As inovações tecnológicas, que historicamente serviram como suporte ao modelo de negócio no setor elétrico, estão ganhando cada vez mais o papel de protagonistas, disse Marcelo Prais, diretor de TI, Relacionamento com Agentes e Assuntos Regulatórios do Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS), em live realizada pela Thymos.
O crescimento das fontes renováveis não convencionais e a iminente mudança no papel das hidrelétricas e termelétricas na matriz são alguns dos fatores que trouxeram o sistema à essa nova realidade, segundo Prais.
“O ONS já é e vai ser mais ainda um hub de informações. Os dados passam a ter extremo valor, cada vez mais distribuídos, não controlados e fragmentados”, disse ele.
A matriz elétrica do futuro terá volumes muito grandes de energia eólica, solar fotovoltaica e a biomassa, além das baterias para armazenamento de energia. As hidrelétricas passarão a ter menos de 40% da matriz e o gás natural terá papel importante em prover flexibilidade à operação.
“Estudos mostram que um sistema com essas características fica de pé, é operável e gerenciável”, disse Prais. Segundo ele, nesse contexto, os reservatórios das hidrelétricas prestarão outro papel e serão “flat” ao longo do ano, com outros atributos que vão contribuir com o sistema.
Os custos marginais da operação (CMO) também terão comportamento diverso. No Nordeste, por exemplo, Prais aponta que os preços serão maiores no período úmido do que no seco, o inverso do que é hoje. “Será uma mudança de paradigma muito grande, com aumento da complexidade, mas entendemos que o sistema é gerenciável e a tecnologia vai prestar um papel fundamental para a operação.”
Nesse contexto, será necessário aprimorar a acuracidade das previsões de carga e geração, principalmente nas fontes renováveis.
O conceito do DSO (distribution system orchestrator, ou distribuidora orquestradora do sistema) será mais importante, com uma função de agregar demanda e oferta e se relacionar com o ONS, segundo Prais. “Os agregadores, pelo lado deles, vão precisar de ferramentas de previsão, porque os comportamentos serão individuais e passarão a interferir na forma de geração”, disse.