O transporte de gás natural brasileiro extraído do pré-sal pode ser escoado para o interior do país usando a malha ferroviária existente, disse Fábio Abrahão, diretor de infraestrutura, concessões e PPPs do BNDES, ao participar de evento organizado pelo jornal O Estado de S. Paulo.
Abrahão lembrou que as principais ferrovias do Brasil levam conteúdo do interior (grãos e minério) para a costa, mas voltam sem ocupação. “Temos que usar o que já temos”, disse o diretor. Segundo ele, o país não tem produção nem demanda de gás natural suficientes hoje em escala que justifique gasodutos ou ferrovias, mas já tem as ferrovias disponíveis.
“Do ponto de vista de interiorização, temos que usar a infraestrutura que já está disponível”, disse. Como no fluxo da costa para o interior não há uso das ferrovias em grande escala, o gás pode ser transportado assim. “Isso vai até percebemos que a escala não está adequada, mas para acontecer precisa de muito consumo”, afirmou.
O diretor do BNDES lembrou ainda que o uso do gás na geração de energia precisa ser equilibrado com o balanço de oferta e demanda de energia elétrica.
Para Efrain Cruz, diretor da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), os gasodutos podem ser construídos substituindo projetos de linhas de transmissão, que já são pagos por todos os consumidores.
“É preciso trazer a energia para o centro do país, para perto do centro de carga”, disse, lembrando que não há gasoduto mas há “blocos de transmissão espalhados pelo país”. Essas linhas custam cerca de 80% do custo dos gasodutos, de acordo com o diretor da Aneel.
Assim, num primeiro momento, o setor elétrico seria “âncora” do setor de gás natural e ajudaria a levar as termelétricas para o interior, próximos da carga.