A Comissão Permanente para Análise de Metodologias e programas Computacionais do Setor Elétrico (Cpamp) está preparando uma série de alterações nos mecanismos de aversão ao risco dos modelos que calculam os preços de energia, a fim de torná-los mais aderentes à realidade do sistema. Em reunião realizada nessa sexta-feira com o grupo de metodologia que propõe as novas medidas, foram apresentadas três alterações que devem implicar na elevação dos preços.
Em maio, deve ser aberta uma consulta pública para que as alterações, hoje ainda em fase de análise, possam ser discutidas com os agentes. A comissão precisa alterar as mudanças até o dia 31 de julho deste ano, para que possam entrar em vigência a partir de 1º de janeiro de 2022.
O objetivo é ajustar os parâmetros de risco dos modelos para que os preços fiquem mais próximos da realidade, explicou Juliana Chade, gerente de estudos de mercado da MegaWhat Consultoria, que participou da reunião.
Uma das alterações propostas é no PAR(p), metodologia que considera melhor a memória hidrológica histórica do sistema, dentro do modelo Newave, que trata do planejamento no horizonte de até cinco anos. Ele olha as afluências do passado para projetar as do futuro.
“Mas nos últimos anos, vimos que o Nordeste estava muito seco, o Sul em alguns períodos muito úmido, e o modelo não estava conseguindo refletir essa memória”, disse Chade. A Cpamp analisou, então, usar o histórico de 12 meses nas projeções de futuro, mudando o nome da metodologia para PAR(a). “Isso já deu um impacto nos preços. Ao reproduzirem os preços do passado com a mudança, eles ficaram mais altos”, afirmou Chade.
A segunda alteração é no Vminop, sigla para volume mínimo operativo. Hoje, esse volume mínimo é considerado no Newave para todos os meses do ano. A Cpamp avalia aplicar o volume mínimo também no Decomp, que trata do planejamento no horizonte de curto prazo, nas próximas semanas. “Com isso, o modelo ficou mais restrito, com preços mais altos”, disse Chade.
Além disso, foram elevados os volumes mínimos operativos nas regiões Sudeste/Centro-Oeste, Norte e Nordeste, o que também implica em alta nos preços.
O quarto ponto em estudo se refere ao Cvar, que mede a aversão ao risco. Segundo Chade, a Cpamp avalia aumentar o peso nas afluências mais pessimistas do histórico, mas ainda não se sabe qual será a combinação final de parâmetros, considerando as três medidas apontadas anteriormente.