Mercado Livre

B3 prepara ferramenta de gestão de risco para mercado livre de energia

B3 prepara ferramenta de gestão de risco para mercado livre de energia

A B3 espera lançar em setembro sua nova ferramenta de gestão de risco dos contratos de energia no mercado livre. No momento, as equipes técnicas da bolsa trabalham para entregar uma solução que reduza ao mínimo possível o trabalho operacional dos agentes do mercado livre.

“Conversamos com muitos agentes e sentimos que existe uma ansiedade no mercado por uma referência de risco, uma barra onde poderão comparar as referências e dizer se a contraparte está acima ou abaixo daquela métrica”, disse Ana Beatriz Mattos, superintendente de Novos Negócios da B3, em entrevista à MegaWhat.

A ferramenta de gestão de riscos é uma “evolução” da iniciativa de pré-registrar contratos de energia da bolsa, anunciada em abril como um primeiro passo da B3 no desenvolvimento de uma bolsa de energia. A intenção é fazer o lançamento até setembro, desde que o produto seja algo que tenha valor para os clientes.

Em abril, a B3 recebeu o aval da Comissão de Valores Mobiliários (CVM) para supervisionar, monitorar e pré-registrar contratos de energia elétrica. A ideia era incentivar os agentes a fazer, de forma voluntária, o pré-registro dos contratos de compra e venda de energia, que posteriormente também são registrados obrigatoriamente na Câmara de Comercialização de Energia Elétrica (CCEE).

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Segundo Mattos, os registros dos contratos continuam acontecendo, mas, depois de muitas conversas com os agentes, a B3 notou que seria mais interessante lançar uma ferramenta para gestão de risco. “Entendemos que, mais que controlar o registro [dos contratos], poderíamos fazer algo mais próximo de dar essa referência ao mercado. Nosso objetivo é atender essa ansiedade do mercado”, disse.

Quando a ideia foi lançada, alguns agentes chegaram a se queixar do “retrabalho” que seria registrar os mesmos contratos na CCEE e na B3. Por isso, a bolsa está trabalhando para reduzir o trabalho operacional. “Gastamos tempo e energia para pensar em soluções tecnológicas no qual o trabalho seja o menor possível e não represente um segundo trabalho para o agente. Para que não seja um empecilho na hora em que ele for decidir se vai aderir ou não”, explicou a especialista.

Para isso, a bolsa usa os aprendizados de anos no mercado financeiro, e as opções disponíveis para fazer a entrega dos contratos de forma mais automatizada possível. “Vamos dar uma série de opções para que o agente escolha a menos trabalhosa”, disse Mattos.

A partir das informações coletadas, a B3 vai dar uma “nota” para aquele agente, dentro de uma escala de gradação que ainda está sendo definida. A ideia do selo é ser uma referência para o mercado, com parâmetros e medidas públicos que permitam aos agentes analisar o risco das contrapartes de maneira segura e precisa.

Como a entrega das informações é opcional para os agentes que queiram aderir à ferramenta da bolsa, haverá uma checagem e validação dos dados concedidos.

“E aí vamos usar uma série de modelos estatísticos e validações que a B3 já faz”, disse Mattos. Provavelmente, também serão usadas as informações disponíveis no banco de dados da Câmara de Comercialização de Energia Elétrica (CCEE). Também serão usadas auditorias, validações internas e outras ferramentas para garantir a validade dos dados prestados.”Temos conversado muito com a CCEE, a fim de sermos um agente dentro dos planos deles para qualquer ação ou incentivo que queriam dar ao mercado”, disse Mattos. 

Segundo a especialista, a B3 está a disposição para trabalhar com a entidade ou com a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) no sentido de prestar um melhor serviço ao mercado e ajudar a avalancar os esforços para aprimoramento da segurança no mercado.

A B3 também viu um aumento do interesse dos agentes em relação aos derivativos de energia, tema que veio à tona depois que o Balcão Brasileiro de Comercialização de Energia (BBCE) teve aval da CVM para atuar como um mercado de balcão organizado e negociar derivativos de energia.

A bolsa teve autorização para negociar derivativos de energia em 2015, como Cetip, mas o mercado nunca deslanchou. “Sentimos uma onda de clientes muito interessados, mas vemos que existem muitas dúvidas em relação a vários processos, principalmente do mundo financeiro em si”, disse Mattos. 

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