, por sua vez, está toda em operação, com exceção dos funcionários que fazem parte dos grupos de risco.

Pensando no impacto que essa paralisação das suas atividades pode ter na comunidade local, a estatal mineira está negociando acordos com seus fornecedores, para que estes não demitam os colaboradores que estão sendo dispensados de trabalhar durante a crise.

A Equatorial, que opera quatro concessões de distribuição no país (Piauí, Alagoas, Maranhão e Pará) está recomendando o uso de canais digitais de comunicação, a fim de reduzir o número de pessoas em circulação nas agências. “Destacamos que as empresas do Grupo Equatorial Energia estão dedicadas e empenhadas na continuidade dos serviços de fornecimento de energia, essencial para mais de 21 milhões de pessoas, colaborando com as orientações de prevenção dos órgãos de saúde”, diz a nota da companhia.

Além dessas medidas, a Neoenergia, que detém concessionárias no Rio Grande do Norte (Cosern), Bahia (Coelba), Pernambuco (Celpe) e São Paulo (Elektro), está ainda reforçando o atendimento prioritário aos setores de saúde, saneamento e abastecimento de água. Canais exclusivos estão sendo disponibilizados para atender com maior agilidade eventuais ocorrências em hospitais, unidades de saúde e companhias de água e esgoto.

A Neoenergia recomenda que a população evite contato físico com leituristas e técnicos. À MegaWhat, a Cemig disse que ainda não decidiu se manterá o trabalho dos leituristas ou adotará algum tipo de medida especial neste mês. Por enquanto, a estatal mineira pediu aos clientes que optem por receber as contas de luz por e-mail e evitem se deslocar fisicamente até as agências.

Obras

Por enquanto, não há indicações de atrasos significativos em obras de expansão de transmissão e geração. “Esse pessoal está menos exposto pois não circulam nos grandes centros, e nas obras os espaços são amplos”, disse Lycurgo, presidente da Taesa. Segundo ele, até o momento, nada indica atraso em datas de entrega de projetos, mas a companhia “não tem receio de tomar medidas”.

A administração da Alupar, que também atua em transmissão, é outra que ainda não prevê atrasos nas construções que possam afetar suas receitas.

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