Os recursos de R$ 23,3 bilhões que a União receberá a título de antecipação de pagamento de dividendos da Petrobras serão utilizados para sustentar políticas públicas, afirmou o presidente da petroleira, o general Joaquim Silva e Luna, nesta sexta-feira, 29 de outubro.
“Os sólidos resultados permitirão que a sociedade brasileira, por meio da União, receba R$ 23,3 bilhões, em dividendos. São recursos que ajudam a sustentar políticas públicas para todos os brasileiros e que beneficiam especialmente os mais vulneráveis”, afirmou Silva e Luna, em teleconferência com analistas e investidores sobre o resultado do terceiro trimestre, um lucro líquido de R$ 31,1 bilhões.
Ontem, o presidente Jair Bolsonaro, defendeu que a Petrobras tenha mais visão social e menos enfoque empresarial. Segundo ele, a companhia tem que dar um lucro “não muito alto como tem dado”, em transmissão em redes sociais.
Silva e Luna, porém, reforçou a importância da governança da companhia. “Quanto mais saudável e geradora de recursos, mais a empresa consegue devolver riqueza a sociedade em forma de tributos, para municípios, estados e União”, disse.
O diretor Financeiro e de Relações com Investidores (RI) da Petrobras, Rodrigo Araujo, afirmou que a empresa vai sempre retornar aos acionistas (o que inclui a União) o máximo possível do que é gerado de resultado e que é possível que a companhia faça uma “contribuição adicional” em relação a dividendos. “Dentro da sustentabilidade financeira da companhia, podemos ter espaço de contribuição adicional”.
Endividamento
O executivo celebrou o atingimento da principal meta da companhia, de redução da dívida bruta para menos de US$ 60 bilhões. Segundo ele, esse patamar coloca a petroleira em condição de competir de maneira mais efetiva com as outras grandes companhias do setor.
Araujo afirmou também que o caixa observado ao fim do terceiro trimestre, da ordem de US$ 11,5 bilhões, está “um pouco acima do que entendemos como caixa ótimo”, mas que o cenário ainda tem incertezas, sobretudo com relação à pandemia de covid-19.
Com relação ao resultado, a Ativa Investimentos destacou que a Petrobras registrou novamente forte geração de receitas, mas um menor efeito positivo do giro de estoques e maiores despesas no refino, além de maiores custos na área de Gás e Energia, o que levou a um Ebitda (sigla em inglês para lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização) abaixo do esperado
Combustíveis
Questionado sobre possíveis alterações na política de preços de combustíveis, o diretor de Comercialização e Logística da Petrobras, Claudio Mastrella, afirmou que “a Petrobras, sempre que solicitada, vai contribuir com o nosso conhecimento técnico com os diversos órgãos do governo nos diversos assuntos relacionados ao mercado de combustíveis no Brasil”.
Sobre o programa de venda de refinarias, Araujo acrescentou que o projeto mais avançado hoje é o da SIX (Unidade de Industrialização do Xisto), no Paraná, “que esperamos avançar neste ano”.
Apesar de alguns reveses no programa de venda de refinarias, o diretor Financeiro e de RI afirmou que não há discussão com o Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) com relação a eventuais mudanças no acordo firmado e que prevê o desinvestimento em oito unidades. O que pode ocorrer, explicou ele, é um redesenho do programa, para aumentar a competitividade. Até o momento, a empresa só assinou dois processos de venda de refinarias.
Araujo contou ainda que a companhia prevê aumentar investimentos no próximo plano de negócios, com horizonte 2022-2026, previsto para ser divulgado entre o fim de novembro e início de dezembro. O plano atual, com horizonte 2021-2025, prevê investimentos de US$ 55 bilhões.