Mercado energético

Onda de calor no inverno? Anomalia pode elevar a carga da região Sul

Um fenômeno denominado de Onda de Calor, terá início na próxima sexta-feira, 17 de julho, persistindo por três dias seguidos sobre as regiões centro-sul do Sistema Interligado Nacional (SIN) e central da América do Sul, causando não apenas o aumento das temperaturas, como também da carga de energia.

O fenômeno, que também ocorreu em março deste ano, é provocado pela atuação de sistemas de alta pressão em diferentes níveis da atmosfera e da presença de uma massa de ar anomalamente quente.

A massa de ar quente e seca, principal mecanismo para a ocorrência da onda de calor, deve se estabelecer entre os dias 17 e 22 de julho, com atuação mais marcante sobre o submercado Sul. As temperaturas podem ficar entre 8 a 10°C acima do que o esperado para a região neste período do ano. Com isso, o Rio Grande do Sul pode ter temperaturas máximas de até 30°C, principalmente no interior.

Em março deste ano, durante o outono, o fenômeno também ocorreu sobre o submercado Sul, num momento de pré-pandemia do Covid-19 e de medidas de isolamento social. Nesse período, as temperaturas passaram de 35°C, e houve elevação da carga em 9,90% na segunda semana operativa, e de 6,60% na terceira semana operativa, conforme destacado no gráfico abaixo em que mostra a elevação da temperatura no submercado Sul neste período.

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Com o fortalecimento das medidas de isolamento social na quarta semana de março, somada à passagem de uma frente fria que derrubou as temperaturas, houve queda brusca da carga em 17,69%. 

“Em períodos de calor extremo a tendência é de elevação da carga pelo fato de ocorrer um maior consumo elétrico tanto pela parte residencial, quanto no setor industrial, além de impactar outros setores da sociedade. No entanto, mas vale ressaltar que atualmente estamos na estação de inverno e o impacto sobre a carga pode não ser tão expressivo em comparação com o caso de março”, apontou Lucas Castro, analista setorial da MegaWhat.

Entre os exemplos citados pelo analista, a classe residencial eleva seu consumo pela maior utilização de aparelhos de ar-condicionado, enquanto a industrial, podem ter elevação no consumo para manutenção de câmaras de refrigeração, por exemplo.

Outra consequência da onda de calor alertada por Castro é quanto ao padrão de baixa umidade relativa e de ausência de precipitação. Assim, é comum o impacto na produção agrícola, além do risco para a saúde pública.

“Há maior vulnerabilidade para os mais idosos e aqueles com condições cardíacas, respiratórias e diabetes, englobando os mesmos grupos de risco pela Covid-19”, disse o analista.

Neste sentido, os efeitos da onda de calor podem ser ainda mais drásticos para a região Sul, que voltou a apresentar elevação do número de infectados e de óbitos causados pela pandemia.

Previsão do tempo

Segundo Rafael Padovani, analista setorial da MegaWhat após o dia 22 de julho, a passagem de uma frente fria intensa sobre a região Sul deve provocar chuvas intensas, seguindo sobre áreas ao norte do Sistema Interligado Nacional. Somada à frente fria, deve ocorrer a incursão de uma massa de ar frio que vai proporcionar mudança nesse panorama de calor intenso, ocasionando queda bruscas das temperaturas a partir do dia 23, originado uma onda de frio.

Neste sentido, as temperaturas mínimas podem ficar abaixo de 10°C em boa parte do estado de São Paulo. Já no Sul, o frio será ainda mais severo com temperaturas máximas abaixo de 16°C e mínimas de 6°C, e possibilidade de temperaturas negativas nas serras Gaúcha e Catarinense.

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