Estimuladas pela abertura do mercado livre, as fontes renováveis agregarão 46 GW no Brasil na próxima década, conforme previsão do novo relatório da Wood Mackenzie publicado nesta quinta-feira, 30 de junho.
Segundo Marina Azevedo, analista sênior de Energia da Wood Mackenzie, com crescimento do mercado energético, o país enfrentará alguns obstáculos para aumentar a infraestrutura de transmissão necessária para o escoamento das renováveis, que vêm majoritariamente do Nordeste.
“[Contudo,] o Brasil está aumentando a frequência dos leilões de transmissão, e já foi anunciado um boom nos investimentos em infraestrutura, que entrarão em operação até 2030”, destaca o relatório.
A maior parte da geração adicionada no período será da fonte solar fotovoltaica, que ultrapassará as taxas de crescimento da energia eólica e se tornará a tecnologia líder em expansão no Brasil, na Argentina e no Chile, como consequência da adoção de baterias de armazenamento e da redução de custos em matérias-primas. A estimativa da consultoria é de que o mercado solar acrescentará cerca de 48 GW nesses países até 2033, enquanto a fonte eólica adicionará 31 GW de projetos onshore no período.
Solar no sul
Em sua análise, a Wood Mackenzie destaca que o governo argentino tem incentivado o setor privado a investir em novas linhas de transmissão e no reforço da infraestrutura para garantir o despacho prioritário de suas usinas.
Por sua vez, o Chile está avançado na regulamentação para estimular o armazenamento em baterias, numa tentativa de encontrar soluções mais rápidas para lidar com os elevados níveis de restrições em projetos renováveis.
Gás natural
Apoiados por políticas de utilização do gás natural para aumentar a atividade industrial, o Brasil e a Bolívia dependerão do desenvolvimento de novos projetos industriais para impulsionar o crescimento da procura de gás. Na Argentina, as incertezas macroeconômicas continuam a ser um desafio para os investimentos, segundo informações do relatório.
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Na visão de Eduardo Seraphim, analista de Pesquisa de Gás da Wood Mackenzie, o declínio da produção de gás na Bolívia, juntamente com o aumento da produção de gás no Brasil e na Argentina, remodelará a dinâmica regional nos próximos dez anos.