As distribuidoras de gás natural canalizado observam uma tendência de recuperação do mercado do energético no país, porém ainda abaixo de patamares observados no ano passado. O consumo do produto no Brasil em julho alcançou 51,867 milhões de metros cúbicos diários, com crescimento de 1,2% ante junho, mas com uma retração de 20,74%, na comparação com igual mês do ano passado, de acordo com a Associação Brasileira das Empresas Distribuidoras de Gás Canalizado (Abegás).
Segundo a entidade, no acumulado do ano até julho, o volume de gás natural comercializado pelas distribuidoras brasileiras foi de 53,595 milhões de metros cúbicos diários. O montante é 9,23% inferior na comparação com igual período de 2019.
“O que vemos é uma tendência de recuperação do mercado em julho, em relação a junho, mas ainda abaixo do que aconteceu em 2019. Vemos realmente uma tendência de recuperação, mas lenta e ainda muito abaixo do patamar de 2019”, afirmou o diretor de Estratégia e Mercado da Abegás, Marcelo Mendonça.
O executivo disso que ainda é cedo para saber quando o mercado de gás natural canalizado voltará ao patamar do período pré-pandemia de covid-19. “Depende muito de como vai se dar a recuperação da economia, a perspectiva de haver uma vacina disponível e reduzir os números efetivos da covid”, disse. “A perspectiva é que melhore ao longo de 2021”.
Dois setores chaves para o mercado de gás natural do país – o industrial e o veicular – apresentaram crescimento do mercado em julho, em relação a junho. Nessa comparação, o consumo das indústrias cresceu 10,99%, enquanto o do segmento automotivo avançou 11,23%. Em sentido contrário, o consumo residencial recuou 4,55%, refletindo a flexibilização das medidas de isolamento social.
Segundo Mendonça, porém, um setor que tem efeito importante no mercado é o termelétrico. As térmicas consumiram em julho 15,456 milhões de metros cúbicos diários. O volume é 14,33% inferior em relação ao mês anterior e 39,27% menor na comparação com julho de 2019.
O executivo afirmou que os dados do mercado termelétrico indicam a necessidade de inclusão de térmicas a gás na base da operação do Sistema Interligado Nacional (SIN). Segundo ele, essa medida deveria ser incluída no projeto da Nova Lei do Gás, em discussão no Senado.
“É essencial que ocorra essa discussão no Senado para que realmente não acabemos perdendo a oportunidade de construir um marco legal assertivo que possibilite um mercado de gás natural competitivo, um mercado de gás natural que viabilize a entrada de novos ofertantes e que traga estímulo verdadeiro aos investimentos”, disse Mendonça.
Com relação à oferta doméstica de gás natural no país, levantamento feito pelo Centro Brasileiro de Infraestrutura (CBIE) indicou uma queda de 2,5% em julho, na comparação com o mês anterior, para 50,1 milhões de metros cúbicos diários. De acordo com o CBIE, a redução foi motivada pelo aumento da reinjeção (4,7%) e da queima e perda (27,8%), apesar do aumento da produção nacional (1,4%) e da redução do consumo próprios nas unidades de exploração e produção (-1,1%) e na absorção pelas unidades de processamento de gás natural (-2,7%).
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